8.31.2006

HAPPY BLOG DAY!


Enquanto escrevo, é exatamente uma hora da manhã do dia 31 de agosto de 2006. Acabo de encontrar um e-mail do Júnior, dizendo que vai chumbar o Opiniaum no Blog Day. Autorizei de imediato (afinal, o Júnior é gente boa) e depois fui tratar de descobrir o que seria Blog Day.

O Dr. Google, meu detetive preferido, informa-me que o Blog Day é exatamente o dia 31 de agosto e a coisa funciona assim: neste dia, cada blogueiro lista 5 outros blogs, bem diferentes do dele e que acha que merecem ser visitados. Faz um resumo de cada blog e coloca um link para ele, avisando previamente aos outros blogueiros que serão listados, através de e-mail.

Deu pra entender? Ou você, como eu, prefere entender sem dar?

Bem, listar 5 blogs que eu gosto é facílimo. Como eu já disse, todo blogueiro que me dá a honra de frequentar o Opiniaum escreve melhor do que eu; o que, aliás, é uma sorte, porque os comentários ficam ótimos. Difícil mesmo vai ser selecionar só 5. Vejamos o que rola.

1) Frigideira
O Júnior é um cara que escreve sobre tudo: do cão Ozzy e suas (dele, Ozzy) bebedeiras, até política, orkut e guerras internacionais. Sobre tudo, mesmo. E o próprio Júnior tem diversas peculiaridades interessantes; inclusive, é o único perneta com duas pernas que eu conheço. Quer entender? Pergunte a ele. O link tá aí mesmo.

2) Namastê
A Márcia é a minha cronista preferida do cotidiano; transforma qualquer lance em uma história gozadíssima. Tem um estilo claro, direto e agradável e uma tremenda criatividade. É um dos blogs que olho todo dia. O único problema dela são as eventuais crises de preguiça e falta de tempo, que às vezes me fazem esperar quase uma semana por um novo post.

3) Bonequinho de Luxo
Dizem os velhinhos (da minha idade) que todo cara de 21 anos tem lá as suas neuras. Talvez seja verdade; mas, se for, é também verdade que o Cristiano lida muito bem com as dele e as descreve ainda melhor, num estilo próprio, entre o surreal e o bem real. Sem falar no visual do blog, que é fantástico.

4) Segunda
Eu tinha ouvido falar de blog e/ou fotoblog. Mas o Paulinho, que faz questão de ser diferente, criou o ilustrablog. Se você não conhece, vá dar uma espiada. As ilustrações do cara são ótimas!

5) Mundo Símio
Dom Gustavo e Dom Paulo têm um estilo muito particular, que eu acho o maior barato e me faz dar boas risadas, sem qualquer prejuízo da seriedade dos assuntos que abordam. Ah! E ainda gozam da proteção do INRI! É um atrativo diferenciado e santificado.

Bem, esgotei os 5 permitidos. E ainda queria citar um bocado, como a Magui, a Luma o Chinfra, a Cilene e todos os outros linkados na minha página, além de muitos que estão nos comentários anteriores, aqui do Opiniaum. Mas vou indicando de um em um, oportunamente; prometo. Vocês merecem conhecer todos.

Este é o problema de só conhecer blogueiros feras! Mas é um problema muito agradável, devo admitir... :)

8.29.2006

A PONTE DO NADA PRA LUGAR NENHUM


É... como poeta, acho que não agradei. Por outro lado, já sei que fiz alguns amigos na blogosfera. Embora quase ninguém tenha elogiado meu lindo poema do último post, os amigos ficaram preocupados com meu eventual banzo. O que mostra que ainda não estamos insensíveis.

A verdade é que ninguém está livre dos percalços da existência. As merdas e problemas, não precisamos ir comprar no armazém da vida; o destino entrega em domicílio e não cobra taxa extra. Coisa parecida fazem as emissoras de TV, com o horário eleitoral e a maioria dos seus programas, mas isto é outra história; e sempre podemos desligar a TV.

Entretanto, não podemos abaixar a cabeça; principalmente se estivermos na frente da guilhotina. É preciso sacudir a poeira e dar a volta por cima; por baixo, comprovam as pesquisas, dar voltas é sexualmente perigoso.

Adoro esses lugares comuns e frases feitas; aliás, já dizia meu professor de redação que eles são a salvação dos escritores medíocres. Como as vogais são a salvação da música baiana; já imaginou, uma música de axé sem "ááááááá, êêêêêe, ôôôôôôô"? Não ia pra lugar nenhum e perdia metade da "letra", meu rei!

Portanto, hoje vou usar e abusar deles. Digamos que sou uma espécie de Ronaldo Fenômeno dos blogs, voltando a campo sem estar totalmente recuperado; ele nunca está. Aliás, a comparação se torna mais procedente, se considerarmos que, pela primeira vez na vida, estou atingindo os 77 kg e meço apenas 1m75. Tudo bem; quem sabe, assim alguém me chama de "fofinho"? Se bem que, com a sorte que ando, é mais fácil me confundirem com o Fofão!

Hoje, eu pretendia continuar a abordar o tema "violência", mas isto seria uma violência contra mim mesmo; ainda não estou pronto. Por isto, apenas como um aquecimento pré-jogo, resolvi fazer este post, sem falar de nenhum assunto específico; como na piada, "uma ponte do nada pra lugar nenhum".

Assim, este é só para ver se ainda sei manejar a língua e, por favor, poupem-me dos trocadilhos indecorosos; a língua a que me refiro é o idioma. Que isto fique bem claro, principalmente para você, mano Serbon!

Este é o meu post do nada para lugar nenhum. Mas, para que vocês não percam a viagem, dêem uma olhada no blog da Rita. Uma coisa que me orgulha, no Opiniaum, é que os nossos comentaristas escrevem melhor do que eu; mesmo os que não têm blogs, são excelentes redatores. Posso recomendar qualquer um, sem susto.

Como hoje continuo meio poético, recomendo a Rita. Poesia pura.

E bem melhor que a minha!

8.28.2006

DESENCANTO

8.25.2006

PARA PENSAR


O texto e a carta abaixo, não são de minha autoria. Eu os recebi por e-mail, com um pedido de divulgação. E acho que vale a pena divulgar, assim como estão; sem uma palavra minha. Desta vez, não vou dar a minha opiniaum.

Mas espero conhecer a de vocês.
* * *
Esta carta retrata a realidade que estamos vivenciando: uma inversão de valores, que busca transformar as vítimas em criminosos, transformando os criminosos em vítimas da sociedade.

É possível que alguns, realmente, não tenham tido escolha. Mas a maioria, com certeza, a teve. Pense um pouco: como tantos conseguem viver digna e honestamente, longe da marginalidade?

A maioria pode, sim, escolher o caminho a seguir. Uns escolhem o caminho mais fácil e caem na marginalidade; outros ficam com o mais difícil e trabalham para construir uma vida melhor, mesmo com toda a dificuldade de hoje.


A escolha é um direito de cada um e a ele cabe arcar com as conseqüências.

Leiam o texto abaixo e pensem.


DE MÃE PARA MÃE


Eu sou a Maria de Lourdes, não sei se você me conhece. Conheço você de vista, das ruas da favela onde moramos. Às vezes, também, eu via seu filho passar, a caminho de uma boca de fumo que fica duas ruas depois da em que eu moro.

Hoje vi seu enérgico protesto, diante das câmeras de televisão, contra a transferência do seu filho, “menor infrator”, das dependências da FEBEM em São Paulo, para outra dependência da FEBEM, no interior do Estado.

Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes da transferência.

Vi, também, toda a cobertura que a mídia deu para o fato; assim como vi que você e outras mães, na mesma situação, contam com o apoio de comissões, pastorais, órgãos e entidades de defesa de direitos humanos. Achei emocionante a demonstração de solidariedade e amor ao próximo.

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero, inclusive, fazer coro com ele; entendo bem o seu sofrimento. Enorme distância me separa do meu filho! Trabalhando e ganhando pouco, também são muitas as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo.

Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos; preciso labutar, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual; sem ele, não sei como estaria.

Sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou estupidamente num assalto a uma vídeo-locadora, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia, para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e acariciando o seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores no seu humilde túmulo, num cemitério da periferia de São Paulo...

E, mesmo ganhando pouco e sustentando a casa, ainda estarei, como o resto do povo, pagando de novo o colchão que seu querido filho queimou, lá na última rebelião da FEBEM.

Você e seu filho são vítimas. Eu entendo o seu sofrimento.

Espero que você entenda o meu.

8.24.2006

ONDE COLO A ETIQUETA?


Ando pensando seriamente em dar férias pros inimigos, coletivas e definitivas. Não preciso deles, com alguns amigos que eu tenho!

Tá bom, a piada é velha; mas deu pra começar o texto, não foi?

O Júnior me etiquetou, lá no Frigideira. Para quem não sabe, isso quer dizer que preciso falar aqui 5 coisas sobre mim e indicar 5 vítimas, para também se desnudarem em público, nos seus respectivos blogs.

A primeira parte é fácil. Não há muito tempo, recebi uma embaixada parecida, do Serbon. Vamos a ela, portanto. Eis as coisinhas sobre mim:

1) nunca deixo em falta um amigo - tanto, que estou fazendo este post. Espero que os 5 que vou escolher também pensem assim, ou a corrente do Júnior vai pras cucuias!

2) Adoro dar minhas opiniões - tanto, que escolhi este nome para o blog. Mas sei ouvir e respeitar as opiniões alheias; o que não significa, necessariamente, adotá-las, embora isto também possa acontecer. Depende dos argumentos.

3) Deixei de fumar - e, se vocês acham que isto é uma besteira, indigna de figurar nesta lista, é porque não sabem que eu fumava há 43 anos. Caramba, não tá mole!!!

4) Não voto no Lula - isto, quem lê o blog já sabe; e sabe também porquê. O difícil está sendo achar o candidato menos ruim, pra votar.

5) Não acho que o mundo é uma merda - admito que nele existe muita, mas a merda é um bom adubo para as flores. Basta cuidar de nossas atitudes e pensamentos, para que o mundo fique mais belo e cheiroso, pelo menos ao nosso redor.

Como eu disse, essa era a parte mais fácil. Vejamos, agora, os cinco para quem pretendo passar o "pau de bosta", como chamamos aqui na Bahia. Por favor, antes de zangarem comigo, considerem a confiança que me fez indicá-los.

E agora, que já passei a vaselina, lá vai ferro:

1) O Serbon, lógico; assim, devolvo aquela das 5 manias
2) A Rita; acho que vai ficar bem legal
3) A Márcia; quero ver se ela consegue me fazer rir até nesse texto
4) A Palpiteira; casa muito bem, com o estilo direto dela
5) O Cristiano; quero ver se ele vai encarar

A todos, agradeço desde já. E tou começando a achar uma pena que ele só pediu 5. Tem alguns outros amigos e amigas, que eu queria ver entrar nessa fria!

Pelo jeito, também meus amigos podem dar folga pros inimigos...

8.23.2006

DE IDÉIAS, OPINIÕES E FORMAS DE EXPRESSÃO


Eu não sou um blogueiro de longo curso. O Opiniaum ainda vai completar um ano no próximo dia 4 de outubro. Se Deus quiser e os stents agüentarem até lá.

É claro que gosto de blogar, ou não continuaria. Acho que o blog é uma espécie de fórum, onde você coloca a sua opinião e troca idéias sobre ela, através dos comentários; com a vantagem de que só permite a participação de pessoas, no mínimo, alfabetizadas.

Assim, podemos alargar os nossos horizontes. Escrevendo e freqüentando outros blogs, tenho conhecido pessoas interessantes; que, provavelmente, jamais terei a oportunidade de encontrar ao vivo, mas já considero como amigos. Esta, para mim, é a grande vantagem do blog.

Claro, nem sempre as opiniões coincidem. Tenho mantido alguns debates como, por exemplo, com a Vanessa, o Serbon e a Leila; aqui no Opiniaum, ou nos blogs deles. Sem prejuízo do mando de campo, debates educados, em que cada um expõe as suas idéias e analisa as do outro; como deve ser um debate. Isto, acredito, amplia as nossas idéias e reforça a sensação de respeito e amizade mútuos.

Infelizmente, nem todos pensam assim. Há pessoas que encaram uma opinião discordante como uma ofensa pessoal. Que tentam vencer um debate, na blogosfera, xingando e ofendendo; sem apresentar qualquer argumento, apenas querendo impor "no grito" a sua opinião. Como, provavelmente, fazem no mundo real.

Lá, talvez funcione; aqui, com certeza, não. Na Internet não há gritos. Este tipo de atitude apenas demonstra a educação (ou falta de) de quem a adota, a sua falta de argumentos lógicos. A razão não necessita gritar, para se fazer ouvir.

É lógico que não vamos mudar o mundo publicando blogs; nem discutindo entre amigos, em mesas de bar. Entretanto, ao trazermos novos argumentos, lançamos mais luz sobre o assunto; podemos complementar ou até mesmo alterar opiniões. E são as opiniões que fazem o mundo mudar.

O blog é o informativo mais interativo que conheço. Somos formadores de opiniões; para isto, todavia, precisamos ter o direito de expor (educadamente) o que pensamos e ouvir as idéias alheias. Com atenção e com respeito.

Como dizia Voltaire: “Não concordo com o seu pensamento. Entretanto, defenderei até à morte o seu direito de pensar dessa forma”. Não sei se a citação é literal e cabem as aspas; minha cultura não chega a tanto. Mas a idéia, com certeza, é essa.

Respeito às idéias alheias, coerência nas próprias e urbanidade no trato. Tanto no mundo real como no virtual, estas devem ser as bases da convivência.


E, aliás, da própria democracia.

8.22.2006

O DIA DO SACO CHEIO


Acordar cedo. Cerveja quente. Café frio. Burrice alheia. Perder no dominó. Ver jogar a seleção do Parreira. Falta de energia elétrica, quando se mora no décimo quarto andar. Trânsito engarrafado. Falta de dinheiro. Bebê chorando. Alguém que chega, quando a gente vai dar uns amassos. Água que falta, quando o cabelo está cheio de shampoo. Menstruação de noiva, em lua de mel.

A cara de chuchu, do Alckmin. A cara de Antonio Conselheiro, de Heloísa Helena. A cara de Sassá Mutema, do Lula. A cara de beato, do Cristovam Buarque. A careca do Serra. As sobrancelhas do Lembo. A peruice da Marta. O mensalão. O surubão. A máfia das ambulâncias. A corrupção. As CPIs que só dão em pizza e uma eventual rumbeira.

As viagens do Fernandinho Beiramar. A tranqüilidade do Marcola, que encontra tempo para ler 3.000 livros. Presídios que deveriam impedir os presos de sair e nem conseguem impedir celulares de entrar. Advogados que levam recados criminosos. A manutenção de cada preso custa R$ 1.200,00 mensais; o salário mínimo pretende que um trabalhador sustente a família com R$ 350,00.

A população virou refém dos criminosos, que param a maior cidade do país quando bem entendem. O governo negocia com chefes de quadrilha, para parar ataques; o exército idem, para recuperar armas roubadas. Trabalhadores vêem a Copa na TV do vizinho, criminosos em aparelhos de plasma.

A insensibilidade aumenta. Cada vez mais, pessoas mortas se transformam em dados estatísticos; seja no trânsito, de AIDS, em tsunamis, furacões, ou em foguetes e bombas de guerras; idiotas, como todas as guerras. Ninguém tenta ajudar a vítima da violência; antes se alegra, por não ter sido o escolhido.

O ensino público está falido. E o governo nem tenta recuperá-lo; acha mais fácil criar o sistema de cotas, uma cerca no meio da lagoa. A previdência está falida, os aposentados não podem ter aumento; têm que apertar ainda mais o cinto, para que os burocratas e políticos possam continuar a encher os bolsos.

As eleições vêm aí. E não vejo ninguém falar com entusiasmo, defender o próprio candidato, dizer que acredita nele. Ao contrário: cada um ataca os outros candidatos. É o nivelamento por baixo. Vamos votar em alguém, não porque seja melhor, mas por ser menos pior. É a vitória do rouba, mas faz.

Por estas e outras coisas, foi muito fácil atender ao convite da Luma e participar desta blogagem coletiva, que elegeu 22 de agosto como O Dia do Saco Cheio. A verdade é que todos nós estamos de saco cheio. E temos muitos motivos para isto.

Algo está errado. E muito. Eu iria embora pra Pasárgada, mas se nem o Bandeira conseguiu, quanto mais eu! O jeito é ficar por aqui. E procurar as maneiras possíveis, para combater o stress.

Afinal, ninguém é de ferro!...


Convenhamos: assim, não tem saco cheio que resista!

8.19.2006

ACREDITEM! É REAL!!!


Já nem lembro o ano; o nome do jornal eu lembro, mas prefiro não falar. Foi onde travei conhecimento com o corre-corre, a fofoca e a ciumeira das redações, onde imperavam o telex e o teletipo; nada de internet.

Pasmem os mais novos, mas também não havia Pagemaker ou outro programa de editoração. O jornal era diagramado na mão, na régua e na calculadora; as notícias digitadas, revisadas, cortadas e montadas com cola sobre o papel, para que fossem feitos o fotolito e a chapa de impressão.

Bons tempos, apesar da trabalheira! As bobinas enormes, de papel macarrão, importadas do Canadá, que só eram movidas por empilhadeiras, devido ao peso descomunal. A rotativa gigantesca, que fazia tremer o prédio como se um trem por ali passasse, e invadia as nossas narinas com o cheiro ativo de tinta. Na época, um cheiro horrível; hoje, cheiro de saudade.

Mas esqueçam a minha saudade. Depois, falo mais sobre essa época de jornalismo romântico. Hoje, quero contar um lance que aconteceu naqueles tempos; um lance tão engraçado, que até parece história da Márcia. Mas aconteceu. E até hoje guardo o jornal, para provar.

A Chevrolet havia lançado o Ômega, para substituir o Opala, alguém se lembra dele? E estava empenhada em uma campanha publicitária, de caráter nacional, cujo mote era a eleição do Omega como “carro do ano”, alguém também se lembra disto?

Foi acertado, então, que na primeira página dos principais jornais do Brasil sairia uma chamada especial: a foto do Ômega, colorida, sob uma grande manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO ANO!”.

Apenas para que vocês tenham uma idéia dos valores envolvidos: naquele tempo o jornal era em preto e branco. Pelo menos aqui na Bahia, a impressão em cores ainda engatinhava, e o seu custo era cerca de 4 vezes maior que em preto e branco. Pois a Chevrolet estava bancando todas essas despesas. Uma grana!

Graças a Deus, não participei de nada disso; tudo ficou a cargo do Departamento Comercial. A chamada foi publicada na primeira página do jornal, na quarta-feira, nosso dia de maior circulação.

Logo no início da manhã, o Editor Chefe recebeu a primeira ligação telefônica. Sem conseguir acreditar, mandou buscar um exemplar. E lá, na primeira página, sobre a linda foto colorida, de quase meia página, que se destacava ainda mais no preto-e-branco rotineiro, estava a manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO CORNO!”. Em letras garrafais.

Nunca se conseguiu saber o que (talvez literalmente) estava na cabeça do digitador, do revisor e do montador; não foi provado o ato falho. Mas os três perderam o emprego, no mesmo dia.

E nunca uma edição foi retirada das bancas com tanta rapidez!...


Sobre a foto, eu explico: tava procurando uma no Google, pra ilustrar a matéria, e achei esta. Como o post fala de cornos e publicidade, e além disto combina com o título...

8.18.2006

LENDA URBANA?


Já publiquei, aqui, um post sobre a escalada da insensibilidade.

Mas eu me referia a uma insensibilidade mais light, mais cool, se é que isso existe: a nossa indiferença diante de notícias, que dão conta da morte de centenas e até milhares de seres humanos, como se essas pessoas fossem apenas números.

Agora, acho que a coisa pode ser muito pior do que eu pensava! Li, ontem, no blog da Luma, que um rapaz de 16 anos divulgou, durante um mês, o seu suicídio, em um chat de bate-papo, marcando data e horário e pedindo a ajuda dos participantes do chat, para se matar. E eles ajudaram! O garoto morreu.

Já acho um absurdo que se façam guerras; que se matem pessoas em nome de conceitos cada vez mais abstratos, como de pátria, de raça ou de religião, que a globalização nos oferece a chance de trocar pelo título, bem mais humano, de cidadãos do mundo; de um mundo melhor e mais unido.

Inegavelmente, estamos endurecendo e perdendo a ternura; de nada adiantou o aviso de Guevara. Mas deve haver um limite. E, considerando que um site de bate-papo costuma contar com diversos participantes, uma pergunta insiste em martelar na minha mente.

Na postagem, a Luma discorre sobre os aspectos psicológicos do caso, abordando o perigo da melancolia, que pode ter motivado o gesto do jovem. Mas o que eu quero saber é: que pessoas incentivariam e ajudariam no suicídio de um garoto de 16 anos? Que filhos-das-putas fariam isso? Assim mesmo, com traço de união e tudo, porque esses são os legítimos, na pior acepção do termo.

Eu me recuso a acreditar nisso. Prefiro pensar que é mais uma lenda urbana, como tantas outras que cercam a Internet. Não acredito que já chegamos a esse ponto de insensibilidade e estupidez.

Não acredito que estamos renunciando à nossa humanidade. Ou, talvez, a coisa seja ainda pior.

Porque nunca vi um animal ajudar outro a se suicidar!

8.16.2006

DE AUTORES E PERSONAGENS


Não faz muito tempo, o Serbon publicou um conto legal, narrando as aventuras e desventuras de personagens, e como estão sujeitos aos caprichos do autor,

Aparentemente, para os seus personagens, o autor é como Deus: é ele quem lhes dá e tira amores, dinheiro, saúde e a própria vida. Os personagens estão inteiramente sujeitos ao autor, certo?

Errado. E quem escreve sabe disto. Não são poucas as vezes em que o personagem ganha vida própria, extrapola os desejos iniciais do autor e determina ele mesmo o seu destino. Ou, pelo menos, o modifica. O personagem influencia o autor.

Isto aconteceu comigo, em relação ao Kazu do post anterior. Ainda me lembro que acordei com o que chamo de “banzo”: uma nostalgia vaga, uma tristeza imprecisa. Era uma manhã de domingo, cedo ainda, e todos dormiam; fui para o computador, sem qualquer idéia preconcebida, e surgiu o conto; brotou o personagem.

Estranho como interagimos, à medida que eu escrevia. Entendi as suas dores, a sua solidão, a mesmice de cada amanhecer, o vazio de cada momento; a pequena ilha de sonhos onde se refugiava, para suportar a vida.

Percebi, no seu carinho pelas crianças, a saudade dos filhos que dele se afastaram, à medida que cresciam. E, mais do que isto, a saudade do amor que um dia existira em sua vida. Ao transformar os sons alegres em ecos distantes, o tempo nos deixa o mais triste dos silêncios.

Então, descobri que ele gostaria de morrer assim; no palco, entre os aplausos das crianças que amava. Morreria como Kazu, o personagem, o poderoso mago, capaz até de fazer existir a felicidade; não como Roberval, o homem derrotado pela solidão da vida.

Atendi ao seu mudo pedido. Deixei-o morrer como Kazu, para que não atravessasse a eternidade como Roberval; acho que ele não suportaria. Mas, enquanto escrevia o final, percebi que lágrimas rolavam por meu rosto. Ridículo? Talvez; mas é a pura verdade. Acho que Roberval me transferiu a sua tristeza, para que Kazu não renascesse maculado por ela.

Nessa hora, meu filho mais moço entrou no gabinete. E, lógico, estranhou as inusitadas lágrimas domingueiras. Preocupado, fez a pergunta natural:

- Que foi, pai?!

- Nada, filho; algo que estou escrevendo aqui.

Ele não disse mais nada. Mas, enquanto o abraçava, quase pude ler em seus olhos:

- Meu pai pirou!...

8.14.2006

O GRANDE KAZU

Gasta e maltratada, a cortina se abre. O velho atira a bomba de fumaça (uma das últimas, não pode se esquecer disto!) e caminha, na névoa colorida, para o centro do palco, entre os aplausos e assovios da meninada.

Cabelos e barbas brancos, vestindo uma túnica larga, o tradicional chapéu pontudo na cabeça, parece realmente um mago. É fácil alimentar os sonhos da criança; difícil, é manter os sonhos do adulto.

Do acanhado palco, os olhos do velho se deleitam com o entusiasmo das crianças; em algum lugar de sua mente, ele vê em cada uma o rosto de um dos seus filhos, brilhando na inocência de outrora, que a vida já levou.

É hora de convidar um dos pequenos, para subir ao palco; momentos de sonho e felicidade, que perdurarão em sua memória. O brilho dos refletores, o velho misterioso e imponente, o encanto da magia e a sensação de ter sido escolhido entre todos. Como é intensa e frágil a felicidade de uma criança!

Os olhinhos brilham; a menina, magra e mal vestida, segura o lenço de papel, para um novo truque. O grande Kazu repete os movimentos automaticamente, com a segurança da prática de anos.

Desde que Roberval Santos, funcionário público, se aposentara. Os filhos casados, a aposentadoria pequena, a mulher viva apenas em sua memória, mora sozinho, em acanhado apartamento da periferia. Respira as lembranças, sobrevive da saudade e sonha apenas sob a túnica gasta, quando empresta a sua pobre vida ao magnífico personagem que é o grande Kazu!

A grande imagem de papelão, que o reproduz em sua roupa mágica, então ainda nova, foi presente de um dos filhos. Ele faz questão de pendurá-la pessoalmente sobre o palco, antes de cada show; é a representação dos seus sonhos, um laço mágico que o liga à platéia.

Os aplausos e o entusiasmo das crianças o mantêm vivo. Gasta boa parte da aposentadoria minguada em artefatos de mágica, para os shows grátis que realiza em teatrinhos de segunda, alegrando as crianças pobres das escolas públicas É o custo que paga, para viver nos sonhos infantis. Quem saberia dizer quanto vale uma ilusão?

A menina corre para o velho. O grande Kazu se abaixa, acaricia o rostinho brilhante, oferece o rosto barbudo, para um beijo de admiração e amor. Ela desce do palco, levando nas mãos a rosa de papel que resultara do truque. Mais uma despesa, a compra de uma nova rosa; mas aquela flor barata ficará guardada no casebre humilde, entre as poucas roupas, transformada na materialização do sonho de uma tarde mágica.

O espetáculo continua; restam poucos truques a fazer, o material é muito pouco e diminui a cada dia. É com uma tristeza resignada que o velho vê o tempo passar, levando o grande Kazu: cada minuto que se vai afasta mais o sonho; traz de volta a realidade do quarto pequeno, que divide com uma solidão enorme.

O último número, o grand finale: a água derramada em uma caixa de papelão, que some misteriosamente, sem que uma única gota molhe a caixa; como somem os nossos momentos, tristes e felizes, sem que nada tenhamos aprendido com eles, a não ser que a saudade existe e os conservará vivos para sempre, em nossas recordações.

O grande Kazu mostra a caixa vazia e ergue a mão, com a jarra cheia de água. Começa a entornar a jarra; faz-se um silêncio dramático, quase palpável, denso como a expectativa das crianças. Aos poucos a água vai diminuindo, caindo no saco oculto sem molhar a caixa; como as nossas esperanças caem, gota a gota, no saco das desilusões.

Agora, ele mostra a jarra vazia e a caixa enxuta. Uma nova bomba de fumaça é jogada, e a névoa colorida envolve a imagem imponente do grande Kazu; a cortina se fecha, entre os aplausos entusiasmados e vibrantes.

A dor lacerante no peito; como a queimadura de um fogo sagrado, que se espalha por um segundo infinito. Os joelhos se dobram, as mãos se abrem convulsivamente; a jarra e a caixa caem, seguidas pelo corpo do velho e pelo saco cheio de água, que começa a se derramar pelo chão. Do outro lado da cortina, as crianças continuam a gritar, entusiasmadas; o pano gasto oculta a presença da morte, que veio ao fim do show, como se também quisesse aplaudir o grande mago.

Agora, a dor passou. Uma paz infinita o envolve, cancelando as lembranças, apagando as saudades, afastando a solidão; parando o tempo, ao eliminar a vida. Com um suspiro, quase de alívio, o velho morre.

Acima do palco, mais imponente do que nunca, a imagem do Grande Kazu parece flutuar, livre das cordas que a prendem, pronta para elevar-se ao céu.

Viva para sempre, no imaginário das crianças...

8.13.2006

ALÔ, PAI!


Eu não ia fazer esta postagem hoje. Porque acredito que é um dia de alegria, não de saudade.

Mas entendi que a saudade não é, necessariamente, tristeza. Pode ser a alegria das lembranças. Porque não sentimos saudade senão daqueles que amamos.

Assim, deixem-me curtir a lembrança de um jogo de damas; ou de um momento na praia, ou apenas de um instante de silêncio a dois.

Enquanto ele esteve por aqui, talvez jamais eu o tenha entendido muito bem. É aquela história do conflito de gerações. Mas a verdade é que me sentia bem ao seu lado. E gostava de estar com ele.

Isto é o que posso dizer. E espero que meus filhos, que hoje enchem a casa de alegria e comemorações pelo Dia dos Pais, amanhã possam dizer a mesma coisa de mim. Que a minha lembrança é uma fonte de alegria.

E de saudade.

8.10.2006

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS?


Acabei de assistir à entrevista do Lula. E estou decepcionado.

Não com ele, que a gente já conhece; já sabe o que pode esperar. Mas com o casal do Jornal Nacional. Eles, que têm arguído ferozmente os outros candidatos, se transformaram em dóceis interlocutores, a ouvir o Lula entre afirmativos acenos de cabeça, como se endossando as suas palavras.

Cheiro de algo errado no ar, logo no início. Porque os outros candidatos tiveram que ir ao estúdio da Globo, e o Lula foi gravado no Palácio? Bem sabe quem já fez entrevista, do nervosismo que acomete os novatos no estúdio. Por que a mudança no mando de campo, que só favoreceu o entrevistado?

Onde as perguntas rudes, grosseiras, sanguinárias mesmo, feitas a Heloísa e Buarque? Perguntas tíbias, feitas meio que a medo, sempre tendo como foco outros políticos e o partido, jamais o próprio Lula. Acusações a Delúbio, Dirceu e Palocci, mas nenhuma ao presidente; como assentindo, tacitamente, que o chefe de nada sabia.

Aliás, esta foi a parte mais engraçada da entrevista; não por parte dos apresentadores, mas do próprio Lula. Era de se ver a sua candidez, ao perguntar: "Quantas vezes existe um problema, em uma família, e o pai ou a mãe são os últimos a saber?". Realmente, todos sabemos que isto acontece; e acontece tanto, que até virou piada. É a teoria do corno.

Mas estamos falando de um chifrudo doméstico, ou do chefe de uma nação, que deveria saber (e provavelmente sabia) o que faziam os seus ministros? Foi incompetência ou corrrupção do Lula? A pergunta continua no ar; William e Fátima nada fizeram para que fosse respondida. Nem esta, nem muitas outras importantes.

Onde, também, as interrupções grosseiras e impiedosas, que quase não deixaram falar o Buarque? A Heloísa falou, porque fingia não ouvir as tentativas constantes de apartes; já o Buarque caiu na armadilha. Com o Lula, não houve nada disto; esperava-se que ele acabasse de falar, para lançar um novo tópico.

Onde, as caras fechadas e agressivas? Com os outros candidatos, os apresentadores mais pareciam delegados, em pleno interrogatório de suspeitos. Desta vez, mais lembravam um simpático casal de jovens, perguntando embevecidos ao pediatra sobre o filhinho recém-nascido.
Infelizmente, não vi a entrevista do Alckmin. Tanto a da Heloísa como a do Buarque me pareceram hostis, com os apresentadores tentando confundir os candidatos; um verdadeiro vale-tudo. Já a apresentação do Lula me pareceu amena, morna; como se até as perguntas tivessem sido previamente combinadas. Quem já entrevistou, sabe do que falo.

Claro, é possível que eu esteja errado. Mas me ficou uma impressão de falsidade. Como se estivéssemos assistindo a mais um espetáculo montado no picadeiro da política; neste circo sórdido, que pode disfarçar corruptos em salvadores da pátria.

Ou transformar perdigueiros em vira-latas...

Como de costume, peguei a ilustração na Internet. Esta, no site Toca do Morcego.

UPGRADE: Vale a pena, também, ver o que a Vanessa falou sobre o assunto.

8.09.2006

EU NÃO ACREDITO!


Pelas notícias que vejo, o Judiciário pretende colocar nas ruas de São Paulo, de 11 a 14 de agosto, os presos que se encontram em regime semi-aberto, para que possam passar em suas casas o Dia dos Pais.

Isto, depois da onda de atentados deflagrados durante a mais recente liberação da espécie; depois das vidas que se perderam e das inéditas imagens das ruas paulistanas vazias, até que Marcola e seus colegas ganhassem o direito de asssistir à Copa do Mundo em TVs de plasma, que até hoje não se sabe quem pagou.

Isto, depois dos atentados dos últimos dias; se não me engano, li no UOL que foram cerca de 150 os alvos atacados pelos bandidos. Também se não me engano, foi o UOL a noticiar que cerca de 11.000 presos serão beneficiados pela provisória liberdade; o número exato deverá ser confirmado amanhã (10 de agosto, quinta-feira).

Eu não moro em São Paulo, mas tenho amigos que moram; inclusive, alguns dos que me honram com a leitura deste blog. Sou daqueles que se preocupam com os amigos e tomam as suas dores.

É por isto que não acredito. E sugiro aos meus amigos que não vão a teatros, cinemas, restaurantes ou parques; não vão a lugar algum, para festejar a data. Passem o Dia dos Pais trancados em casa, com seus filhos, enquanto os criminosos passeiam pelas ruas.

Afinal, eles têm Direitos Humanos!

8.08.2006

A HELOISA, O LULA E SEUS AMIGOS


Ano de eleição é dose. E olhem que escrevo "dose", em consideração às nossas simpáticas e educadas leitoras. Pensei, originalmente, em outra palavra de 4 letras.

Bastou a Heloísa Helena subir uns pontinhos nas pesquisas, para começarem a desenterrar os podres. E olha que nem a senadora tem chances, nem os podres são dela. Foram buscar o passado do Achille Lollo, fundador do PSOL e fugitivo da Itália,onde teria cometido um assassinato por motivos políticos; praticamente um ato de terrorismo. Ele nega, é claro.

Primeiro, deixem-me registrar que eu não votaria na Heloísa Helena, a não ser como uma forma de registrar meu protesto contra os governos atual e passado (leia-se FHC). Não acho que ela tenha condições de governar o país; acho, como já disse aqui, que a Heloísa é o que o Lula já foi. Pior, porque muito mais radical.

Também não aprovo que se mate alguém, e muito menos o terrorismo. Assim, é óbvio que o senhor Lollo não tem a menor migalha da minha simpatia. Sugiro, mesmo, que o mandemos de volta à Itália; extremistas, aqui, já temos demais. O que não temos é políticos sérios e competentes.

Agora, acho uma verdadeira pobreza usar isto contra a candidata Heloísa Helena. Uma pobreza típica de campanha eleitoral no Brasil. Não precisa! Diga-se que ela fala demais e tem experiência de menos; diga-se que não fundamenta bem as suas propostas, não apresenta a base do seu plano de governo. Aliás, até nisto se parece com o Lula, que prometeu criar milhões de empregos, não disse como e acabou reduzindo alguns milhares.

Mostre-se as deficiências do candidato: até aí eu posso entender. Mas, para derrubar uma candidata fraca como Heloísa Helena, é preciso buscar os podres daqueles que a acompanham? Tenham dó!

Se a moda pega, o Lula está ferrado! Vejam alguns nomes: Genoíno, Delúbio, Silvinho, Zé Dirceu, Duda Mendonça e Pallocci. Uma verdadeira quadrilha, formada por amigos do peito; fato reconhecido pelo próprio Lula, que até os chamou de "irmãos".

Aliás, se a moda pega, acho que acabaríamos votando em Judas Iscaríotes. Afinal, ele foi companheiro de Jesus Cristo, não é? Que amizade poderia recomendar melhor uma pessoa?

E agora, como ficamos? Para ser sincero, eu não gostaria de escolher nenhum dos dois. Mas prefiro um presidente que tenha amigo assassino, a outro que tenha amigos ladrões. Porque é lógico que não vão matar a granel a população do Brasil.

Já roubar, é outra história...

Podem acreditar: é a Heloísa Helena, sim. Esta foto saiu na Cláudia e eu peguei da Internet. Muito zen, não é?

8.05.2006

INSENSIBILIDADE


Este é um tema que passeia na minha cabeça, há algum tempo; mas assim de forma vaga, nebulosa. Sabe quando você sente que precisa fazer alguma coisa... mas não sabe bem o que? Pois é. Era assim.

Hoje, dei uma passada no blog do Júnior e li o post que ele fez, sobre as pessoas que se comovem com a guerra no Líbano... e ignoram a mortalidade infantil aqui no nosso Nordeste. Aí, o quadro se delineou na minha mente.

Insensibilidade. Esta é a palavra; e a chave é transformar pessoas em números.

Explico: entre uma mordida e outra no sanduíche, a gente lê que 15.000 pessoas morrem de ataque cardíaco, em todo o mundo. E nada sente; por que não são pessoas, mas números. Aí, o Bussunda morre; e a gente fica triste. Porque não é um número, mas uma pessoa. Pior ainda, se for um parente ou outra pessoa querida.

A gente lê que 280.000 pessoas perderam a vida no tsunami de 2004; ou, ainda, que 2.800 famílias ficaram desabrigadas com as chuvas, na cidade tal. E as vítimas se transfiguram em meras estatísticas. Nada sentimos. Nem uma lágrima rola de nossos olhos. Porque não são pessoas que vemos, mas números.

Entretanto, choramos ao assistir um filme. Porque, embora saibamos que os atores apenas representam, nós os vemos como os personagens; como pessoas. Por isto, sentimos as suas dores.

Complicado? Talvez. É possível também que, diante de tantas misérias que ocorrem diariamente, tenhamos desenvolvido a insensibilidade como uma espécie de autodefesa. Só as nossas próprias dores atravessam o escudo; ou nós mesmos o abaixamos, quando queremos. Por exemplo, quando vamos ao cinema.

Com a globalização, temos acesso às tragédias mundiais; talvez por isto, apenas reagimos às domésticas. É muita dor para suportarmos. Só mesmo a Carolina para, em seus olhos fundos, guardar todas as dores do mundo; e a Carolina é apenas uma personagem do Chico.

Talvez o nosso egoísmo tenha aumentado. E por isto reservemos a nossa compaixão para as nossas próprias tragédias, aqui incluídas as daqueles que amamos. Sentir as dores da pessoa amada talvez seja a forma mais refinada do egoísmo.

Seja lá porque for, a verdade é que a insensibilidade aumenta a cada dia. E precisamos combatê-la; não podemos permitir que nossos corações vejam pessoas como se fossem números.

Ou também deixaremos de ser pessoas. E nos tornaremos máquinas de contabilizar números...

8.03.2006

UMA NOVA CONSTITUINTE?



Ontem, no Jornal Nacional, vi uma notícia que me arrepiou os cabelos. Não apenas os da cabeça, que se convencionou de bom-tom arrepiar; não, senhores e senhoras; o susto foi tamanho, que ouriçou todos os capilares do meu metro e setenta e cinco.

Explico: uma comissão de juristas sugeriu ao Lula Lelé a convocação de uma Assembléia Constituinte, para fazer a reforma Política. E o mentecapto gostou da idéia!

Se não me falha a (gasta) memória, a última Constituinte foi convocada para a mudança da Constituição e só o anteprojeto custou ao Brasil mais de dois bilhões de reais. Eu disse: só o anteprojeto!

Para produzir, diga-se de passagem, pérolas legais que, entre outras genialidades, tornaram proscritos o baiano sarapatel e a brasileiríssima galinha ao molho pardo, uma vez que o texto originalmente aprovado dizia: “É proibido o comércio de sangue, sob todas as suas formas”; pois é, esqueceram a palavrinha “humano”. Depois, consertaram essa e outras mancadas. Mas a verdade é que o custo foi altíssimo, para quase nenhum benefício.

Outro aspecto interessante do caso, é que temos 513 deputados no Congresso e cada um custa ao país cerca de R$ 90.000,00 mensais; ou custava, no ano passado. Este é o custo legal, sem mensalão, surubão, ambulâncias e outras negociatas. É o que nós, brasileiros, pagamos a cada um deles, por cima dos panos, todo mês.

Que me perdoem as finas senhoras, que nos honram com a sua atenta leitura, mas aqui preciso perguntar em bom português: Porra! Será que esses vagabundos não podem, ao menos, votar essa reforma?

É preciso fazer uma nova sangria no bolso do povo, gastar mais não sei quantos bilhões, sustentar mais uma corja de políticos, para mudar as regras do jogo sujo do poder? Para fazer novas regras, que eles mesmos vão burlar em breve?

Absurdo, não é? Mas não duvido nada. Como os políticos que elegemos não defendem o interesse público, mas sim os próprios interesses, é bem possível que a idéia passe.

E um novo desperdício virá juntar-se ao rombo da previdência, à indústria da seca no Nordeste, ao asfalto de merda que foi jogado nas estradas; ao Fome Zero, morto no nascedouro. Teremos mais parlamentares, ou seja: mais mensaleiros, mais sanguessugas, mais corrupção. Um novo ralo será aberto, para escoar o nosso dinheiro.

O pior é que nada podemos fazer. A não ser, talvez, lembrar de todos estes fatos, nas próximas eleições...

8.02.2006

OPINIAUM, ACIMA DE TUDO!!!


No começo, era o caos. Ou melhor: era o AZ3. Que, apesar de bons textos e excelente design, enfrentava um sério problema: a sua periodicidade era, digamos, um tanto sazonal. Tão inconstante, que às vezes chegava até a sair no dia certo; raras vezes, é verdade, mas acontecia.

Vai daí, Paulinho fechou as portas do AZ3. E, provavelmente para evitar problemas de consciência, ofereceu-se para fazer o meu blog. Afinal, ele sabe que eu falo demais e conheço informática de menos; sem o AZ3, eu ficaria no mato sem cachorro, ou melhor, no mundo sem palavras. O que, no meu caso, vem dar no mesmo.

Assim nasceu o Opiniaum. E eu comecei a fazer as postagens e a trabalhar com o programa do blogger. Aqui, mais uma vez, tive a ajuda de Paulinho: como ele não dispunha de tempo para ilustrar, eu tive que aprender como fazer. E aprendi; mal, mas aprendi. Já dizem os chineses: não dê o peixe, ou o preguiçoso nunca aprende a pescar! Pode até não ser bem assim, mas é algo parecido.

Aos poucos, os leitores foram aparecendo. Ainda me lembro que Dom Gustavo trouxe um ônibus (tá bom, uma perua) lá do querido Mundo Símio, dobrando a nossa audiência inicial. Graças a Deus, fomos conhecendo vocês e formou-se este grupo de amigos que hoje somos e aumenta a cada dia.

Como sempre digo, temos aqui uma excelente visitação; talvez não em termos de quantidade, mas, com certeza, de qualidade! Os comentários de vocês são a melhor parte do blog, e é por isto que ele continua a crescer. Tudo bem, tem a Serena, mas toda regra precisa de uma exceção que a confirme!

Não é ataque de saudosismo. Acontece que, hoje, lancei o Esfiha Pirada; como, aliás, todo mundo já sabe! A inauguração está sendo bem concorrida; agradeço a vocês e espero que tenham gostado. O objetivo é fazer um espaço de puro besteirol, com notícias que nada nos acrescentem, mas nos divirtam bastante.

O Esfiha é apenas uma experiência e talvez, no futuro, volte para o Opiniaum, como já palpitou a nossa Palpiteira, cujos palpites levamos em alta conta; exatamente por termos idéia do nível de nossos leitores, valorizamos as suas opiniões. Este intercâmbio nos enriquece.

E é exatamente por isto, que quero deixar bem claro: o Opiniaum continuará como sempre; pelo menos, enquanto vocês estiverem conosco. Porque são vocês que fazem este espaço valer a pena.

Este é o nosso ponto de encontro. É aqui que vamos continuar a trocar as nossas idéias. E aproveitar o link, pra dar uma passsadinha no Esfiha... :)

Esse aí da ilustração, sou eu.. ao menos, no (excelente) traço de Paulinho!