1.20.2023

O QUE O EXÉRCITO TEM A VER COM ISSO?

 


Confesso que cada vez entendo menos.

Lula teve 60.345.999 votos; Bolsonaro somou 58.206.354; portanto, Lula venceu as eleições com uma diferença de quase dois milhões de votos.

Desde 1996; há 26 anos, portanto, o Brasil utiliza urnas eletrônicas. Desde 1989, Bolsonaro vem ocupando cargos eletivos, sendo Deputado Federal desde 1990. Ou seja: há 26 anos, vem sendo eleito nas urnas eletrônicas.

Tou certo até aí? Dê uma passada rápida no Google e confira. Hoje em dia, tá moleza fazer uma pesquisa; confesso que não sinto saudades da Barsa. Mas será que a enciclopédia não era mais confiável?

O que nos leva à pergunta seguinte: depois de ser eleito tantas vezes, Bolsonaro vem semeando dúvidas sobre as urnas eletrônicas, sem provas, desde 2019. Será que ele já fez alguma fraude para ser eleito... ou apenas previa que seria derrotado, em 2022, pelo péssimo desempenho como presidente?

Nem sei pronunciar o nome do cara, mas sei que Goebbels, ministro de Hitler, celebrizou a frase: “Uma mentira, repetida muitas vezes, assume ares de verdade”. Esta, aliás, foi a base do governo do Führer. Que deu no que todo mundo sabe, principalmente os judeus.

Permitam-me abrir um parêntese, para repetir: pessoalmente, não gosto de Lula nem de Bolsonaro. Acho que os dois já tiveram a sua chance e falharam em resolver os problemas do Brasil. Eu não elegeria qualquer um dos dois.

Afinal, sobre um pesam acusações de rombo na Petrobrás, BB, triplex, etc.; sobre o outro, tem aquela história de barras de ouro para os pastores, imóveis comprados com dinheiro vivo, orçamento secreto, etc. Pra mim, são farinha do mesmo saco.    

Mas o povo já elegeu. E, em toda a história republicana do Brasil, o eleito sempre assumiu. Então, não entendo porque todo esse fuzuê agora. Porque todo esse rebu, quebra-quebra e clima de guerra civil que se instalou no País.

Mas, principalmente, não entendo porque querem jogar o abacaxi no colo das Forças Armadas; que não têm nada a ver com isso. Quem começou com essa de chamar o povo para a frente dos quartéis? E por que vejo, nas redes sociais, gente dizendo que “o Exército nos abandonou”, “os generais são covardes” e outras merdas assim?

Li, umas 20 vezes o tal do Artigo 142 da Constituição; e não encontrei nada que autorize as Forças Armadas a intervir em resultado de eleição. Tá certo que não sou advogado, mas inúmeros que consultei também não viram. 

Tive o privilégio de estudar quatro anos em Colégio Militar e outros dois na Escola Preparatória de Cadetes, em Campinas, que forma os futuros oficiais do Exército. E posso testemunhar que lá aprendi a amar o País e defendê-lo. E aprendi, também, que questões internas devem ser resolvidas pelos órgãos competentes.

Lembro que, antes de Lula e Bolsonaro, ainda no tempo de Dilma, conversando com o Cajá, meu amigo desde as fraldas e atualmente coronel reformado, perguntei a ele se via possibilidade de intervenção militar, para arrumar o País.

Ele me respondeu mais ou menos isto: “Nós já tentamos uma vez... e isso nos custou muito; até hoje, uma parte do povo tem ranço do Exército. Vocês (civis) pediram de volta; nós devolvemos. Agora, arrumem a merda; vocês que fizeram!”.

Anos passaram... mas acho que ele estava e está certo. Afinal, foi o povo que votou e escolheu, e parte da soberania é respeitar a vontade da maioria; que, aliás, costuma ser silenciosa. A minoria é que faz zoada, segundo o ditado.

Sábio Cajá! Estou inteiramente de acordo com ele. Que um e outro lado continuem vivendo nesse clima de guerra, se querem: chamando-se de “comuna” e “rebanho”, “vermelho” e “bolsominion”. Continuem a defender os seus ídolos, até à exaustão.

Afinal, esse é um direito de cada um. Só acho que está na hora de pararem as “fake news”, para que as pessoas possam voltar a confiar nas informações que recebem, sem precisar verifica-las antes. É muito ruim viver assim!

E acho, também, que é hora de deixar de encher o saco dos militares; alguns deles, claro, gostam de Lula; e outros de Bolsonaro. É uma questão pessoal. Mas a Instituição, como um todo, está acima de vontades e vaidades pessoais. Foi uma das coisas que aprendi lá.

Convenhamos: o que é que as Forças Armadas têm a ver com isso?!   

1.08.2023

PATRIOTAS OU TERRORISTAS?

 


Assistindo, pela TV, as cenas dantescas de hoje, em Brasília.

Sinceramente: não me surpreendo. Este quadro já se vinha desenhando há algum tempo; é como aquela famosa obra de Garcia Marquez: “Crônica de uma Morte Anunciada”.

A sensação que tenho? Revolta; como, acredito, qualquer cidadão de bem. Mas, ao mesmo tempo, um pouco de alívio. Como o que se sente, ao ver que a tempestade passou e a casa continua íntegra.

No meu modo de ver, hoje assistimos a um ato de desespero; alguma coisa como a queima de um último cartucho. E, em minha opinião, o queimaram cedo demais.

Os prejuízos poderiam ter sido bem maiores, se mais tempo se houvesse passado. Ou se Bolsonaro não fosse o covarde que é, e houvesse retornado dos Estados Unidos, para assumir de fato o comando do golpe que vem coordenando.

Porque, convenhamos, alguém acredita que tudo isso de hoje foi combinado por pessoas aleatórias, através de grupos de WhatsApp? O que assistimos foi uma ação muito bem coordenada e – é preciso reconhecer – contando com a conivência da segurança do DF; e, possivelmente, de outros órgãos.

A mim, parece claro que, por trás de tudo isso, existe uma coordenação nacional, bem executada e bem suprida de dinheiro. Tudo bem, os bolsominions podem esbravejar e dizer que foi obra de “patriotas”; cada um acredita no que quer.

Mas – e este é o ponto – existe alguma chance de chamar de patriotismo o que assistimos hoje? Criminosos vestidos de verde e amarelo, enrolados em bandeiras, depredando o patrimônio da nação? Com certeza, isso não é patriotismo; podemos chamar, no mínimo, de vandalismo. Ou até terrorismo.

Então, como eu dizia, sinto até um pouco de alívio. Agora, as peças estão bem dispostas no tabuleiro; ou, se você prefere pôquer, as cartas já foram abertas sobre a mesa. Cada um já mostrou o jogo, e os resultados não devem demorar a aparecer.

As máscaras caem. Já vemos que os ditos “patriotas” estão mais para terroristas, que querem impor a sua vontade sobre a vontade da maioria. Já vemos que estão organizados e bem financiados; ou não poderiam armar um esquema desses e colocar quase 100 ônibus em Brasília. É muita logística, para um ato aleatório ou espontâneo.

A pergunta natural é: o que vai acontecer agora? Confio em que o governo eleito tenha lucidez suficiente, para aproveitar o alerta e colocar o veículo nos trilhos. Para expurgar de seus quadros aqueles que não mereçam estar neles, por deslealdade ou interesse financeiro.

Mais uma vez, os bolsominions copiam Trump: o que assistimos, hoje, foi a reprise daquela palhaçada de invasão do Capitólio. A diferença é que, lá, os órgãos públicos souberam intervir e colocar os vândalos no seu devido lugar. Aqui, como sempre, as coisas não foram bem assim; a reação demorou mais um pouco.

Mas vejo, no episódio, um lado positivo: acabou a “guerra fria”. As máscaras caíram. Agora, já sabemos quem é quem. Entre patriotas ou terroristas.  

Você, de que lado está? 

1.05.2023

BRASIL. AGORA DELIVERY?

 


Eu confesso: tenho um pouco de pena dos bolsominions.

São como crianças iludidas, perdidas na busca inútil de uma lâmpada maravilhosa, da qual surja um gênio, que venha atender aos seus pedidos. Crianças birrentas, que querem impor a sua vontade.

Mesmo após o ídolo e a família fugirem para outro País, insistem em chamar de “Mito” um cara que tá cagando e andando pra eles, como diz a velha frase popular.

Depois de assistirem a uma posse oficial, com todo o cumprimento do ritual previsto, inclusive a continência das forças armadas e a presença de inúmeros governantes de outros países, continuam a esperar que aconteça um golpe, um milagre que reconduza Bolsonaro ao poder.

É um delírio coletivo, que em alguns casos chega a extremos individuais. Há gente dizendo que a faixa da posse foi falsa, e outros afirmando que a “farsa” da posse será desmontada em 19 de janeiro. Ou que o povo vai tomar o poder no Congresso, nos dias 7 e 8 de janeiro.

Acho difícil adorar um cara que foi um dos piores presidentes da nossa história, e passou os 4 anos de mandato trepado num palanque, enquanto quase 700.000 pessoas morriam, na maior crise sanitária do nosso País.

Difícil não ver que, enquanto a educação, a saúde e o meio ambiente tinham as suas estruturas desmontadas, e até a emissão de passaportes foi suspensa por falta de dinheiro, pastores recebiam barras de ouro e o Orçamento Secreto destinava 19 bilhões a deputados, para usar no que quisessem.

Convenhamos: é um disparate sem tamanho, fechar os olhos a tantas coisas tão evidentes. Como entender que o mesmo cara que passou 30 anos sendo eleito (ele e os filhos, aliás), por urnas eletrônicas, de repente resolva espalhar que esse é um sistema inseguro?

Como entender que alguém recorra da eleição feita em dois turnos, com as mesmas urnas, pedindo que seja anulada a contagem de votos apenas em um turno, em algumas urnas? Como entender uma Polícia Rodoviária Federal que fiscaliza apenas uma região do País?

Eu poderia continuar listando os absurdos, como o maior desmatamento e o maior desprezo a povos indígenas, na história do País; como um desprezo pelas mulheres, que faz o cara agredir deputadas e jornalistas e chamar a única filha de “fraquejada”.

Poderia citar o desprezo de Bolsonaro pelas minorias, como a população LGBT e os negros (ou afrodescendentes, se preferem); poderia dizer que o maior legado desse governo foi a liberação das armas. E o maior prejuízo (além das mortes na Covid) foi o apequenamento dos símbolos nacionais, postos a serviço de um clã.

Eu poderia, sim, continuar listando. Mas... de que adiantaria? Quem se nega a enxergar com os próprios olhos, iria enxergar com os meus? Duvido!

Pessoalmente, eu não queria Lula nem Bolsonaro; a minha escolha, pelo que vi durante a campanha, seria Tebet. Mas entendo que precisamos respeitar a vontade da maioria. E fazer tudo para que dê certo: afinal, vivemos aqui.

Como eu disse, no começo, tenho uma pouco de pena dos bolsominions. Mas a verdade é que esse mimimi já encheu o saco e a insanidade já passou dos limites. Alguém ainda acredita, mesmo, que o Exército vá tomar o poder no Brasil e entregar a Bolsonaro nos EUA?

O Brasil virou delivery?