BRASIL. AGORA DELIVERY?
Eu
confesso: tenho um pouco de pena dos bolsominions.
São
como crianças iludidas, perdidas na busca inútil de uma lâmpada maravilhosa, da
qual surja um gênio, que venha atender aos seus pedidos. Crianças birrentas,
que querem impor a sua vontade.
Mesmo
após o ídolo e a família fugirem para outro País, insistem em chamar de “Mito”
um cara que tá cagando e andando pra eles, como diz a velha frase popular.
Depois de assistirem a uma posse oficial, com todo o cumprimento do ritual
previsto, inclusive a continência das forças armadas e a presença de inúmeros governantes
de outros países, continuam a esperar que aconteça um golpe, um milagre que
reconduza Bolsonaro ao poder.
É
um delírio coletivo, que em alguns casos chega a extremos individuais. Há gente dizendo que a faixa da posse foi falsa, e outros afirmando que a “farsa”
da posse será desmontada em 19 de janeiro. Ou que o povo vai tomar o poder no
Congresso, nos dias 7 e 8 de janeiro.
Acho difícil adorar um cara que foi um dos piores presidentes da nossa história, e
passou os 4 anos de mandato trepado num palanque, enquanto quase 700.000
pessoas morriam, na maior crise sanitária do nosso País.
Difícil não ver que, enquanto a educação, a saúde e o meio ambiente tinham as suas
estruturas desmontadas, e até a emissão de passaportes foi suspensa por falta
de dinheiro, pastores recebiam barras de ouro e o Orçamento Secreto destinava
19 bilhões a deputados, para usar no que quisessem.
Convenhamos:
é um disparate sem tamanho, fechar os olhos a tantas coisas tão evidentes. Como
entender que o mesmo cara que passou 30 anos sendo eleito (ele e os filhos,
aliás), por urnas eletrônicas, de repente resolva espalhar que esse é um
sistema inseguro?
Como
entender que alguém recorra da eleição feita em dois turnos, com as mesmas
urnas, pedindo que seja anulada a contagem de votos apenas em um turno, em algumas
urnas? Como entender uma Polícia Rodoviária Federal que fiscaliza apenas uma
região do País?
Eu
poderia continuar listando os absurdos, como o maior desmatamento e o maior
desprezo a povos indígenas, na história do País; como um desprezo pelas
mulheres, que faz o cara agredir deputadas e jornalistas e chamar a única filha
de “fraquejada”.
Poderia
citar o desprezo de Bolsonaro pelas minorias, como a população LGBT e os negros
(ou afrodescendentes, se preferem); poderia dizer que o maior legado desse
governo foi a liberação das armas. E o maior prejuízo (além das mortes na Covid) foi o apequenamento dos
símbolos nacionais, postos a serviço de um clã.
Eu
poderia, sim, continuar listando. Mas... de que adiantaria? Quem se nega a
enxergar com os próprios olhos, iria enxergar com os meus? Duvido!
Pessoalmente,
eu não queria Lula nem Bolsonaro; a minha escolha, pelo que vi durante a
campanha, seria Tebet. Mas entendo que precisamos respeitar a vontade da
maioria. E fazer tudo para que dê certo: afinal, vivemos aqui.
Como
eu disse, no começo, tenho uma pouco de pena dos bolsominions. Mas a verdade é
que esse mimimi já encheu o saco e a insanidade já passou dos limites. Alguém
ainda acredita, mesmo, que o Exército vá tomar o poder no Brasil e entregar a
Bolsonaro nos EUA?
O
Brasil virou delivery?
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