8.08.2009

DIA DOS PAIS

De meu pai, lembro do riso aberto e do jeito de menino. Da sangria de vinho com água e açúcar, do bandolim a tocar canções lusitanas; do seu cuidado com os discos, fossem 78 rpm ou de vinil, novidade na época. Lembro das bacalhoadas, a casa cheia de amigos, o dominó e o jogo de damas.

Com a separação dele, paradoxalmente, uma proximidade maior. As novas mulheres, uma camaradagem mais franca, uma relação mais adulta. Nos últimos anos, eu o conhecia melhor.

Hoje, sou pai. Sei que cada um de meus filhos é uma parte de mim, que eles sempre estarão em mim. E percebo que nunca foi preciso entendê-lo, afinal.

Porque ele ainda está em mim. Nas minhas lembranças.

Na minha saudade.

8.01.2009

FAXINANDO A CASA

Às vezes, a criatura se torna maior que o criador.

Algo que começou como passatempo se torna uma espécie de obrigação. Por exemplo: o baba da terça, onde você não consegue mais deixar de ir; a cervejinha da sexta, no bar da esquina, que vira quase uma obrigação.
É como acontece com as mulheres, que deixam de sair de casa, para não perder o capítulo da novela; ou como o filho, que você não consegue levar para a praia porque ele tem que assistir o Goku (ô nomezinho cretino!). É mais ou menos por aí.

Isto aconteceu com o Opiniaum: eu já via como obrigação a postagem semanal, as visitas a blogs, a resposta aos comentários. Era bom, sim, mas começava a consumir tempo: e, quando as campanhas políticas esquentaram, deixei de dispor deste tempo.

Resultado: deixei o blog, há quase dois anos. E, mesmo depois das eleições, não me inclinei a voltar. Até porque estou lutando com a balança, o que me consome duas horas diárias em caminhada; todo dia, acreditem. E, infelizmente, não tem adiantado muita coisa.
Acontece que sinto falta. Dos amigos que fiz na blogosfera e, de vez em quando, de escrever. Por isto, estou voltando: devagar e em outras bases. Para postar ocasionalmente, quando algo me inspirar; ou revoltar, o que é bem mais comum.

O primeiro passo foi uma faxina na casa, claro. Até porque muitos amigos que eu havia lincado também já desativaram os blogs, ou deixaram de escrever; e não faz sentido dar endereço de quem já não mora nele, né? Conservei apenas os links dos blogs que estão atualizados.

Estou de volta. Sem postagens periódicas, sem visitas assíduas e quase sem links. Apenas para escrever de vez em quando, sem preocupações de ser lido. Escrever pelo prazer de escrever.

Como deve ser, não é?
A ilustração? Não, não é o pessoal que ajudou na faxina...
infelizmente!