1.08.2023

PATRIOTAS OU TERRORISTAS?

 


Assistindo, pela TV, as cenas dantescas de hoje, em Brasília.

Sinceramente: não me surpreendo. Este quadro já se vinha desenhando há algum tempo; é como aquela famosa obra de Garcia Marquez: “Crônica de uma Morte Anunciada”.

A sensação que tenho? Revolta; como, acredito, qualquer cidadão de bem. Mas, ao mesmo tempo, um pouco de alívio. Como o que se sente, ao ver que a tempestade passou e a casa continua íntegra.

No meu modo de ver, hoje assistimos a um ato de desespero; alguma coisa como a queima de um último cartucho. E, em minha opinião, o queimaram cedo demais.

Os prejuízos poderiam ter sido bem maiores, se mais tempo se houvesse passado. Ou se Bolsonaro não fosse o covarde que é, e houvesse retornado dos Estados Unidos, para assumir de fato o comando do golpe que vem coordenando.

Porque, convenhamos, alguém acredita que tudo isso de hoje foi combinado por pessoas aleatórias, através de grupos de WhatsApp? O que assistimos foi uma ação muito bem coordenada e – é preciso reconhecer – contando com a conivência da segurança do DF; e, possivelmente, de outros órgãos.

A mim, parece claro que, por trás de tudo isso, existe uma coordenação nacional, bem executada e bem suprida de dinheiro. Tudo bem, os bolsominions podem esbravejar e dizer que foi obra de “patriotas”; cada um acredita no que quer.

Mas – e este é o ponto – existe alguma chance de chamar de patriotismo o que assistimos hoje? Criminosos vestidos de verde e amarelo, enrolados em bandeiras, depredando o patrimônio da nação? Com certeza, isso não é patriotismo; podemos chamar, no mínimo, de vandalismo. Ou até terrorismo.

Então, como eu dizia, sinto até um pouco de alívio. Agora, as peças estão bem dispostas no tabuleiro; ou, se você prefere pôquer, as cartas já foram abertas sobre a mesa. Cada um já mostrou o jogo, e os resultados não devem demorar a aparecer.

As máscaras caem. Já vemos que os ditos “patriotas” estão mais para terroristas, que querem impor a sua vontade sobre a vontade da maioria. Já vemos que estão organizados e bem financiados; ou não poderiam armar um esquema desses e colocar quase 100 ônibus em Brasília. É muita logística, para um ato aleatório ou espontâneo.

A pergunta natural é: o que vai acontecer agora? Confio em que o governo eleito tenha lucidez suficiente, para aproveitar o alerta e colocar o veículo nos trilhos. Para expurgar de seus quadros aqueles que não mereçam estar neles, por deslealdade ou interesse financeiro.

Mais uma vez, os bolsominions copiam Trump: o que assistimos, hoje, foi a reprise daquela palhaçada de invasão do Capitólio. A diferença é que, lá, os órgãos públicos souberam intervir e colocar os vândalos no seu devido lugar. Aqui, como sempre, as coisas não foram bem assim; a reação demorou mais um pouco.

Mas vejo, no episódio, um lado positivo: acabou a “guerra fria”. As máscaras caíram. Agora, já sabemos quem é quem. Entre patriotas ou terroristas.  

Você, de que lado está?