8.15.2018

O SALVADOR DA PÁTRIA



Há alguns (bons) anos, uma novela da Globo tinha como personagem Sassá Mutema, vivido por Lima Duarte; um homem simplório, que era eleito como “salvador da pátria” e, lógico, decepcionava a todos.
A novela fez sucesso, claro! Era da Globo e tinha um tema interessante: nós, brasileiros, temos a síndrome de encontrar o “salvador da pátria”. Acredito, mesmo, que Cabral tenha sido visto assim, pelos índios; e todo mundo sabe no que deu.
Ao longo da história, temos dado votações expressivas a “salvadores da pátria”. Apenas para citar alguns: Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Fernando Collor e, mais recentemente, Lula. Aqui, também, todo mundo sabe no que deu.
O assunto me volta à mente, quando vejo amigos que considero inteligentes e bem informados, nas redes sociais, uns defendendo que Lula possa ser presidente e outros elogiando Bolsonaro; tudo isso, como se não houvesse outros candidatos. É... a síndrome do “salvador da pátria” ataca outra vez!
Sobre Lula, nada mais a comentar; acho que o assunto já está esgotado e não vejo como um preso possa ser presidente, ou como o PT possa voltar agora ao poder, depois de tantas revelações e tantos escândalos.
Já sobre Bolsonaro, a história é um pouco diferente. O cara nunca fez nada de positivo pelo País, mas é um fenômeno de mídia, principalmente de redes sociais; acho que constitui um perigo real. E digo “perigo”, porque é verdade que estamos no fundo do poço, mas isso não é razão pra afundar ainda mais.
E é o que pode acontecer, se Bolsonaro for eleito. Aliás, acho que o melhor apelido para ele é o que seus seguidores criaram: Bolsomito. Porque um mito é uma mentira, algo que não existe; e essa figura que eles vendem pelas redes sociais é exatamente isso: um mito.
Dizem que ele é o único que tem coragem de “peitar” as coisas erradas. E eu pergunto: o que, exatamente? A única coisa que tenho visto Bolsonaro “peitar” são minorias desprotegidas: as mulheres, os gays, os negros... e por aí vai. Para isso, não é preciso muita coragem; basta falta de respeito pelo ser humano.
Mudarei de ideia, se alguém me mostrar algo de positivo que Bolsonaro já fez pelo País ou pelo povo; alguma medida concreta para combater a corrupção, para melhorar a qualidade de vida. Algo além de fazer apologia das armas e do machismo, ofender mulheres e gays e posar de “salvador da pátria”.
Este é o ponto. Por que precisamos polarizar entre Lula e Bolsonaro, se temos outros candidatos? A verdade é que temos um sistema político estabelecido e ninguém vai conseguir ser um “salvador da pátria”; o novo presidente vai precisar de habilidade e conhecimento político, não de arrogância e jogo de cena.
Talvez seja hora de aprendermos com os erros do passado. Em vez de buscar um “salvador da pátria”, vamos escolher um candidato sensato, comedido; que não seja um “milagreiro”, mas procure fazer as coisas naturalmente, sabendo que nenhuma nação muda da noite para o dia. As mudanças precisam ser graduais e bem fundamentadas, ou não se sustentam. Veja o caso do PT.
Acho que chega de “salvadores da pátria”; precisamos é escolher o candidato certo. Assim, com o tempo, talvez tenhamos um Brasil diferente.
Pessoalmente, estou avaliando o Álvaro Dias.