11.01.2018

MORÔ NA FILOSOFIA?



No post passado, comentei a síndrome do “Salvador da Pátria”, típica dos brasileiros.
Gostaria de dizer que estava errado, mas a verdade é que vi o País se dividir entre os dois “Salvadores”. Eu, como não tenho simpatia por ideologias ou partidos, fiquei na minha. Adotei como lema #Ele não. Nem o outro.
Para mim, qualquer um que prometa salvar o Brasil através da política, está praticando demagogia barata. Acredito que este País só pode encontrar salvação através da educação, que é o caminho para a cidadania. Só a cidadania pode salvar uma nação
Mas, como eu dizia, assisti de camarote à troca de farpas (melhor dizendo, de lanças e pedras) entre os dois lados; contemplei a batalha dos dois exércitos, com um interesse puramente acadêmico. E, confesso, foi muito instrutivo.
Você já experimentou assistir uma filmagem de festa de Carnaval, sem o som? Parece um bando de loucos, pulando à toa, não é? Pois acredite: é isso que acontece quando você, sem ideologia ou partido, assiste a uma disputa como essa. É difícil entender porque as pessoas se comportam daquela forma.
Só que essa disputa fez vítimas. Vi amigos ofendendo amigos, casais discutindo, parentes se tornando inimigos. Não apenas nas redes sociais, que foram o maior campo de batalha, mas também na vida real. Tudo isso, em nome da democracia (que consiste em repeitar a opinião do outro), ou da sinceridade; como se, para ser sincero, fosse preciso ser grosseiro. 

Claro, também apanhei algumas sobras; acho que, para ambos os lados, era difícil entender a minha neutralidade. Na realidade, a explicação é muito simples: sempre acreditei que estaríamos lascados, ganhasse quem ganhasse; como, aliás, continuo achando.
O pior é que a eleição passou; mas a batalha continua. E, assim, estaremos mais lascados ainda. Mas isso é assunto para outro post, mais em frente, quando começarmos a ver os resultados da nova administração.
O que quero comentar, hoje, é a indicação de Sérgio Moro para Ministro da Justiça; sem dúvida, mais uma cartada esperta de Bolsonaro, populista emérito e eficiente; assim, ele atrai para seu governo alguém que tem sido citado, inúmeras vezes, como um ícone da Justiça e do Direito.
Cabe, entretanto, a pergunta: será bom para Moro, que declarou, em 2016, que não tinha interesse em cargos políticos? Em qualquer análise lógica, a aceitação do cargo lança a sombra da dúvida sobre as suas pegadas, até aqui brilhantes.
A suspeita é inevitável: será que ele, ao prender e tirar do campo eleitoral o ex-presidente Lula, no mínimo um adversário temível, se baseou na Justiça ou nos próprios interesses? Será que ele seguiu as provas, ou as orientações que recebeu, em busca de futuros ganhos?
Nunca é demais lembrar que, na Itália, a Operação Mãos Limpas, na qual se espelhou a Lava Jato, baniu a corrupção da época. E fez nascer uma nova safra de corruptos, mais temíveis e prejudiciais porque mais espertos. Foi um upgrade, que fez nascer uma corrupção 2.0.
Não sabemos qual é a verdade; só o tempo nos mostrará. Pessoalmente, torço para que o País se una e o novo governo dê certo; até porque vivo aqui e o que for ruim para o Brasil será ruim para os brasileiros. Peço a Deus que o novo Presidente faça o melhor governo de todos os tempos, para que todos possamos viver melhor.
Mas repito: foi uma escolha muito boa para Bolsonaro. Para Moro, sinceramente, não sei. Vamos esperar que ele tenha um excelente desempenho, para que não se mostre um ídolo com pés de barro e, de ícone da Justiça, não se transforme em símbolo de corrupção.
Morô na filosofia?