4.25.2006

DE PINTOS E COLETIVOS


Vejo, na Internet, que foram criados vagões exclusivos para mulheres, nos metrôs e trens, por iniciativa de um nobre deputado, cujo nome não recordo.

Acho esta medida tão importante quanto o projeto da ilustre excelência Ângela Guaxinin (mais conhecida como a rumbeira da pizza), que proibiu garotas de biquini em comerciais de cerveja... talvez por medo da concorrência.

Até onde sei, a medida visa evitar aquelas roçadinhas nas mulheres, aproveitando os coletivos lotados. É uma prática antiga e, realmente, muito difundida. Aqui, na Bahia, tem até um nome próprio: “fazer terra”.

Pessoalmente, nunca fui chegado. Não tenho a imaginação necessária para gozar apenas me esfregando (vestido) numa bunda (também vestida) à minha frente. Principalmente, porque sempre há o risco de haver um cara, atrás de mim, que seja chegado em bunda de homem e aí vai ser problema! A esfregação não ocorre apenas de um lado.

Portanto, não represento perigo para as mulheres... ao menos em coletivos; nos quais, aliás, dificilmente trafego. Um dos poucos luxos aos quais me dou é fazer questão de rodar no meu carrinho (bem) usado.

Sei, entretanto, que muitos caras fazem isto. Normalmente pessoas mal resolvidas, sem vida sexual ativa, que aproveitam a chance para uma masturbação imaginária.

Porém, pergunto, a solução é separar homens e mulheres? Ou isto equivale apenas a um atestado de bestialidade para o ser humano? Separam-se animais, nos criatórios, quando não se quer que a cópula ocorra. Mas seres humanos, em transportes coletivos?

Realmente, não é por aí. Isto é mais ou menos como cortar o bilau do cara, em vez de ensiná-lo a usar camisinha, para evitar filhos e (principalmente!) AIDS. Esta não é a solução.

Como sempre, a resposta está na educação; na cidadania. Em conscientizar o povo, para que respeitem os direitos alheios, se querem ser respeitados. Os caras precisam lembrar que as suas esposas, filhas, mães e irmãs também têm bundas; e bem chamativas, em alguns casos. Se todos mantiverem os pintos quietos, nenhuma delas será molestada.

Esta é a solução. E não é preciso ser deputado, para ver isto.

Basta saber controlar o próprio pinto...



Para a ilustração, adaptei um antigo desenho do meu amigo Paulinho Couto.

LAMPIÃO E OS SEM TERRA


Não sei se ainda se usa a expressão popular “meter-se em camisa de cem varas”. Era o equivalente a “entrar em fria”, “arranjar sarna pra se coçar” e outras mais.

Entretanto é ela que me vem à mente, quando começo esta postagem. Sei que é um assunto polêmico e não faltará quem diga que sou contra os pobres; o que, aliás, será uma grande injustiça, porque é exatamente nesta numerosa e sofrida classe que me incluo, ao menos pelos meus parâmetros.

Sou, sim, contra a bagunça, o desrespeito, o roubo e a violência. É por isto que não entendo o beneplácito do governo para com o MST. Dizem-me que é o único movimento do gênero, no mundo, e acredito; em qualquer outro país, ele não seria tolerado.

Uma coisa é lutar contra a fome e defender a reforma agrária. Outra coisa, bem diferente, é invadir terras à força e com apoio de armas, ferindo pessoas e roubando (desculpem, mas a palavra é esta) os bens de cidadãos ou empresas que respeitam as leis e pagam seus tributos, merecendo, portanto, a defesa do governo que os recebe.

Deixem-me recorrer ao exagero, para explicar a linha de raciocínio. Seria justo que houvesse o Movimento dos Sem Rango, para saquear os supermercados? Ou o Movimento dos Sem Dinheiro, para saquear as caixas-fortes dos bancos? Ou, pior ainda, o Movimento dos Sem Xoxota, para invadir as casas dos cidadãos e comer as suas esposas e filhas?

Ninguém consegue imaginar isto, não é? Então, como apoiar a espoliação de fazendas, de onde saem os produtos agrícolas que todos nós consumimos? Alguém, por favor, me dê uma boa razão para isto! Uma razão que não seja política (já que os sem terra também votam); ou econômica, pois desconfio que role um dinheirinho por debaixo do pano, para que os órgãos públicos façam vistas grossas.

No meu tempo de estudante, por muito menos do que isto (apenas protestos pacíficos), tomamos porrada da polícia e do exército; até cachorros soltaram contra nós e muitos amargamos prisões. O que mudou? Não me venham dizer que é evolução da nossa democracia; para mim, isto parece muito mais anarquia, com todas as letras e no sentido exato do termo.

Muitos anos atrás, revoltado com a exploração dos poderosos, Lampião formou o seu bando de cangaceiros e percorreu o nordeste, tomando à força o que queria. Ficou marcado como um bandido sanguinário; contra ele foram enviadas as forças da legalidade, sem descanso, até que o viram morto.

Por uma questão de coerência, o mesmo governo que tolera (e até protege) esse movimento, deveria reabilitar a memória de Virgulino Ferreira da Silva; torná-lo um herói nacional e reconhecer o seu pioneirismo.

Porque, para mim, Lampião foi o precursor dos Sem Terra!



Foto do banco de imagens do Google. Dá pra dizer que qualquer semelhança é mera coincidência?

4.19.2006

LEMBRANÇAS DO D.I.V.A.


“No meu tempo” (detesto esta expressão, que equivale a um auto-atestado de envelhecimento, mas às vezes é impossível fugir dela), as comadres e fofoqueiras desempenhavam importante papel na manutenção da ordem social.

Explico: à falta de melhores afazeres, as simpáticas velhinhas assumiam as funções de olhos, ouvidos e (principalmente) boca da comunidade local. Eram elas que ficavam nos muros, ou por trás das janelas, olhando o que se passava na rua.

Analisavam o comprimento das roupas das jovens, viam quem saía com quem, a que horas voltavam e outras miudezas semelhantes, que só podem interessar mesmo a quem já tem a vida ganha e pode gastar tempo esmiuçando a alheia.

Sabe disto a hoje senhora que, quando adolescente, foi flagrada por uma dessas fiscais não nomeadas, conversando com algum rapaz em um canto um pouco mais escuro; ainda que fosse um papo inocente, quando a pobre jovem chegava em casa, era certo enfrentar um tribunal familiar. Isto, quando o pai ou a mãe não iam arrancá-la do local e escoltá-la para casa, entre recriminações e eventuais porradas.

As velhinhas eram respeitadas, e suas línguas temidas. Sentinelas vigilantes, evitaram a colheita precoce de incontáveis cabaços (ainda se usa esta palavra?) e foram responsáveis por muitos casamentos de véu e grinalda, embora em alguns deles fosse visível que o pai carrancudo não largava o braço do futuro genro, para evitar alguma fuga de última hora.

Não foram poucos, também, os rapazes que largaram o cigarro depois de uma homérica surra, causada pela delação anônima de uma incauta tragada; ou os que deixaram de beber, depois que uma boca murcha soprou aos ouvidos dos pais que os havia visto tomando uns goles, numa rodinha de “viciados”.

Pareciam ter olhos na nuca, aquelas velhotas que integravam o D.I.V.A. (Departamento de Investigação da Vida Alheia, alguém se lembra?). Como, uma vez, bem resumiu um amigo de então: “Tá tão deserto, que você pensa que pode arriar as calças e cagar na rua; mas basta dar um peido, que amanhã o bairro todo já sabe!”.

Para os adolescentes, as fofoqueiras eram um ameaçador pesadelo; para os pais, entretanto, grande aliadas. Tanto, que se cunhou uma expressão: “Bendita seja a maldita língua do povo”, para enaltecer as “catástrofes” evitadas por essa rede clandestina e voluntária de informações.

Eu mesmo, confesso, já tive que interromper bons amassos por causa da passagem de uma dessas senhoras. A garota corria para casa, desesperada para chegar antes da velha, e eu corria pro outro lado, antes que o pai dela chegasse. Ainda me lembro de algumas pombas que debandaram, antes de sentar no poleiro armado e ansioso.

Por isto, acho que sou vítima de uma grande injustiça: quando jovem tive um trabalhão para evitar aqueles diabos de velhas. E hoje, quando meus filhos delas precisam, onde andam aquelas doces senhoras do D.I.V.A. ?

4.15.2006

VOTO SECRETO, SÓ PARA O ELEITOR!!!

Aumenta o número de deputados mensaleiros absolvidos por seus colegas de excelência. E isto traz de volta a questão do voto secreto, para os integrantes do Poder Legislativo.

Sou contra. Acho que o voto secreto dos parlamentares contraria a própria essência da democracia: “o poder do povo, para o povo e pelo povo”.

Ao votar, o parlamentar está votando em nome das pessoas que o elegeram; cada voto de um Vereador, de um Deputado, ou de um Senador, representa, na verdade, o voto de todas as pessoas que o escolheram para o cargo que ocupa. E ele tem a obrigação de fazer valer a opinião dessas pessoas.

A lógica é simples: quando você vota em alguém, está dando a esse alguém poderes para representar você no governo, para defender as suas opiniões e os seus interesses; está dando, a esse alguém, uma procuração para falar em seu nome. Quando a pessoa que você elegeu vota, é como se você estivesse votando.

Ora, se você não sabe como esta pessoa votou, como pode saber que ela expressou a sua vontade? Como pode saber se o voto que ela deu foi o mesmo que você daria, se estivesse decidindo sobre a questão? Como pode saber se ela merece ser reeleita, para continuar a representar você no governo?

Você, simplesmente, não sabe. E por isto, na próxima eleição, vai votar “no escuro”; vai dar o seu voto, conceder uma procuração, a uma pessoa que talvez esteja contrariando o que você pensa, decidindo contra as suas opiniões.

Por que muitos parlamentares defendem o voto secreto? Talvez, justamente para que possam votar contra a vontade do povo, contra os interesses daqueles que os elegeram, sem serem cobrados por essa atitude. OK, é uma resposta incômoda, mas que outro motivo pode existir?

Uma das grandes causas dos problemas brasileiros é a impunidade. E o voto secreto concede aos parlamentares uma espécie de impunidade eleitoral: a certeza de não serem cobrados por suas decisões, de não assumirem a responsabilidade pelos votos que apresentam, pelas decisões que tomam em nome de seus eleitores.

O eleitor tem direito ao voto secreto. Porque, quando vota, está expressando a sua opinião pessoal; escolhendo a pessoa na qual confia, que acha mais indicada para defender a sua opinião. Dá, ao candidato que escolhe, uma procuração para representar a sua vontade no governo.

Parlamentares não têm direito ao voto secreto. E não têm, porque não estão ali para dar a sua própria opinião, mas sim a opinião daqueles que os elegeram; para cumprir a vontade do povo, das pessoas que confiaram neles e lhes deram a procuração do mandato. Caso contrário, a democracia deixa de existir, e se transforma numa oligarquia, onde poucas pessoas decidem os destinos do país.

Vamos acabar com o voto secreto. Assim, combateremos a impunidade eleitoral e teremos uma política mais limpa. E estaremos dando um passo importante, para termos a verdadeira democracia!


Se é que isto ainda pode existir, em nosso país...


Para ilustrar as nossas excelências, ninguém melhor que os simpáticos Metralhas, do Disney...

4.13.2006

OS DIREITOS DA SUZANE


Li, no Livro dos Aforismos (link ao lado), texto e comentários interessantes sobre a Suzane Von Richtofen, a Patricinha Assassina. E lá vou eu, como dizia minha avó, “meter a minha colher torta” no assunto.

Vou deixar de lado a parte da possível corrupção, que teria permitido ao assassinado pai amealhar uma boa fortuna (por sinal, causa e facilitador da sua morte).

Corrupção já não me espanta mais, neste país; aliás, estou meio desconfiado de que até a minha empregada surrupia alguns gêneros alimentícios da despensa, sem a devida autorização. Mas, se não posso derrubar o avião do Lula, por que torpedear o vôo rasteiro da coitada?

Voltemos, portanto, à Suzane. Pelo que vejo, porque a “pobrezinha” passou uma noite sentada e algemada, já se fala em “absurdo” e “desrespeito aos direitos humanos”. Tem gente com peninha dela... a mesma peninha que ela não teve, quando matou os próprios pais A CACETADAS!

Acho que direitos HUMANOS não se aplicam aos autores de alguns crimes, por cuja natureza os autores já fogem à definição de “humanos”; principalmente, se é verdade que são os pensamentos e os sentimentos que diferenciam os homens dos animais.

Acho que a justiça deve ser baseada na lógica. Se um pobre desesperado comete um pequeno furto, para sustentar a família, não deveria ser encarcerado junto a marginais escolados, que o desviarão de vez para a senda do crime; deveria, sim, receber do Estado assistência social e uma chance de reabilitação.

Já estupradores, por exemplo, deveriam ser sumariamente jogados numa cela com uns 15 presos bem fortes, que previamente tenham passado uns 3 meses sem ver mulher; uma semana depois, se tira o cara da cela e se inicia o processo. Ele já vai ter uma boa idéia do quanto dói ser comido na raça!

Uma garota de 22 anos, que mata os próprios pais na porrada, por causa de dinheiro, para mim não tem definição; é capaz de qualquer coisa. Ela, certamente, não se arremessaria num avião contra o World Trade; mas, se achasse um piloto e pudesse estar bem longe na hora, com certeza não pensaria duas vezes. Não por fanatismo, mas por grana.

Ela, realmente, é um perigo para o irmão; aliás, para qualquer um e para toda a sociedade. Renunciou à condição de “humana”; é uma fera traiçoeira, cruel e dissimulada, pronta a matar de novo, quantas vezes achar que deve e tem vontade, se puder se sair bem.

Portanto, eu quero mais é que ela se lasque. Não me interessa se vai dormir sentada e algemada, ou solta e num colchão macio; se vai comer ou passar fome; se vai tomar banho ou ficar suja; se vai tomar porrada das outras detentas. O que me interessa é que fique presa, já que no Brasil não existe pena de morte; que fique bem longe de mim e das pessoas que amo.


E, por favor, não me venham os psicólogos de plantão com “sociopatia” e outras palavras bonitas; talvez até expliquem porque uma pessoa se transforma numa fera, mas não justificam nem desculpam. E essa fera tem que ser segregada, em defesa da comunidade.


Direitos HUMANOS são para seres humanos. Lugar de fera é na jaula!



O cara aí da imagem era um defensor dos direitos das cobras...

4.11.2006

ENTRE AS MANIAS QUE EU TENHO...



De volta aos afazeres internetianos (acho que vou registrar o neologismo), é hora de cumprir a missão que me foi confiada (ou seria melhor dizer outorgada?) pelo amigo Serbon: escrever um pouco sobre as minhas 5 piores manias.

Tudo bem, sei que “ninguém pode ver tinta fresca sem logo passar o dedo”, ou seja, todo mundo tem suas manias; isto até já virou música, não é? Assim, não me envergonho das minhas. O problema é que são tantas, que nem sei quais escolher. Mas vejamos algumas.

Saudosismo, com certeza, é a maior. Mas esta é natural, em quem já passou dos trinta anos. Quem não gosta de ouvir as músicas que marcaram a sua juventude, os seus namoros e os seus etcs? Sou um saudosista incorrigível: músicas, lugares, perfumes e, às vezes até uma simples palavra, me fazem viajar no tempo e reviver instantes antigos.

Falar mal de político; esta dispensa comentários. É só dar uma espiada no blog. Mas é a única forma que tenho de não me sentir tão roubado, quando pago os meus impostos.

Um cigarro depois, é infalível. Em contrapartida, dispenso o uísque antes; mesmo porque não bebo uísque... não gosto do sabor. Mas o cigarro depois é indispensável; aquela fumacinha subindo para o teto, enquanto a gente conversa, naquela gostosa saciedade...

Ler no troninho... taí uma mania que passei adiante. Mantenho uma coleção de revistas e até livros no banheiro; alguns já lidos, é verdade, mas na hora da necessidade vale um repeteco. O engraçado é que todos os meus filhos têm esta mania; ninguém vai lá, sem levar o que chamamos “material de leitura”... mania é contagiosa?

Banho quente e demorado. A temperatura ambiente pode estar em 30 graus, mas não tomo banho frio; nem rápido. Gosto de sentir a água morna escorrendo pelo corpo, o contato macio do sabonete na pele, sob a água. O único problema com esta mania, confesso, é a conta da luz...


Bem, promessa cumprida, Serbon. Na próxima semana, políticos e afins que se cuidem!

4.06.2006

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM



Quando eu era menino (sim, tenho boa memória!:), a gente brincava de inventar títulos absurdos para filmes hipotéticos, tipo: "Incendio no Iceberg", "O Sol da Meia Noite", etc. Um dos mais populares era exatamente "A Volta dos que não Foram".

Mas fiquem tranquilos; não é um novo ataque de saudosismo. Apenas, este título me voltou à mente, de certa forma transformado em realidade, por incrível que pareça, num filme protagonizado por nossas excelências.

Explico: depois da dança comemorativa da Angela Guaxinin (belo apelido criado pelo Serbon!) e da absolvição de mais um deputado claramente mensaleiro, vejo na Internet que muitos membros da Comissão de Ética da Câmara ameaçam demitir-se.

Ora, façam-me o favor! Já era ridícula a existência dessa tal Comissão, em uma organização como a Câmara, onde a ética é, para dizer o mínimo, bastante flexível! E mais ridículo ainda é que nem as próprias excelências estão mais aguentando os absurdos que elas mesmas cometem!

Que me desculpem os nobres deputados, mas essa é realmente muito engraçada! Pedir demissão de uma Comissão que nunca funcionou, é a própria "VOLTA DOS QUE NÃO FORAM"!


Como todo mundo sabe, o simpático garotinho aí da ilustração é o Cascão, criado pelo Maurício de Souza, e que já foi o rei da sujeira!