1.05.2023

BRASIL. AGORA DELIVERY?

 


Eu confesso: tenho um pouco de pena dos bolsominions.

São como crianças iludidas, perdidas na busca inútil de uma lâmpada maravilhosa, da qual surja um gênio, que venha atender aos seus pedidos. Crianças birrentas, que querem impor a sua vontade.

Mesmo após o ídolo e a família fugirem para outro País, insistem em chamar de “Mito” um cara que tá cagando e andando pra eles, como diz a velha frase popular.

Depois de assistirem a uma posse oficial, com todo o cumprimento do ritual previsto, inclusive a continência das forças armadas e a presença de inúmeros governantes de outros países, continuam a esperar que aconteça um golpe, um milagre que reconduza Bolsonaro ao poder.

É um delírio coletivo, que em alguns casos chega a extremos individuais. Há gente dizendo que a faixa da posse foi falsa, e outros afirmando que a “farsa” da posse será desmontada em 19 de janeiro. Ou que o povo vai tomar o poder no Congresso, nos dias 7 e 8 de janeiro.

Acho difícil adorar um cara que foi um dos piores presidentes da nossa história, e passou os 4 anos de mandato trepado num palanque, enquanto quase 700.000 pessoas morriam, na maior crise sanitária do nosso País.

Difícil não ver que, enquanto a educação, a saúde e o meio ambiente tinham as suas estruturas desmontadas, e até a emissão de passaportes foi suspensa por falta de dinheiro, pastores recebiam barras de ouro e o Orçamento Secreto destinava 19 bilhões a deputados, para usar no que quisessem.

Convenhamos: é um disparate sem tamanho, fechar os olhos a tantas coisas tão evidentes. Como entender que o mesmo cara que passou 30 anos sendo eleito (ele e os filhos, aliás), por urnas eletrônicas, de repente resolva espalhar que esse é um sistema inseguro?

Como entender que alguém recorra da eleição feita em dois turnos, com as mesmas urnas, pedindo que seja anulada a contagem de votos apenas em um turno, em algumas urnas? Como entender uma Polícia Rodoviária Federal que fiscaliza apenas uma região do País?

Eu poderia continuar listando os absurdos, como o maior desmatamento e o maior desprezo a povos indígenas, na história do País; como um desprezo pelas mulheres, que faz o cara agredir deputadas e jornalistas e chamar a única filha de “fraquejada”.

Poderia citar o desprezo de Bolsonaro pelas minorias, como a população LGBT e os negros (ou afrodescendentes, se preferem); poderia dizer que o maior legado desse governo foi a liberação das armas. E o maior prejuízo (além das mortes na Covid) foi o apequenamento dos símbolos nacionais, postos a serviço de um clã.

Eu poderia, sim, continuar listando. Mas... de que adiantaria? Quem se nega a enxergar com os próprios olhos, iria enxergar com os meus? Duvido!

Pessoalmente, eu não queria Lula nem Bolsonaro; a minha escolha, pelo que vi durante a campanha, seria Tebet. Mas entendo que precisamos respeitar a vontade da maioria. E fazer tudo para que dê certo: afinal, vivemos aqui.

Como eu disse, no começo, tenho uma pouco de pena dos bolsominions. Mas a verdade é que esse mimimi já encheu o saco e a insanidade já passou dos limites. Alguém ainda acredita, mesmo, que o Exército vá tomar o poder no Brasil e entregar a Bolsonaro nos EUA?

O Brasil virou delivery?