1.20.2023

O QUE O EXÉRCITO TEM A VER COM ISSO?

 


Confesso que cada vez entendo menos.

Lula teve 60.345.999 votos; Bolsonaro somou 58.206.354; portanto, Lula venceu as eleições com uma diferença de quase dois milhões de votos.

Desde 1996; há 26 anos, portanto, o Brasil utiliza urnas eletrônicas. Desde 1989, Bolsonaro vem ocupando cargos eletivos, sendo Deputado Federal desde 1990. Ou seja: há 26 anos, vem sendo eleito nas urnas eletrônicas.

Tou certo até aí? Dê uma passada rápida no Google e confira. Hoje em dia, tá moleza fazer uma pesquisa; confesso que não sinto saudades da Barsa. Mas será que a enciclopédia não era mais confiável?

O que nos leva à pergunta seguinte: depois de ser eleito tantas vezes, Bolsonaro vem semeando dúvidas sobre as urnas eletrônicas, sem provas, desde 2019. Será que ele já fez alguma fraude para ser eleito... ou apenas previa que seria derrotado, em 2022, pelo péssimo desempenho como presidente?

Nem sei pronunciar o nome do cara, mas sei que Goebbels, ministro de Hitler, celebrizou a frase: “Uma mentira, repetida muitas vezes, assume ares de verdade”. Esta, aliás, foi a base do governo do Führer. Que deu no que todo mundo sabe, principalmente os judeus.

Permitam-me abrir um parêntese, para repetir: pessoalmente, não gosto de Lula nem de Bolsonaro. Acho que os dois já tiveram a sua chance e falharam em resolver os problemas do Brasil. Eu não elegeria qualquer um dos dois.

Afinal, sobre um pesam acusações de rombo na Petrobrás, BB, triplex, etc.; sobre o outro, tem aquela história de barras de ouro para os pastores, imóveis comprados com dinheiro vivo, orçamento secreto, etc. Pra mim, são farinha do mesmo saco.    

Mas o povo já elegeu. E, em toda a história republicana do Brasil, o eleito sempre assumiu. Então, não entendo porque todo esse fuzuê agora. Porque todo esse rebu, quebra-quebra e clima de guerra civil que se instalou no País.

Mas, principalmente, não entendo porque querem jogar o abacaxi no colo das Forças Armadas; que não têm nada a ver com isso. Quem começou com essa de chamar o povo para a frente dos quartéis? E por que vejo, nas redes sociais, gente dizendo que “o Exército nos abandonou”, “os generais são covardes” e outras merdas assim?

Li, umas 20 vezes o tal do Artigo 142 da Constituição; e não encontrei nada que autorize as Forças Armadas a intervir em resultado de eleição. Tá certo que não sou advogado, mas inúmeros que consultei também não viram. 

Tive o privilégio de estudar quatro anos em Colégio Militar e outros dois na Escola Preparatória de Cadetes, em Campinas, que forma os futuros oficiais do Exército. E posso testemunhar que lá aprendi a amar o País e defendê-lo. E aprendi, também, que questões internas devem ser resolvidas pelos órgãos competentes.

Lembro que, antes de Lula e Bolsonaro, ainda no tempo de Dilma, conversando com o Cajá, meu amigo desde as fraldas e atualmente coronel reformado, perguntei a ele se via possibilidade de intervenção militar, para arrumar o País.

Ele me respondeu mais ou menos isto: “Nós já tentamos uma vez... e isso nos custou muito; até hoje, uma parte do povo tem ranço do Exército. Vocês (civis) pediram de volta; nós devolvemos. Agora, arrumem a merda; vocês que fizeram!”.

Anos passaram... mas acho que ele estava e está certo. Afinal, foi o povo que votou e escolheu, e parte da soberania é respeitar a vontade da maioria; que, aliás, costuma ser silenciosa. A minoria é que faz zoada, segundo o ditado.

Sábio Cajá! Estou inteiramente de acordo com ele. Que um e outro lado continuem vivendo nesse clima de guerra, se querem: chamando-se de “comuna” e “rebanho”, “vermelho” e “bolsominion”. Continuem a defender os seus ídolos, até à exaustão.

Afinal, esse é um direito de cada um. Só acho que está na hora de pararem as “fake news”, para que as pessoas possam voltar a confiar nas informações que recebem, sem precisar verifica-las antes. É muito ruim viver assim!

E acho, também, que é hora de deixar de encher o saco dos militares; alguns deles, claro, gostam de Lula; e outros de Bolsonaro. É uma questão pessoal. Mas a Instituição, como um todo, está acima de vontades e vaidades pessoais. Foi uma das coisas que aprendi lá.

Convenhamos: o que é que as Forças Armadas têm a ver com isso?!   

1.08.2023

PATRIOTAS OU TERRORISTAS?

 


Assistindo, pela TV, as cenas dantescas de hoje, em Brasília.

Sinceramente: não me surpreendo. Este quadro já se vinha desenhando há algum tempo; é como aquela famosa obra de Garcia Marquez: “Crônica de uma Morte Anunciada”.

A sensação que tenho? Revolta; como, acredito, qualquer cidadão de bem. Mas, ao mesmo tempo, um pouco de alívio. Como o que se sente, ao ver que a tempestade passou e a casa continua íntegra.

No meu modo de ver, hoje assistimos a um ato de desespero; alguma coisa como a queima de um último cartucho. E, em minha opinião, o queimaram cedo demais.

Os prejuízos poderiam ter sido bem maiores, se mais tempo se houvesse passado. Ou se Bolsonaro não fosse o covarde que é, e houvesse retornado dos Estados Unidos, para assumir de fato o comando do golpe que vem coordenando.

Porque, convenhamos, alguém acredita que tudo isso de hoje foi combinado por pessoas aleatórias, através de grupos de WhatsApp? O que assistimos foi uma ação muito bem coordenada e – é preciso reconhecer – contando com a conivência da segurança do DF; e, possivelmente, de outros órgãos.

A mim, parece claro que, por trás de tudo isso, existe uma coordenação nacional, bem executada e bem suprida de dinheiro. Tudo bem, os bolsominions podem esbravejar e dizer que foi obra de “patriotas”; cada um acredita no que quer.

Mas – e este é o ponto – existe alguma chance de chamar de patriotismo o que assistimos hoje? Criminosos vestidos de verde e amarelo, enrolados em bandeiras, depredando o patrimônio da nação? Com certeza, isso não é patriotismo; podemos chamar, no mínimo, de vandalismo. Ou até terrorismo.

Então, como eu dizia, sinto até um pouco de alívio. Agora, as peças estão bem dispostas no tabuleiro; ou, se você prefere pôquer, as cartas já foram abertas sobre a mesa. Cada um já mostrou o jogo, e os resultados não devem demorar a aparecer.

As máscaras caem. Já vemos que os ditos “patriotas” estão mais para terroristas, que querem impor a sua vontade sobre a vontade da maioria. Já vemos que estão organizados e bem financiados; ou não poderiam armar um esquema desses e colocar quase 100 ônibus em Brasília. É muita logística, para um ato aleatório ou espontâneo.

A pergunta natural é: o que vai acontecer agora? Confio em que o governo eleito tenha lucidez suficiente, para aproveitar o alerta e colocar o veículo nos trilhos. Para expurgar de seus quadros aqueles que não mereçam estar neles, por deslealdade ou interesse financeiro.

Mais uma vez, os bolsominions copiam Trump: o que assistimos, hoje, foi a reprise daquela palhaçada de invasão do Capitólio. A diferença é que, lá, os órgãos públicos souberam intervir e colocar os vândalos no seu devido lugar. Aqui, como sempre, as coisas não foram bem assim; a reação demorou mais um pouco.

Mas vejo, no episódio, um lado positivo: acabou a “guerra fria”. As máscaras caíram. Agora, já sabemos quem é quem. Entre patriotas ou terroristas.  

Você, de que lado está? 

1.05.2023

BRASIL. AGORA DELIVERY?

 


Eu confesso: tenho um pouco de pena dos bolsominions.

São como crianças iludidas, perdidas na busca inútil de uma lâmpada maravilhosa, da qual surja um gênio, que venha atender aos seus pedidos. Crianças birrentas, que querem impor a sua vontade.

Mesmo após o ídolo e a família fugirem para outro País, insistem em chamar de “Mito” um cara que tá cagando e andando pra eles, como diz a velha frase popular.

Depois de assistirem a uma posse oficial, com todo o cumprimento do ritual previsto, inclusive a continência das forças armadas e a presença de inúmeros governantes de outros países, continuam a esperar que aconteça um golpe, um milagre que reconduza Bolsonaro ao poder.

É um delírio coletivo, que em alguns casos chega a extremos individuais. Há gente dizendo que a faixa da posse foi falsa, e outros afirmando que a “farsa” da posse será desmontada em 19 de janeiro. Ou que o povo vai tomar o poder no Congresso, nos dias 7 e 8 de janeiro.

Acho difícil adorar um cara que foi um dos piores presidentes da nossa história, e passou os 4 anos de mandato trepado num palanque, enquanto quase 700.000 pessoas morriam, na maior crise sanitária do nosso País.

Difícil não ver que, enquanto a educação, a saúde e o meio ambiente tinham as suas estruturas desmontadas, e até a emissão de passaportes foi suspensa por falta de dinheiro, pastores recebiam barras de ouro e o Orçamento Secreto destinava 19 bilhões a deputados, para usar no que quisessem.

Convenhamos: é um disparate sem tamanho, fechar os olhos a tantas coisas tão evidentes. Como entender que o mesmo cara que passou 30 anos sendo eleito (ele e os filhos, aliás), por urnas eletrônicas, de repente resolva espalhar que esse é um sistema inseguro?

Como entender que alguém recorra da eleição feita em dois turnos, com as mesmas urnas, pedindo que seja anulada a contagem de votos apenas em um turno, em algumas urnas? Como entender uma Polícia Rodoviária Federal que fiscaliza apenas uma região do País?

Eu poderia continuar listando os absurdos, como o maior desmatamento e o maior desprezo a povos indígenas, na história do País; como um desprezo pelas mulheres, que faz o cara agredir deputadas e jornalistas e chamar a única filha de “fraquejada”.

Poderia citar o desprezo de Bolsonaro pelas minorias, como a população LGBT e os negros (ou afrodescendentes, se preferem); poderia dizer que o maior legado desse governo foi a liberação das armas. E o maior prejuízo (além das mortes na Covid) foi o apequenamento dos símbolos nacionais, postos a serviço de um clã.

Eu poderia, sim, continuar listando. Mas... de que adiantaria? Quem se nega a enxergar com os próprios olhos, iria enxergar com os meus? Duvido!

Pessoalmente, eu não queria Lula nem Bolsonaro; a minha escolha, pelo que vi durante a campanha, seria Tebet. Mas entendo que precisamos respeitar a vontade da maioria. E fazer tudo para que dê certo: afinal, vivemos aqui.

Como eu disse, no começo, tenho uma pouco de pena dos bolsominions. Mas a verdade é que esse mimimi já encheu o saco e a insanidade já passou dos limites. Alguém ainda acredita, mesmo, que o Exército vá tomar o poder no Brasil e entregar a Bolsonaro nos EUA?

O Brasil virou delivery?       

12.02.2022

ME ENGANA, QUE EU GOSTO!

 



Trabalho com publicidade, há mais de 30 anos. Mas jamais entenderei o que a propaganda faz com a mente das pessoas.

Estou espantado com o que vem acontecendo no Brasil. O fanatismo chega a um ponto que eu nunca havia visto, em meus 74 anos; confunde o raciocínio e embota a visão de milhões de pessoas. Inclusive, algumas que conheço pessoalmente e acredito inteligentes.

Tá certo: não conheço ninguém que esteja acampado em frente a quartel; acho que nenhum dos meus conhecidos chegou, ainda, a este ponto. Mas é surpreendente que milhões estejam, e acreditem em tudo que lhe dizem.

Não foi suficiente o silêncio de Bolsonaro, para mostrar aos seguidores que ele está se lixando para o que eles fazem e querem. Digo “seguidores” e não eleitores, porque mais se assemelham aos membros de uma seita, do que a pessoas normais, que votam e aceitam o resultado da votação.

E, por favor, não me falem de “patriotismo”. Como já disse no post passado, patriotismo é amar a Pátria, não uma pessoa. Isso aí se assemelha mais a birra de criança, que esperneia no mercado, até que os pais façam sua vontade; ou lhe deem uns tapas. Pessoalmente, prefiro esta alternativa.

Como eu dizia, a omissão de Bolsonaro já seria, por si só, motivo para o desânimo do rebanho. Mas, como se não bastasse, vem o golpe final: o filho Eduardo é flagrado no Qatar, com a esposa, de camisa da seleção, assistindo à Copa do Mundo; a mesma Copa que eles mandam boicotar.

O futebol é uma paixão do brasileiro; e a Copa só rola de 4 em 4 anos. Além das agruras de ficar na chuva, fazer necessidades em banheiros químicos e estar longe da família, os manifestantes ficam, também, sem a Copa. Enquanto isto, um dos maiores interessados está desfrutando dos jogos ao vivo, em camarote VIP.

Aí, não tem rebanho que aguente! E, diante da revolta geral, o Eduardo veio com a desculpa de que foi levar uns pendrives ao Qatar, contando a situação do Brasil e pedindo providências internacionais. Como se não existissem internet e nuvem; e  a Copa do Mundo fosse o local   para isso. Como se a FIFA, fosse a ONU!

Alguém aí já viu desculpa mais esfarrapada do que essa?! É de doer, não é? Mas piora ainda mais: em entrevista, a esposa dele disse que essa viagem foi realizada com recursos próprios e o casal vem economizando há mais de um ano, para a viagem.

Ou seja: um ano atrás, o Eduardo já sabia que Lula ia ganhar as eleições, gerando essa situação toda; e ele ia precisar levar os pendrives, para defender a democracia. E levar a esposa, claro; é muita carga, pra levar sozinho!

E o pior: leio, nas redes sociais, declarações de pessoas que dizem acreditar nisso! Aí, realmente, é que mora a piada; mais trágica do que cômica! É muito descaso com os adoradores... e muita falta de cérebro, por parte das vítimas. Mas fazer o que, se elas querem continuar lá, sendo enroladas e acreditando?

Devem estar esperando a fada-madrinha! :) 

11.18.2022

PATRIOTISMO OU FANATISMO?

 



Há muito, não venho ao blog. Mas, embora sabendo que já não devo ter leitor algum, hoje me deu vontade de postar este texto. Uma espécie de desabafo, sabem?

Um desabafo, contra esse clima de animosidade e mi-mi-mi que tomou conta do País; que divide famílias e casais, separa amigos e chega a causar assassinatos, acabando com a vida de pessoas, por um motivo idiota.

Pessoalmente, não acredito em Lula ou Bolsonaro como solução para o Brasil. Ambos já tiveram a oportunidade de governar... e não resolveram os nossos problemas; não acredito que, agora, façam diferente.

Acho que precisamos de alguém novo, no governo. Mas este não é o assunto deste post.

O que quero enfocar, aqui, é esse clima de pré-guerra civil; de “nós contra eles”, de divisão do povo brasileiro. Nunca, em meus 74 anos de vida, havia visto uma propensão tão grande à violência, tantos insultos trocados, tanta estupidez.

As pessoas já não se contentam em ofender o candidato; ofendem, também, aqueles que o escolheram. Pregam a violência contra quem pensa diferente, a vitória por qualquer método; só querem que a sua vontade prevaleça.

Gente, isso é estupidez! Todos jogamos, há muito tempo, e as regras do jogo estão claramente estabelecidas; nós as aceitamos, quando entramos em campo. O povo vota e cada um escolhe o seu candidato; quem tem mais votos, assume o cargo.

“Se aceitamos jogar, precisamos aceitar o resultado.”. A frase não é minha; é do general Mourão, vice-presidente do próprio Bolsonaro.

Só para dar uma ideia do tempo que dura o jogo: Bolsonaro levou 27 anos, como deputado federal e em 2018 foi eleito presidente; seus três filhos têm cargos políticos, já há alguns mandatos, com urnas eletrônicas. Eles foram eleitos em urnas fraudadas?

No ano passado, Bolsonaro começou a atacar as urnas eletrônicas; e o fez porque a sua derrota já se desenhava. A péssima gestão da Covid, a estagnação da economia, os seus arroubos de machismo, misoginia e aversão às minorias, o descaso ao meio ambiente e o isolamento do Brasil no mundo; tudo isso se somou, para torná-lo extremamente impopular.

Basta um pouco de raciocínio lógico, gente: 1) as urnas confirmaram o que diziam as pesquisas; 2) a auditoria não encontrou qualquer indício de fraude. Insistir nessa tese é estupidez. Alguém consegue acreditar que, se um partido encontrasse um modo de fraudar as urnas, só o empregaria para a presidência?

Ora, me façam uma garapa; e com muito açúcar, por favor. Só assim, para tentar engolir essa tese! Por uma questão de lógica, eu acredito nas urnas e no resultado. E acho ridículo chamar de “patriotismo” essa tentativa patética de subverter a ordem, tentando paralisar o Brasil, causando prejuízos à economia, desabastecimento das cidades e até mortes, por falta de insumos hospitalares.

A meu ver, isso não é patriotismo; é imbecilidade. É a birra de crianças mimadas, querendo impor a sua vontade. Claro que os bolsonaristas não vão aceitar a derrota com alegria; ninguém o faria. Não há flamenguista que se alegre com a vitória do Fluminense.

Mas futebol não é política, nem interfere na vida da gente. É preciso parar com essa guerra interna, para o bem do Brasil. Para o nosso bem.

Ser patriota não é adorar Bolsonaro ou Lula. É amar o Brasil!     

12.03.2019

VAMOS PENSAR UM POUCO?




Sabem, os que me conhecem, que não tenho ideologia política; nem simpatia pelo petismo ou pelo bolsonarismo (sim; isso já existe). Acho que o primeiro fez muito mal ao Brasil e o segundo, até aqui, vem sendo ainda pior.

Normalmente, no campo de batalha político que se tornaram as redes sociais (das quais, aliás, só uso o Whats App), restrinjo a minha participação à colocação de links que me parecem relevantes; ou memes que acho engraçados. Prefiro não entrar na polarização, até para evitar inimizades.

Mas para tudo há limite; e acho que já chegamos a este limite. Preciso desabafar a minha revolta, diante do estado de quase imbecilidade a que chegou a discussão política em nosso País, onde temos cerca de 30 partidos, e o público só enxerga PT e PSL (ou Aliança Pelo Brasil, que o Bolsonaro agora quer fundar, em sua megalomania e seu desejo de poder absoluto).

É hora de dar um tempo e procurar alternativas. Há outros partidos e outros nomes; há vida inteligente, fora desse partidarismo que mais lembra um BA x VI político. A política não é jogo de futebol; ela tem impacto direto em nossas vidas, em coisas do dia-a-dia, como o preço da carne, da gasolina e do gás de cozinha. Ela é determinante para o nosso futuro.

O PT se queimou, pelo que fez nos últimos tempos; foram muitas denúncias de corrupção, muitos desmandos, que quase quebraram estatais, muitos casos comprovados de desvios, muitas políticas equivocadas. O povo se encheu e disse: Fora, PT!

Até aí, tudo bem. Concordo inteiramente com o “Fora PT”! Mas e esse governo que temos agora? Nem vou falar do Queiroz, do Onyx, do Marcelo Álvaro, do Flávio Bolsonaro, da empregada do Jair que recebia salário com dinheiro público, do cheque da Michele, da multa cancelada do Ibama e do fiscal demitido. Não vou falar do helicóptero público usado no casamento do filho, nem da Marielle.

Não. Esqueçam isso. Mas vejo que a situação está feia, quando temos uma Ministra da Agricultura que diz que “a carne estava muito barata” e um Secretário da Pesca que diz que “o peixe é inteligente”. Quando vemos pastores evangélicos com passaportes diplomáticos; quando rola a liberação de medalhas para filhos e "guru"; quando vemos corte de verbas para a Educação e liberação de fortunas para aprovação de projetos políticos.  

Vejo que a situação está feia, quando temos um Diretor da Funarte que ataca Fernanda Montenegro; um Presidente da Funarte que diz que “o rock incentiva o aborto” e um Presidente da Biblioteca Nacional que associa Caetano Veloso ao analfabetismo e sugere Olavo de Carvalho como sucessor de Machado de Assis.

Pelo amor de Deus, gente: O QUE ESTAMOS FAZENDO COM A NOSSA CULTURA? Vamos entregar o nosso patrimônio de conhecimento na mão de gente que acompanha um cara que diz a Terra é plana, que confunde palavrão com filosofia e diz que o Adorno escreveu as músicas do Beatles?!

E O QUE ESTAMOS FAZENDO COM NOSSA TERRA E NOSSO POVO? Vamos assistir ao sucateamento de nosso meio ambiente? Vamos acreditar que Di Caprio pagou pra botarem fogo na Amazônia? Vamos aplaudir a carne a R$ 40,00, o gás de cozinha a R$ 85,00 e o dólar a quase R$ 5,00? Vamos bater palmas quando acabam com a aposentadoria e os direitos trabalhistas, em nome de mais empregos, que ainda não surgiram? Vamos ter pena de uma "coitada" que se diz igual a nós e "passa perrengue" com R$ 33.000,00 por mês? 

Chega de PT, sim; e chega de Bolsonaro, também! Será que ainda não chega desse fanatismo cego? Será que ainda não está na hora de acordar?!  

11.01.2018

MORÔ NA FILOSOFIA?



No post passado, comentei a síndrome do “Salvador da Pátria”, típica dos brasileiros.
Gostaria de dizer que estava errado, mas a verdade é que vi o País se dividir entre os dois “Salvadores”. Eu, como não tenho simpatia por ideologias ou partidos, fiquei na minha. Adotei como lema #Ele não. Nem o outro.
Para mim, qualquer um que prometa salvar o Brasil através da política, está praticando demagogia barata. Acredito que este País só pode encontrar salvação através da educação, que é o caminho para a cidadania. Só a cidadania pode salvar uma nação
Mas, como eu dizia, assisti de camarote à troca de farpas (melhor dizendo, de lanças e pedras) entre os dois lados; contemplei a batalha dos dois exércitos, com um interesse puramente acadêmico. E, confesso, foi muito instrutivo.
Você já experimentou assistir uma filmagem de festa de Carnaval, sem o som? Parece um bando de loucos, pulando à toa, não é? Pois acredite: é isso que acontece quando você, sem ideologia ou partido, assiste a uma disputa como essa. É difícil entender porque as pessoas se comportam daquela forma.
Só que essa disputa fez vítimas. Vi amigos ofendendo amigos, casais discutindo, parentes se tornando inimigos. Não apenas nas redes sociais, que foram o maior campo de batalha, mas também na vida real. Tudo isso, em nome da democracia (que consiste em repeitar a opinião do outro), ou da sinceridade; como se, para ser sincero, fosse preciso ser grosseiro. 

Claro, também apanhei algumas sobras; acho que, para ambos os lados, era difícil entender a minha neutralidade. Na realidade, a explicação é muito simples: sempre acreditei que estaríamos lascados, ganhasse quem ganhasse; como, aliás, continuo achando.
O pior é que a eleição passou; mas a batalha continua. E, assim, estaremos mais lascados ainda. Mas isso é assunto para outro post, mais em frente, quando começarmos a ver os resultados da nova administração.
O que quero comentar, hoje, é a indicação de Sérgio Moro para Ministro da Justiça; sem dúvida, mais uma cartada esperta de Bolsonaro, populista emérito e eficiente; assim, ele atrai para seu governo alguém que tem sido citado, inúmeras vezes, como um ícone da Justiça e do Direito.
Cabe, entretanto, a pergunta: será bom para Moro, que declarou, em 2016, que não tinha interesse em cargos políticos? Em qualquer análise lógica, a aceitação do cargo lança a sombra da dúvida sobre as suas pegadas, até aqui brilhantes.
A suspeita é inevitável: será que ele, ao prender e tirar do campo eleitoral o ex-presidente Lula, no mínimo um adversário temível, se baseou na Justiça ou nos próprios interesses? Será que ele seguiu as provas, ou as orientações que recebeu, em busca de futuros ganhos?
Nunca é demais lembrar que, na Itália, a Operação Mãos Limpas, na qual se espelhou a Lava Jato, baniu a corrupção da época. E fez nascer uma nova safra de corruptos, mais temíveis e prejudiciais porque mais espertos. Foi um upgrade, que fez nascer uma corrupção 2.0.
Não sabemos qual é a verdade; só o tempo nos mostrará. Pessoalmente, torço para que o País se una e o novo governo dê certo; até porque vivo aqui e o que for ruim para o Brasil será ruim para os brasileiros. Peço a Deus que o novo Presidente faça o melhor governo de todos os tempos, para que todos possamos viver melhor.
Mas repito: foi uma escolha muito boa para Bolsonaro. Para Moro, sinceramente, não sei. Vamos esperar que ele tenha um excelente desempenho, para que não se mostre um ídolo com pés de barro e, de ícone da Justiça, não se transforme em símbolo de corrupção.
Morô na filosofia?