ACREDITEM! É REAL!!!
Já nem lembro o ano; o nome do jornal eu lembro, mas prefiro não falar. Foi onde travei conhecimento com o corre-corre, a fofoca e a ciumeira das redações, onde imperavam o telex e o teletipo; nada de internet.
Pasmem os mais novos, mas também não havia Pagemaker ou outro programa de editoração. O jornal era diagramado na mão, na régua e na calculadora; as notícias digitadas, revisadas, cortadas e montadas com cola sobre o papel, para que fossem feitos o fotolito e a chapa de impressão.
Bons tempos, apesar da trabalheira! As bobinas enormes, de papel macarrão, importadas do Canadá, que só eram movidas por empilhadeiras, devido ao peso descomunal. A rotativa gigantesca, que fazia tremer o prédio como se um trem por ali passasse, e invadia as nossas narinas com o cheiro ativo de tinta. Na época, um cheiro horrível; hoje, cheiro de saudade.
Mas esqueçam a minha saudade. Depois, falo mais sobre essa época de jornalismo romântico. Hoje, quero contar um lance que aconteceu naqueles tempos; um lance tão engraçado, que até parece história da Márcia. Mas aconteceu. E até hoje guardo o jornal, para provar.
A Chevrolet havia lançado o Ômega, para substituir o Opala, alguém se lembra dele? E estava empenhada em uma campanha publicitária, de caráter nacional, cujo mote era a eleição do Omega como “carro do ano”, alguém também se lembra disto?
Foi acertado, então, que na primeira página dos principais jornais do Brasil sairia uma chamada especial: a foto do Ômega, colorida, sob uma grande manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO ANO!”.
Apenas para que vocês tenham uma idéia dos valores envolvidos: naquele tempo o jornal era em preto e branco. Pelo menos aqui na Bahia, a impressão em cores ainda engatinhava, e o seu custo era cerca de 4 vezes maior que em preto e branco. Pois a Chevrolet estava bancando todas essas despesas. Uma grana!
Graças a Deus, não participei de nada disso; tudo ficou a cargo do Departamento Comercial. A chamada foi publicada na primeira página do jornal, na quarta-feira, nosso dia de maior circulação.
Logo no início da manhã, o Editor Chefe recebeu a primeira ligação telefônica. Sem conseguir acreditar, mandou buscar um exemplar. E lá, na primeira página, sobre a linda foto colorida, de quase meia página, que se destacava ainda mais no preto-e-branco rotineiro, estava a manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO CORNO!”. Em letras garrafais.
Nunca se conseguiu saber o que (talvez literalmente) estava na cabeça do digitador, do revisor e do montador; não foi provado o ato falho. Mas os três perderam o emprego, no mesmo dia.
E nunca uma edição foi retirada das bancas com tanta rapidez!...
Sobre a foto, eu explico: tava procurando uma no Google, pra ilustrar a matéria, e achei esta. Como o post fala de cornos e publicidade, e além disto combina com o título...
28 Comments:
Professor, eu ouvi falar nesse caso. Você trabalhava no jornal, é? E não fez nada? rsrs
Hahahaha, Flávio essa história está hilária, e o pior é que ela é TODA verídica :)
Eu é que não podia trabalhar num jornal,escrevo rápido e quase nunca releio...perigo.....:)
Mas estou rindo demais imaginando o desespero do Editor chefe.Cruz- credo...Qt a faixa da foto , melhor ainda.
Fiz, Rappha: dei risada pra caramba! :)
Marcia, pode crer... essa eu garanto! E tenho o jornal pra provar! :)
Valéria, fica tranquila, que hj tá menos perigoso ainda: tem o corretor do word, além dos antigos e bons revisores!:)
Magui, realmente o cara pirou! :) E esse da foto, sei não... que prazer em divulgar! ;)
rsrsrsrsrsrs Flávio, você me sai com cada uma! rsrsrsrsrs
anônimo, eu não saio... elas entram! :)
O cara devia estar com a maior dor de corno e precisava desabafar. O inconsciente falou mais alto que a censura. Abraço.
Rita, mais ou menos por aí. Como dizia um bordão antigo: quem sabe o mal que se esconde nos corações (ou nos chifres) humanos? :) Abração, volte sempre.
Hahahahahahahahahahahahaha
Hilário, Flávio! Agora, nao garanta a coisa TODA para a Marcia, nao, porque se bem conheco a minha amiga, suspeito que ela estava sacaneando os felizes proprietários de um Omega... ;-)
Vanessa, eu só garanto a história que contei... no resto, tou fora! :)
Márcia, vc tava... ou não tava? :)
Ômega? nossa, em pensar que durante toda minha infância eu nutria desejo pleno por este carro!
era meu sonho-de-consumo!
ahahahahhha!
Hoje, acho intragável!
kkkkkk Quem era o corno da redação?? Também gostaria de saber o que se passava na cabeça do digitador, do revisor e do montador. Por aqui usamos a expressão "dor de corno" quando há arrependimento por algo feito. Qual dos 3 estariam com "dor de corno"??
Flávio, brincadeiras à parte, venho lhe convidar pessoalmente para participar da blogagem coletiva que ocorrerá amanhã, dia 22. Detalhes no Luz!! Participe!! Boa semana! Beijus
Cristiano, eu tb não gosto; adorava o Opala, tanto que tive dois. Mas, pelo jeito, o Ômega teria que sair de fábrica com teto solar! :)
Luma, corno na redação com certeza tinha algum; eram cerca de 80 pessoas, a grande maioria homens! :)Só não conseguimos descobrir se algum dos envolvidos na gafe era mesmo chifrudo. :) Obrigado pelo convite; vou dar uma olhada no Luz e lá vejo os detalhes. Abração.
hahahahahahahahahahaha!!!!
e essa foto é sublime, eu publiquei ela também na antiga versão do meu blog.
Serbon, muita boa mesmo. Tem gente que faz do corno uma arte! :)
Huahuahuhauhauhauhauha
Não tem como. HAJA lerdeza e burrice pra tal fato!
leandrow, eu díria até que para ambos!... ;)
hahaha
eu fico imaginando a cara do Editor Chefe com uma coisa dessas..
Chari, pode acreditar: melhor do que imaginar, foi ver. Principalmente pq o cara não era muito simpático... :)
Flávio, isso parece história da Márcia mesmo. Dei boas risadas.
Lembrei-me de um tempo que também fazia o jornal no recorta e cola, tudo calculado 'malemá'. Era tão divertido. Pena as pessoas não levarem a escrita mais a sério.
Beijos.
Palpi, as histórias da Márcia tão arrasando; já vão até pra Globo! :) Qualquer dia destes, vou fazer uma postagem sobre aqueles tempos do jornalismo romântico, até para dar uma idéia a quem não alcançou...
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Gente isso não passa de um equívoco. Trabalhei lá e o ocorrido foi o seguinte: algumas pessoas brincado, falando corno pra lá, corno pra cá e a inocente da digitadora (evangélica) acabou digitando o que ouviu. A falha foi mesmo dos secretários gráficos que tinha a obrigação de ver o erro.
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