8.19.2006

ACREDITEM! É REAL!!!


Já nem lembro o ano; o nome do jornal eu lembro, mas prefiro não falar. Foi onde travei conhecimento com o corre-corre, a fofoca e a ciumeira das redações, onde imperavam o telex e o teletipo; nada de internet.

Pasmem os mais novos, mas também não havia Pagemaker ou outro programa de editoração. O jornal era diagramado na mão, na régua e na calculadora; as notícias digitadas, revisadas, cortadas e montadas com cola sobre o papel, para que fossem feitos o fotolito e a chapa de impressão.

Bons tempos, apesar da trabalheira! As bobinas enormes, de papel macarrão, importadas do Canadá, que só eram movidas por empilhadeiras, devido ao peso descomunal. A rotativa gigantesca, que fazia tremer o prédio como se um trem por ali passasse, e invadia as nossas narinas com o cheiro ativo de tinta. Na época, um cheiro horrível; hoje, cheiro de saudade.

Mas esqueçam a minha saudade. Depois, falo mais sobre essa época de jornalismo romântico. Hoje, quero contar um lance que aconteceu naqueles tempos; um lance tão engraçado, que até parece história da Márcia. Mas aconteceu. E até hoje guardo o jornal, para provar.

A Chevrolet havia lançado o Ômega, para substituir o Opala, alguém se lembra dele? E estava empenhada em uma campanha publicitária, de caráter nacional, cujo mote era a eleição do Omega como “carro do ano”, alguém também se lembra disto?

Foi acertado, então, que na primeira página dos principais jornais do Brasil sairia uma chamada especial: a foto do Ômega, colorida, sob uma grande manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO ANO!”.

Apenas para que vocês tenham uma idéia dos valores envolvidos: naquele tempo o jornal era em preto e branco. Pelo menos aqui na Bahia, a impressão em cores ainda engatinhava, e o seu custo era cerca de 4 vezes maior que em preto e branco. Pois a Chevrolet estava bancando todas essas despesas. Uma grana!

Graças a Deus, não participei de nada disso; tudo ficou a cargo do Departamento Comercial. A chamada foi publicada na primeira página do jornal, na quarta-feira, nosso dia de maior circulação.

Logo no início da manhã, o Editor Chefe recebeu a primeira ligação telefônica. Sem conseguir acreditar, mandou buscar um exemplar. E lá, na primeira página, sobre a linda foto colorida, de quase meia página, que se destacava ainda mais no preto-e-branco rotineiro, estava a manchete: “ÔMEGA, O CARRO DO CORNO!”. Em letras garrafais.

Nunca se conseguiu saber o que (talvez literalmente) estava na cabeça do digitador, do revisor e do montador; não foi provado o ato falho. Mas os três perderam o emprego, no mesmo dia.

E nunca uma edição foi retirada das bancas com tanta rapidez!...


Sobre a foto, eu explico: tava procurando uma no Google, pra ilustrar a matéria, e achei esta. Como o post fala de cornos e publicidade, e além disto combina com o título...

28 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Professor, eu ouvi falar nesse caso. Você trabalhava no jornal, é? E não fez nada? rsrs

7:09 PM  
Blogger Unknown said...

Hahahaha, Flávio essa história está hilária, e o pior é que ela é TODA verídica :)

8:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu é que não podia trabalhar num jornal,escrevo rápido e quase nunca releio...perigo.....:)

9:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

Mas estou rindo demais imaginando o desespero do Editor chefe.Cruz- credo...Qt a faixa da foto , melhor ainda.

10:19 PM  
Blogger Flávio said...

Fiz, Rappha: dei risada pra caramba! :)

10:42 PM  
Blogger Flávio said...

Marcia, pode crer... essa eu garanto! E tenho o jornal pra provar! :)

10:43 PM  
Blogger Flávio said...

Valéria, fica tranquila, que hj tá menos perigoso ainda: tem o corretor do word, além dos antigos e bons revisores!:)

10:44 PM  
Blogger Flávio said...

Magui, realmente o cara pirou! :) E esse da foto, sei não... que prazer em divulgar! ;)

10:45 PM  
Anonymous Anônimo said...

rsrsrsrsrsrs Flávio, você me sai com cada uma! rsrsrsrsrs

11:49 PM  
Blogger Flávio said...

anônimo, eu não saio... elas entram! :)

12:07 AM  
Blogger Rita Contreiras said...

O cara devia estar com a maior dor de corno e precisava desabafar. O inconsciente falou mais alto que a censura. Abraço.

1:22 PM  
Blogger Flávio said...

Rita, mais ou menos por aí. Como dizia um bordão antigo: quem sabe o mal que se esconde nos corações (ou nos chifres) humanos? :) Abração, volte sempre.

3:47 PM  
Anonymous Anônimo said...

Hahahahahahahahahahahahaha
Hilário, Flávio! Agora, nao garanta a coisa TODA para a Marcia, nao, porque se bem conheco a minha amiga, suspeito que ela estava sacaneando os felizes proprietários de um Omega... ;-)

6:23 PM  
Blogger Flávio said...

Vanessa, eu só garanto a história que contei... no resto, tou fora! :)
Márcia, vc tava... ou não tava? :)

9:51 PM  
Blogger Cristiano Contreiras said...

Ômega? nossa, em pensar que durante toda minha infância eu nutria desejo pleno por este carro!
era meu sonho-de-consumo!
ahahahahhha!
Hoje, acho intragável!

12:38 AM  
Blogger Luma Rosa said...

kkkkkk Quem era o corno da redação?? Também gostaria de saber o que se passava na cabeça do digitador, do revisor e do montador. Por aqui usamos a expressão "dor de corno" quando há arrependimento por algo feito. Qual dos 3 estariam com "dor de corno"??
Flávio, brincadeiras à parte, venho lhe convidar pessoalmente para participar da blogagem coletiva que ocorrerá amanhã, dia 22. Detalhes no Luz!! Participe!! Boa semana! Beijus

7:58 AM  
Blogger Flávio said...

Cristiano, eu tb não gosto; adorava o Opala, tanto que tive dois. Mas, pelo jeito, o Ômega teria que sair de fábrica com teto solar! :)

8:18 AM  
Blogger Flávio said...

Luma, corno na redação com certeza tinha algum; eram cerca de 80 pessoas, a grande maioria homens! :)Só não conseguimos descobrir se algum dos envolvidos na gafe era mesmo chifrudo. :) Obrigado pelo convite; vou dar uma olhada no Luz e lá vejo os detalhes. Abração.

8:21 AM  
Anonymous Anônimo said...

hahahahahahahahahahaha!!!!

e essa foto é sublime, eu publiquei ela também na antiga versão do meu blog.

11:18 AM  
Blogger Flávio said...

Serbon, muita boa mesmo. Tem gente que faz do corno uma arte! :)

11:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

Huahuahuhauhauhauhauha

Não tem como. HAJA lerdeza e burrice pra tal fato!

2:00 PM  
Blogger Flávio said...

leandrow, eu díria até que para ambos!... ;)

3:14 PM  
Anonymous Anônimo said...

hahaha
eu fico imaginando a cara do Editor Chefe com uma coisa dessas..

11:27 PM  
Blogger Flávio said...

Chari, pode acreditar: melhor do que imaginar, foi ver. Principalmente pq o cara não era muito simpático... :)

12:33 AM  
Blogger Palpiteira said...

Flávio, isso parece história da Márcia mesmo. Dei boas risadas.
Lembrei-me de um tempo que também fazia o jornal no recorta e cola, tudo calculado 'malemá'. Era tão divertido. Pena as pessoas não levarem a escrita mais a sério.
Beijos.

9:37 AM  
Blogger Flávio said...

Palpi, as histórias da Márcia tão arrasando; já vão até pra Globo! :) Qualquer dia destes, vou fazer uma postagem sobre aqueles tempos do jornalismo romântico, até para dar uma idéia a quem não alcançou...

10:26 AM  
Anonymous Anônimo said...

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11:13 AM  
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Gente isso não passa de um equívoco. Trabalhei lá e o ocorrido foi o seguinte: algumas pessoas brincado, falando corno pra lá, corno pra cá e a inocente da digitadora (evangélica) acabou digitando o que ouviu. A falha foi mesmo dos secretários gráficos que tinha a obrigação de ver o erro.

1:32 PM  

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