9.21.2006

O SUMIÇO DO ESCRIBA

Como aqui tenho dito diversas vezes, a política é mesmo uma merda! E interfere nas menores coisas da vida; até mesmo neste nosso ínfimo blog.

Explico: como alguns sabem, trabalho com marketing político. Época de eleição, pra mim, é como acontecia com as antigas prostitutas, quando havia navio no porto: trabalho multiplicado, ferro em dobro; mas é a chance de faturar um pouco mais e pagar as contas antigas.

Assim, tenho andado no maior sufoco. Nem mesmo escrevi nada engraçadinho sobre a trepada praiana da Cicarelli. E olhe que eu jamais deixaria passar a Cicarelli: ela não é apenas bocuda, mas peituda, coxuda, rabuda... tem diversos "udas" que me agradam; e pelo jeito, sabe usar todos eles.

Em condições normais, eu provavelmente seria irônico sobre o tema: por pura inveja. Tascaria o pau, virtualmente, já que não sou nenhum Tato e muito menos Ronaldo, para fazê-lo no mundo real. Mas ando tão abafado de serviço, que nem isto pude fazer. Inveja pura. É triste.

A partir de hoje, piora. Entramos na reta final da campanha; é a hora de fazer com os adversários o que o Tato fez com a Dani, só que discretamente. É perigoso deixar rastros de dossiê; quem duvidar pergunte ao Freud, que anda analisando o assunto.

Portanto, até o dia 30 vou andar num sufoco só. E talvez não tenha tempo para novas postagens, nem para visitar os blogs dos amigos. Se isto acontecer, se eu sumir, desculpem-me; e, principalmente, não me esqueçam. É pouco mais de uma semana; voltarei em breve.

E vou sentir falta de vocês!

9.19.2006

HAJA CARANGUEJO... LAMA, TEM!




O link tá aqui, mas acho que todo mundo já soube da história: Freud Godoy, assessor do Gabinete da Presidência da República, foi acusado de estar comprando, por R$ 1,7 milhão, dossiê produzido pelo Vedoin e que implicaria José Serra e Geraldo Alckmin no escândalo das ambulâncias. Assessor, não: agora é ex-assessor, porque já se demitiu. Seguiu o caminho de Zé Dirceu, Paloci, Duda Mendonça e outros mais. Lula, claro, mais uma vez não sabia de nada!

Virou piada, né? Onde um assessor de gabinete iria arranjar R$ 1.700.000,00? Aliás, onde alguém (pessoa física) iria arranjar e, pior ainda, pagar essa grana por um dossiê político? A quem interessa desestabilizar José Serra e, de quebra, meter o último prego no caixão do Alckmin? E o Lula não sabia de nada? Ah, tá!

Por outro lado, como bem fez notar o Serbon, Serra e Alckmin nada disseram sobre a acusação contra eles. Integravam ou não a máfia das ambulâncias? O silêncio sobre este assunto está pegando muito mal!

Faltam menos de duas semanas para as eleições e estes são os nossos principais candidatos. A conclusão é óbvia: tamos ferrados!

Nós e o Tiaguinho, que inda tem muito caranguejo pra catar no mangue...

9.17.2006

DE CARANGUEJOS E SANGUESSUGAS

No domingo, quando não alugo filmes, costumo assistir o Domingo Espetacular, da Record, depois do futebol. Sim, é isso mesmo: depois do futebol. Sou uma pessoa normal, como todo mundo.

Hoje, vi uma reportagem sobre os catadores de caranguejos do Piauí e do Maranhão. Vi homens caminhando na lama do mangue, pondo em risco a saúde, para catar caranguejos, que são vendidos a R$ 0,25. Isto: vinte e cinco centavos cada um. Vi os homens gastos, derrubados, derrotados pela vida, dizendo que aquele é o único meio de ganhar uns trocados, por ali; vi a tristeza nos olhos de todos eles.

Entre eles, um garoto: Tiago. 13 anos de idade; único da família a trabalhar, para sustentar oito irmãos mais novos. Descalço, os pés enterrados na lama do mangue, enfiando os bracinhos no lodaçal, até os ombros, arriscando-se a contrair não sei quantas doenças, ferindo-se nos paus e nas pedras ocultos pela lama.

Uma criança sem um brinquedo; sem um sapato. Uma casa de barro batido, coberta de palhas, sem móveis, sem um fogão sequer. Uma criança, obrigada a vender a sua infância por R$ 20,00 semanais; é o que ele consegue ganhar. Um menino sem alegria; sem presente, sem futuro.

E vi o homem que compra os caranguejos: dono de um restaurante e cabana de praia, em Fortaleza, capital do Ceará, onde cada caranguejo é vendido por mais de R$ 2,00; quase 10 vezes o valor pago ao menino Tiago. A pergunta do repórter: não dá pra pagar mais aos catadores? Não, não dá; os impostos são muito altos; foi a resposta.

Vejo, a seguir, uma matéria sobre a fita de vídeo que reúne Serra e o pessoal da empresa da máfia das ambulâncias; falando das suspeitas de que a fita teria sido comprada (por quase 2 milhões) pelo PT, para desacreditar Serra, favorito absoluto ao governo de São Paulo. Suspeitas de corrupção de todos os lados.

Lembro do mensalão, do surubão, do cuecão, do desvio das ambulâncias e de tantas outras safadezas. Aí, lembro dos olhos dos catadores, da voz arrastada, das cabeças baixas. Pior: lembro dos olhos sem brilho do menino Tiago. Lembro que ele não ganha mais por causa dos impostos, que são cobrados do povo para enricar esses filhos das putas!

Lembro que as eleições estão próximas, e cada candidato promete um mundo melhor. E a raiva me invade, de mistura à piedade, formando um bolo em minha garganta.

Pobre menino Tiago, subvivendo dos caranguejos e asfixiado pelos sanguessugas! Pobre inocente, que nem se sabe atolado em um lodaçal bem mais podre e fétido que a lama do mangue!...

9.14.2006

UMA HORA DE FOLGA


Amanhã, vou tirar uma hora de folga.

E caminhar pela beira da praia, preguiçosamente, os pés afundando na areia alva e recebendo a tépida carícia das ondas mansas.

Vou esquecer os problemas de todos os dias, que tantas vezes me roubam o gosto de viver. Preciso viver um pouco, pois não sei em qual esquina a morte me aguarda.

Não vou pensar em política, nem no trabalho; em nada que possa remeter-me de volta ao mundo. Nesta hora, pretendo não pensar nem nos filhos. Tentarei estar fora do tempo e do espaço, sonhando os meus sonhos e vivendo as minhas ilusões, entre o mar e o céu.

Vou andar sem pressa, como se pretendesse chegar ao fim do mundo. Ou a lugar algum, porque a viagem que pretendo é para dentro do meu Eu verdadeiro; ouvindo os meus sons, vendo nascer as minhas flores e respirando os aromas de minha alma.

Por apenas uma hora, vou trancar as minhas feras. Preciso delas, para enfrentar o mundo, mas amanhã não quero ouvir os seus urros; nem ver as suas garras, que tantas vezes me ferem no afã de defender-me.

E andarei ao entardecer, para que a luz do sol não me castigue os olhos, nem o seu calor me faça suar; nem as pessoas possam ofender a minha solidão, com os barulhos da sua convivência.


Quero estar completamente só, pois há muito não desfruto da minha própria companhia; não ouço as minhas perguntas e assim não consigo descobrir as minhas respostas. Fujo das minhas dúvidas e por isto não encontro as minhas certezas.

Amanhã, vou tirar uma hora de folga e caminhar descalço, pela praia; depois, terei de voltar ao carro, tirar a areia dos pés, vestir o personagem e retornar ao mundo. Mas, por algum tempo, terei o meu mundo.

E, embora não chegue a lugar algum, pelo menos nessa hora estarei mais perto de mim mesmo...

9.13.2006

MAIS ELEIÇÃO


De novo em Porto Seguro. E parece que a xará estava certa; a chuva parou, embora agora à noite esteja fazendo um pouco de frio. Nada parecido com aquele clima horrível da semana passada.

Trabalhando com política. E lembrando que o homem que fala em educação só tem 1% das intenções de voto; enquanto isto, a Heloísa que agride tem 10%... e o Lula Bolsa Família tem 51%. Isto é um retrato vivo do Brasil.

Não sei se é verdade, mas ouvi gente comentando que cerca de 55 milhões de pessoas recebem o Bolsa Família. Se for verdade, é quase um terço da população brasileira. E aí o programa já deixa de ser uma boa, por estimular a malandragem.

Isto, aliás, me faz lembrar um verso de Luís Gonzaga: “A esmola, quando é dada/ A um homem que é são/ Ou lhe mata de vergonha/ Ou vicia o cidadão”. É por aí. Ou, ao menos, deveria ser. O governo deveria dar empregos, não esmolas; deveria dar um ensino público digno, não quotas racistas e irresponsáveis.

Como naquela fábula chinesa: não dar o peixe, mas ensinar a pescar. Porque a fome não dá só em um dia. Porque ninguém pode viver dignamente de esmolas. Porque as quotas não resolvem o problema da educação, mas o agravam. Porque tudo isto vicia, não constrói.

Vejo anunciados, agora, novos programas habitacionais. Época de eleição é uma beleza, uma caça aos eleitores, uma homenagem aos pobres. Uma verdadeira farra do boi... só que os bois somos nós, que no final vamos pagar a conta.

Vamos eleger a Bolsa Família, não a educação; a esmola, não o trabalho; as quotas, não o ensino. Vamos legitimar o mensalão, o surubão, as sanguessugas das ambulâncias. Vamos fazer de conta que o Lula, realmente não sabia de nada; nem mesmo do que deveria saber, como chefe da quadrilha... perdão, do governo.


Vamos, de novo, cair nas promessas mirabolantes e levar o ferro bem real, no day after das campanhas. Eu já vi este filme outras vezes. E a melhor trilha sonora para ele é aquela música, se não engano, do Moraes Moreira: “... lá vem o Brasil, descendo a ladeira”.

Vamos nessa. A descida continua.


A ilustração, mais uma vez, peguei da Internet. E, desta vez, não lembro onde.

9.10.2006

UM POR DO SOL

Domingo à tarde, já de retorno em Salvador. Na terça, voltarei a Porto Seguro. Espero que a Flávia esteja certa e a chuva tenha mesmo passado.

Aqui, também, tempo nublado. Fim de semana, uma overdose de filmes. E a constatação de que devo estar ficando velho: ando tão sensível, que quase me comovi num filme do Chuck Norris... é o fim da picada!

Ou, talvez, não. Há momentos em que estamos... como direi? Mais vulneráveis, mais sensíveis. Muitas vezes, as circunstâncias da vida nos deixam assim. Chora-se por uma música, um perfume, até uma lembrança. Chora-se, aparentemente, por nada. E, paradoxalmente, é nestes momentos que nos sentimos mais vivos.

Isto, aliás, me faz lembrar o por-do-sol na praia de Jacaré, pertinho de João Pessoa. Em uma viagem de 15 dias pelo Nordeste, que incluiu Aracaju, Maceió, João Pessoa, Natal, Fortaleza e Porto de Galinhas, vi muitas coisas lindas. Inclusive o Beach Park, praias cristalinas e até uma lagoa de água mineral.

Entretanto, o que ficou marcado, mesmo, foi esse por-do-sol. Numa barraca de madeira, à beira d'água, vendo o sol mergulhar, ao som do Bolero de Ravel, tocado num saxofone, ao vivo. É indescritível, acreditem! Mesmo porque palavras jamais poderão descrever sentimentos.

São 3 barracas, enormes, uma ao lado da outra e todas repletas de gente. Calculo que, no minímo, umas 300 pessoas, acotovelando-se para ver e fotografar o saxofonista, falando alto, disputando os melhores lugares. Garçons passando, atendendo pedidos, clientes fazendo novos pedidos; total desrespeito, pela beleza única do momento.

Em meio a toda aquela Babel, eu me senti ilhado, como se estivesse viajando, voando, habitando em outro mundo. Um mundo de cores, de sons; de tristeza, sim, mas também daquela felicidade imprecisa que a sensação de beleza nos traz.

Acredito que, pela primeira vez, senti toda a beleza do crepúsculo. Entendi porque o seu nome, em inglês: "twilight time", ou seja, "tempo de duas luzes". A do sol, que se vai, e a da lua, que se espalha pela Terra, trazendo o descanso e favorecendo os sonhos. Eu jamais havia pensado nisto.


Foram poucos minutos, mas ficaram marcados; momentos meus, intensos, profundos. Independente de paixões, de amores. Algo que transcende a fronteira do pessoal, quase uma integração ao Cosmo; a emoção da pura beleza. Nunca mais, o por-do-sol foi o mesmo. Nem o foi o Bolero de Ravel.

Como eu disse, devo estar ficando velho. E, neste sentido, abençoada velhice!...

9.07.2006

LÁ VAMOS NÓS, DE NOVO!



Pois é, pessoal... estou em Porto Seguro; bem no feriadão de 7 de setembro!

Mas, antes que alguém entre em crise mais séria de inveja, ou se pergunte por que eu estaria sentado a um computador, escrevendo um blog, em vez de estar na praia, deixem-me esclarecer duas coisas: que estou aqui a trabalho e que está um frio de lascar! Pra baiano, é lógico; se tiver alguém na praia, pode apostar que é turista!

Isto posto, até para justificar a demora de novas postagens, deixem-me comentar com vocês uma reportagem que acabo de ler na Veja: pesquisas indicam que é a maior da história, a divisão entre os eleitores da classe média e os pobres, a respeito do voto para Presidente.

E eu pergunto: qual é a novidade? Nada mais natural do que essa divisão, uma vez que o Lula está tirando do bolso de uns (através dos impostos) e botando nos bolsos dos outros, com programas assistenciais e eleitoreiros; é normal que a (cada vez mais reduzida) classe média berre e a dos pobres aplauda.

Segundo a reportagem, nestes quase 3 anos de Lula, a classe média (onde, teoricamente, estão os formadores de opinião) perdeu cerca de 12% do poder aquisitivo. Cada um sabe onde lhe dói.

Aliás, preciso confessar que, de vez em quando, leio na Veja uma frase interessante. Desta vez, li que no Brasil a miséria é uma realidade, administrada eleitoralmente. Pensem nisto; é mais profundo e verdadeiro do que parece.

Exatamente por isto, vamos à reeleição "favas contadas" do Lula. Sem nenhum candidato sério, que o ameace, o Presidente Voador deve ser reeleito ainda no primeiro turno. Mais 4 anos de quotas nas faculdades e ensino público falido; de Bolsa Família e escassez de empregos. Seja o que Deus e o povo quiserem.

Vamos ver o Lula ser eleito e vamos trabalhar dobrado, para tentarmos permanecer na classe média, pelos próximos 4 anos!

Nós merecemos.

9.03.2006

SOBRE O TESTE DO SOFÁ


Vejo, na Internet, que um diretor da Zorra Total (TV Globo) foi demitido, acusado de ter proposto a uma figurante o famoso “teste do sofá”, em troca de um papel melhor no programa. A este respeito, algumas considerações podem ser tecidas.

A primeira é que diversas artistas, hoje famosas, denunciaram ter sido convidadas algumas vezes para o mesmo teste. E quase todas disseram ter recusado o convite. Bom, aí, eu tenho uma pequena dúvida: recusaram, mesmo? E a fama, como veio?

Mas esqueçamos esta dúvida. Que, aliás, é apenas sobre hipocrisia; não sobre o aspecto moral (ou imoral, melhor dizendo) de uma proposta deste tipo. Não sei se o diretor global a fez; isto é problema dele. Refiro-me ao ato, propriamente dito, de oferecer vantagens a alguém, em troca de uma trepada.

Desculpem-me, as leitoras; eu sei que poderia ter colocado “relação sexual”. Mas, no caso, acho que trepada é o nome certo; apenas uma relação animal, tanto para quem propõe, como para quem aceita.

Para um, é o prazer; para outra, o instinto de conservação; rebaixar-se para subir. Cauby Peixoto já cantava coisa parecida, em “Conceição”, quando eu ainda era um garoto; o problema é antigo, portanto. Tão antigo, por sinal, que a prostituição é conhecida como a profissão mais velha do mundo.

Aliás, dirão os mais cínicos que este é apenas um aspecto da coisa. Que nos prostituímos todos os dias, vendendo o nosso tempo, a nossa mente e as nossas vontades, a troco da sobrevivência.

Quem nunca pensou em mandar o chefe disponibilizar a terceiro o local onde o sol não bate? E quantos, efetivamente, já o mandaram tomar no rabo? Assim, o assunto é bem mais abrangente; trata-se de estabelecer fronteiras para o que pode ser definido como prostituição. Ou aliciamento.

A triste verdade, acho eu, é que realmente precisamos vender algo, para que possamos comprar a sobrevivência; não a temos de graça. A diferença é que cada um estabelece os seus próprios limites e, assim, ganha a própria vida sem subverter a sua alma.

Vender as convicções, as crenças e as próprias idéias, acredito, é vender a própria alma. Vender o próprio corpo, é como alugar o altar da felicidade maior para um banquete de porcos.


Porém, quem recebe uma proposta deste tipo ainda pode escolher entre vender ou não a sua dignidade.

Quem faz a proposta, não tem esta escolha. Já perdeu a própria dignidade, há algum tempo!...