5.31.2006

O DIA EM QUE QUASE BATI AS BOTAS


Bem, neste triunfal retorno acho que me cabe justificar desde logo a ausência; que, creiam-me, decorreu de fatores extremamente alheios à minha vontade, como a seguir se verá.

Quase na casa dos 60 anos, fumante há cerca de 45, sedentário convicto, tendo como esporte apenas um ocasional futsal, apreciador da boa mesa, aí incluídas a culinária baiana, massas, carnes e vários etcs., e emérito bebedor de cerveja, sou apontado pelo meu cardiologista como um exemplo a não ser seguido.

Apoiado na desagradável verdade de terem meu pai e meu irmão mais velho morrido de infarto, diz-me sempre o ilustre doutor que, de todos os fatores de risco possíveis, eu tenho um a mais. E há cerca de 8 anos tenta convencer-me de que, no caso, tamanha fartura longe está de ser animadora.

Registre-se, em minha defesa, que ao longo de todo este tempo tenho conseguido resistir aos seus (dele) solertes argumentos (caramba, este “solertes” foi resgatado do barril da extinção!) e normalmente me safo dos checapes anuais, apenas com novos remédios contra colesterol e triglicérides.

Entretanto, devido ao advento de uma desagradável pressão no peito, este ano deixei-me convencer e, no dia 19 de maio passado, internei-me para a realização de um cateterismo, aquele aprazível exame em que nos enfiam uma mangueirinha pelo sistema sanguíneo e bombeiam um contraste específico, para checar como anda o tráfego em nosso coração.

Pelo jeito, no meu a coisa andava pior do que na Marginal Tietê em dia de chuva brava; quase nem andava. Descobriram, na linguagem médica, “uma obstrução preocupante”; o que, no bom português vulgar, significa uma candidatura ao (nem tanto) popular “pijama de madeira”; com boas chances de ser eleito, diga-se de passagem.

Por isto, os médicos decidiram manter-me internado, enquanto o bendito plano de saúde autorizava a cirurgia urgente e necessária. Como já se sabe, é mais difícil arrancar dinheiro dos planos de saúde, do que tirar o Dida da seleção do Parreira; assim, apenas no dia 26 foi realizada a tal cirurgia.

Depois, foram mais 3 dias na UTI e outro no apartamento hospitalar, antes de receber alta, o que só aconteceu no dia 30 de maio. Contabilizam-se exatamente 11 dias de seqüestro hospitalar, período do meu involuntário desaparecimento.

É no que dá não ser presidente: enquanto concedem ao Lula o título de “Doutor Honoris Causa” e lhe dão um diploma, nomeiam-me “Paciente de Alto Risco” e premiam-me com um spa obrigatório: depois de dois dias de jejum absoluto e mais 9 comendo aquele ranguinho saboroso de hospital, voltei 3 quilos mais magro. E, pela quantidade de remédios que estou tomando, a tendência é emagrecer mais ainda; nem vai sobrar espaço pra comida.

Isto, sem contar que o cardápio será drasticamente modificado (para pior, claro) e foram-se os meus cigarrinhos e cervejinhas. Porém, mesmo assim estou no lucro: continuo vivo e na companhia dos amigos.

Em outros posts, vou contar alguns lances engraçados que ocorreram no hospital. Hoje, só quero dizer que estou muito feliz em poder estar de novo com vocês!


Este era eu, antes do forçado SPA...

5.17.2006

DEIXA VER SE EU ENTENDI DIREITO...


Deixa ver se eu entendi direito: há dois dias, o presidente Lula disse, a várias emissoras de TV (eu assisti, inclusive): “Ninguém vai ser mesquinho de usar esta tragédia na campanha”, referindo-se aos ataques do crime organizado em São Paulo.

Pois é: hoje, o Genro dele (não o marido da filha do Lula, mas o ministro), também diante de várias câmeras de TV, já desceu o pau no Alckmin, que acusou de ser o grande responsável pelo colapso da segurança pública paulista.

Bem, na melhor das hipóteses temos um ministro mesquinho. Mas, confesso, o ataque só me surpreendeu pela rapidez; eu já havia cantado essa pedra. Quem duvidar, é só ver o post anterior.

Mesquinhos e previsíveis, esses nossos políticos...

* * *

Deixa ver se eu entendi direito: o governador e o chefe da segurança carcerária de São Paulo juraram que não houve acordo com os criminosos, para que os ataques fossem encerrados.

O curioso é que 60 TVs foram instaladas nos presídios, para que os presos possam assistir a Copa do Mundo; era uma das reivindicações dos criminosos.

E o mais curioso ainda é que nem o governador nem o assessor japonês sabem de onde veio o dinheiro para comprar esses aparelhos; se quem pagou foi a população ou o próprio PCC.

Vai ver, caíram do céu; ou papai Noel se adiantou e trouxe logo.

E não houve acordo, não é? Então, tá! Se eles disseram...

* * *

Deixa ver se eu entendi direito: no novo pacote de segurança, que o Congresso Nacional pretende votar, há uma proposta para que as operadoras de telecomunicações instalem bloqueios de telefone celular, nas áreas próximas aos presídios.

Ou seja: embora os caras estejam presos e os visitantes sejam revistados, a polícia assume que é incapaz de impedir a entrada de celulares nas prisões, e pretende que as operadoras bloqueiem os sinais, prejudicando a quem, por azar, mora perto das carceragens. Será que é isso mesmo?

Bem, se eles não podem impedir a entrada de celulares, conseguirão impedir a entrada de armas? Ou até mesmo a saída dos presos?

Podemos dormir tranqüilos, né? São bem seguros os nossos presídios!...

5.15.2006

CRÔNICA DE UMA GUERRA ANUNCIADA

Há certas coisas com as quais não dá pra brincar.

Como a atual guerra entre polícia e bandidos, em São Paulo. Uma guerra que ganha as ruas da cidade, alterando as vidas de seus habitantes e apavorando os cidadãos que cumprem suas obrigações e pagam os seus impostos.

Afinal, para que pagamos impostos? A falência da saúde e da educação públicas já é notória e inegável; os buracos nas ruas e estradas fazem a felicidade de oficinas e borracheiros por todo o país. E, agora, o povo de São Paulo não tem a mínima segurança para sair de casa.

É uma completa inversão de papéis. Presos, os bandidos estão mais livres que os homens de bem. É um verdadeiro absurdo que, de dentro das cadeias, os chefões continuem a comandar as suas quadrilhas; que transformem em reféns do medo os habitantes de uma grande metrópole.

É um retrocesso no tempo. Parece que voltamos à época em que os vikings, os hunos e outros bárbaros assaltavam cidades inteiras, pegando o que bem queriam. Séculos de civilização são perdidos, leis e justiça perdem a razão de existir.

Como chegamos a este ponto? É uma pergunta que merece ser feita. Como as autoridades constituídas permitiram ao crime um progresso tão grande, uma organização tão cuidadosa que supera as instituições oficiais que deveriam reprimí-lo?

E a resposta é a mesma de sempre: corrupção e incompetência. São elas que aumentam a desigualdade social; que fomentam a miséria, fermentando a violência. Pagamos pelos erros daqueles que nos governam; e talvez isto seja justo, porque somos nós que os elegemos.

Segundo Heloísa Helena, que é meio maluca, mas bem informada, este ano a verba federal para segurança pública foi cortada em 48%; ou seja, reduzida quase à metade. Segundo o jornal do UOL, existem R$ 297 milhões no fundo penitenciário, que o governo prefere usar para garantir o superávit primário, deixando as cadeias superlotadas como verdadeiros barris de explosivos.

Não temos dinheiro para a segurança. E gastamos R$ 10 milhões, para ver como um grão de feijão germina num algodão, no espaço sideral. Pagamos mais de R$ 150 milhões num avião presidencial e R$ 18 milhões para reformar um palácio do governo. Mas não pagamos salários justos aos policiais, para que seja mais difícil corrompê-los.

Sabem por que o governo de São Paulo não aceitou a ajuda oferecida pelo governo federal, neste momento de crise? Eu também não sei, mas tenho um raciocínio interessante: este ano, a eleição será polarizada entre Lula e Alckmin, cujo calcanhar de Aquiles, no bom governo que realizou, é exatamente a questão da segurança pública.


Já pensaram como esta ajuda seria benéfica a Lula e prejudicial para o Alckmin, durante a campanha? Até já vejo a frase: “Lula precisou dar jeito na segurança de São Paulo, porque nem isto Alckmin soube fazer”. Creio que foi esta a razão da recusa.

Agora, o nosso bom presidente diz que “Ninguém vai ser mesquinho de usar esta tragédia na campanha”, mas vamos ver no futuro, conforme se comportem as pesquisas. Guardem esta pedra, que estou cantando; já cantei algumas certas no passado, inclusive a absolvição dos mensaleiros.

Porque é assim que funciona a nossa política.

E é por isto que chegamos a este ponto...



Foto disponibilizada pelo site do UOL. Realmente, não dá para brincar com uma cidade dominada pelo medo...

5.10.2006

AMBULÂNCIAS, LIDERANÇAS E AMNÉSIA



Depois do grande cardápio proporcionado pelo mensalão, a Pizzaria da Câmara Federal deve lançar em breve 16 novos sabores.

Este é o número de deputados que serão investigados pela Câmara, no recente escândalo das ambulâncias superfaturadas. Permitam-me ressaltar o “que serão investigados”, porque, segundo a mídia, a lista original continha 64 nomes; os outros 48 já foram devidamente inocentados pela Câmara, que nem vai investigá-los. Ou seja: não vão patrocinar pizzas, porque já são calzones... e nem ao forno foram.

Para o lançamento do novo cardápio, a presidência da Câmara está tentando contratar um show especial da famosa rumbeira Ângela Guaxinim. Existem dificuldades porque a dançarina se diz magoada com a saída da Comissão de Ética (onde, por sinal, nunca deveria ter entrado).

Mas, como deputado é deputado, todas as arestas deverão ser aparadas e o lançamento do novo cardápio se fará “nos trinques”, como diria aquele personagem do Paulo Betti.

Ou alguém duvida que isto TAMBÉM vai acabar em pizza?

* * *

E aquela história do Lula ser o líder da América do Sul, hein?

Logo depois da ferrada do gás, o Evo Morales decretou que cerca de 5.000 brasileiros que vivem naquele país deverão deixar as suas (deles, brasileiros) terras até amanhã; terras devidamente compradas e beneficiadas, diga-se de passagem.

Sem trocadilhos, o hombre tá cheio de gás! Na Venezuela, o Hugo Chavez também já divulgou nota, protestando contra as declarações brasileiras sobre o papel da Venezuela na crise Bolívia/Brasil. Tudo isto, bem no ano das nossas eleições.

Acho que o Lula não precisa se preocupar com os inimigos; pra ferrar com ele, bastam esses muy amigos!

* * *

Quem viu o “depoimento” do Sílvio Pereira, na CPI?

Esse, sim, é amigo! Pra livrar a cara do chefe, se fingiu até de maluco: jurou que não sabia o que disse na entrevista a “O Globo”, e nem a tinha lido depois de publicada. Chegou ao cúmulo de dizer que sempre foi chegado a mentiras e delírios.

Pelo jeito, esse governo vai passar à história como o do presidente que não sabia de nada e dos assessores que sabiam demais e esqueciam de tudo...

5.09.2006

A MERDA E O CANSAÇO DELA


Bem, é verdade que eu só costumo fazer um post por semana. Porém, como a postagem de sábado já bateu o recorde de comentários (Serena, obrigado!) e Paulinho me deu uma ótima idéia, eis-me de volta ao teclado.

E o assunto, inicialmente, ainda é o gás. Porque, depois da trapalhada do Lula com o Morales, leio no UOL que a Petrobrás vai queimar (isso mesmo: QUEIMAR!) gás por 45 dias, no Espírito Santo. Fato plenamente justificado (para eles), porque a produção do gás foi iniciada antes que fosse construído o necessário gasoduto. Pura incompetência.


Leio, também, que, depois da famosa entrevista do Sílvio Pereira, o governo vai mandar um emissário conversar com ele, para manter a boca do ex-secretário fechada. Segundo a notícia, o governo não teme o que ele já disse, mas o que ainda pode vir a dizer! Imaginemos o que seja.

Por outro lado, a “Operação Sanguessuga”, da PF, desbarata uma quadrilha que vendia ambulâncias superfaturadas (pagas com dinheiro público) e, segundo vi na Globo, a lista de “possíveis envolvidos” inclui os nomes de 60 (por extenso:SESSENTA) Deputados Federais.

Somos, mesmo, um país milionário! Recordo as famosas frases do poeta: “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste/Criança, não verás nenhum país como este!”. E me vem a vontade de acrescentar: “Graças a Deus!”. Quebraria a rima, concordo, mas estaria bem mais próximo da verdade.

Caramba, gente! Quanto de dinheiro público já foi desviado ou desperdiçado aqui no Brasil, somente este ano e apenas com os escândalos revelados? Enquanto isto, milhões de pessoas subvivem (OK, é neologismo, mas e daí? “Sobrevivem” não estaria correto) na mais completa miséria. Isto, sem falar que os aposentados levam um ferro cada vez maior, em nome do famoso rombo da Previdência.

Estou com 58 anos, e isto cansa. Estou cansado de ver governo após governo metendo o ferro no povo; repetindo as mesmas promessas maravilhosas e fazendo as mesmas sacanagens assim que são eleitos.

Estou cansado de ver a oposição mudar o discurso, assim que se torna governo. Cansado de ver presidentes que eram sociólogos ou líderes trabalhistas e, quando chegam ao palácio, lascam a sociedade e os trabalhadores.

Estou cansado de ver deputados, senadores, ministros e juízes mentindo, fraudando, roubando. Cansado de ver escândalos abafados, caras-de-pau vitoriosos, CPIs que acabam em pizza. Tenho nojo de ver deputada rebolando em plenário; deputados aproveitando o voto secreto, para absolver ladrões apanhados com o roubo na mão.

É ridículo criar uma “Lei de Crimes Hediondos”, para depois beneficiar os autores desses crimes; é uma palhaçada que o Ministro da Justiça tenha que depor numa CPI, para dizer (e não provar) que não participou de um achincalhe da própria Justiça que deveria representar. É hediondo que um Presidente do Supremo Tribunal Federal não atue em obediência à Lei, mas ao governo.

É incrível que um trabalhador tenha o seu segredo bancário violado, porque denunciou um ministro. É terrível que se queime gás, durante 45 dias, porque não houve um planejamento, enquanto milhares de pessoas passam fome, porque não podem comprar um simples botijão de gás.

É lastimável que, nas campanhas eleitorais, os candidatos não se preocupem em mostrar a sua própria honestidade, mas em apontar os roubos dos concorrentes, ou de seus familiares. Porque nem as famílias são poupadas. E, assim, somos privados até de acreditar que alguém seja honesto; somos forçados a votar no que achamos menos ladrão.

Desculpem o desabafo; mas hoje, confesso, estou cansado. Afinal, repito, são 58 anos vendo a mesma coisa: discursos de moralidade e trabalho, que se transformam em atos de corrupção ou incompetência.

Sabem o que é pior? As eleições vêm aí, de novo. E os candidatos, na maioria, são os mesmos de sempre.

O mar de merda vai continuar a afogar o povo...

5.05.2006

VIVA O NOSSO ESTADISTA!

Estarrecido, não é bem o termo. Mas confesso que fiquei espantado, ao ver o Lula apoiar a atitude do Evo Morales, estatizando as petrolíferas da Bolívia, entre as quais a Petrobrás.

Tudo bem que o Morales acredite estar defendendo os interesses bolivianos (embora eu ache que está é fazendo uma grande besteira); afinal, ele é o presidente da Bolívia. Mas o Lula, presidente do Brasil, também precisa defender os bolivianos, quando quem vai levar ferro são os brasileiros?

Mais espantado ainda fiquei, ao ver e ouvir, no Jornal Nacional, o Lula dizendo, alto e bom som, que os brasileiros não precisam ficar preocupados, porque, “Mesmo que o preço do gás da Bolívia aumente, quem vai pagar esse aumento é a Petrobrás, não os consumidores brasileiros”.

Ou eu estou mais burro do que de costume, ou o Lula resolveu levar ao extremo a tática do “Eu não sabia”, que usou durante toda a crise do mensalão... e deu certo. Por isto, talvez a esteja repetindo.

Vejamos: alguém já reparou que, em toda propaganda da Petrobrás, aparece aquele selinho “Brasil, um país de todos”, característico do Governo Federal? Eu acrescentaria a esse selinho, aliás, a palavra “fudidos”, no final da frase, mas essa é outra história.

O bendito selinho significa o que todo mundo já sabe: que a Petrobrás é uma empresa estatal, ou seja, do Governo do Brasil. Portanto, se a Petrobrás leva ferro, quem leva o ferro é o Brasil. E como o Brasil não tem rabo, senhores, o ferro vai acabar no rabo de quem? No nosso, é claro.

Alguma dúvida quanto a isto? Porque, para mim, a lógica é cristalina. O aumento pode até vir disfarçado: no preço da gasolina, do diesel, do álcool, etc. Mas que vem... ah! Isso vem. Podem esperar.

O episódio, aliás, me fez lembrar aquele em que o Governo suspendeu a construção do metrô em algumas capitais (Salvador, inclusive), alegando falta de verba. E, na semana seguinte, emprestou algumas centenas de milhões de dólares à Venezuela... adivinhem para que? Isto mesmo: para a construção de um metrô.

Talvez por isto, a atitude do Governo não seja tão surpreendente; eu é que sou burro, mesmo. O nosso Lula gosta de posar de estadista; e isto se torna bem mais fácil, quando o dinheiro não é dele. Eu adoraria doar milhões de dólares à obra de Madre Teresa, ou até de Irmã Dulce... desde que outros pagassem a conta, e eu fosse o bonzinho nas manchetes; ficasse bem na fita.

Acho que o antigo torneiro virou mesmo um estadista: viaja (muito) em um avião de mais de 150 milhões, mora em um palácio cuja REFORMA custou 18 milhões, mantém (às custas do Governo, segundo a revista Veja) uma frota de oito carros para servir à filha e aos dois netos, empresta milhões à Venezuela e agora apóia o Morales na ferrada à Petrobrás.

No futuro, quando estivermos pagando a conta dessa ferrada e a mídia cair de pau, o Lula provavelmente vai dizer: “Eu não sabia”.

Agora, uma coisa eu gostaria de ver (como, aliás, bem lembrou o Serbon): o Morales nacionalizar bolivianas a Shell, a Esso ou a Texaco (que não são estatais, diga-se de passagem), e conseguir o aval do Governo Bush.


Vai ver, o Bush não é estadista...



As imagens, do KIbe Loco, dão uma boa idéia da situação.

5.02.2006

COISAS DE GAROTINHO


A primeiro, claro, é do próprio; do cara que faz jus ao apelido.

Como é que um cara resolve fazer greve de fome, por que diz que se acha “perseguido”? Um HOMEM discute, debate, faz valer as suas opiniões e os seus direitos. Um garotinho faz bico e diz: “Bem, assim não brinco mais!”.

Isto bem dá a medida do caráter, da inquebrantável força de vontade e da maturidade do Anthony Garotinho. Em vez de apresentar provas de inocência, ele apenas diz: “Tou de mal. Não como mais.”.

Sem trocadilhos, é um prato cheio para os humoristas de plantão; como o Kibe Loco, de onde tirei a ilustração do post de hoje. Mas, depois dessa, alguém vai ser idiota de votar num idiota desses?!


* * *

A segunda é do Evo “Coca” Morales, que resolveu nacionalizar as petrolíferas da Bolívia, ocupando-as com o exército. Sorte dos funcionários da Petrobrás, que ele é amigo do Lula; menos risco de serem metralhados.

Em plena época de globalização, de busca de investimentos externos, de comércio internacional e alianças entre os países, o cara resolve trafegar na contramão, numa rua de mão única. Fala em "resgatar o orgulho do povo boliviano", mas abandonou o caminho do diálogo, para tomar o da força. Será que ele espera tirar algo de positivo disso, além do aumento de sua popularidade pessoal?

Afinal, é como eu já disse: ele é amigo do Lula...


* * *

A terceira é a volta da discussão sobre as cotas nas Universidades Públicas. Até onde sei, a idéia é reservar 50% das vagas para alunos de escolas públicas e criar também cotas especiais para negros e índios.

Nenhum preconceito, muito pelo contrário. Acho que os negros são iguais aos brancos e os pobres são iguais aos ricos; não são retardados, que precisem de tratamento especial. Basta que recebam um ensino de qualidade, e poderão disputar as vagas em igualdade de condições.

Vejamos o que parece: em vez de melhorar o ensino público nas bases, o Governo diz: “Bem, vamos garantir que as mulas que nós formamos nas escolas públicas possam também fazer faculdade; assim, serão mulas com diploma universitário”.

Esta é, como dizemos aqui no nordeste, “uma idéia de jerico”. Não podemos esquecer que, depois de formadas, essas mulas serão os arquitetos que vão projetar nossas casas, ou os engenheiros que vão construí-las. Os jornalistas que vão informar o povo, e os professores que vão ensinar aos alunos.

Ou, pior ainda, os médicos que vão cuidar da nossa saúde; os cirurgiões que nos vão operar.

Confesso que essa perspectiva em nada me anima. Eu já vi no que deu uma mula na Presidência...