O QUE O EXÉRCITO TEM A VER COM ISSO?
Confesso
que cada vez entendo menos.
Lula teve
60.345.999 votos; Bolsonaro somou 58.206.354;
portanto, Lula venceu as eleições com uma diferença de quase dois milhões de
votos.
Desde
1996; há 26 anos, portanto, o Brasil utiliza urnas eletrônicas. Desde 1989,
Bolsonaro vem ocupando cargos eletivos, sendo Deputado Federal desde 1990. Ou
seja: há 26 anos, vem sendo eleito nas urnas eletrônicas.
Tou
certo até aí? Dê uma passada rápida no Google e confira. Hoje em dia, tá moleza
fazer uma pesquisa; confesso que não sinto saudades da Barsa. Mas será que a
enciclopédia não era mais confiável?
O que nos leva à pergunta seguinte: depois de ser eleito tantas vezes, Bolsonaro vem semeando dúvidas sobre as urnas eletrônicas, sem provas, desde 2019. Será que ele já fez alguma fraude para ser eleito... ou apenas previa que seria derrotado, em 2022, pelo péssimo desempenho como presidente?
Nem
sei pronunciar o nome do cara, mas sei que Goebbels, ministro de Hitler,
celebrizou a frase: “Uma mentira, repetida muitas vezes, assume ares de verdade”.
Esta, aliás, foi a base do governo do Führer. Que deu no que todo mundo sabe,
principalmente os judeus.
Permitam-me
abrir um parêntese, para repetir: pessoalmente, não gosto de Lula nem de
Bolsonaro. Acho que os dois já tiveram a sua chance e falharam em resolver os
problemas do Brasil. Eu não elegeria qualquer um dos dois.
Afinal,
sobre um pesam acusações de rombo na Petrobrás, BB, triplex, etc.; sobre o
outro, tem aquela história de barras de ouro para os pastores, imóveis comprados
com dinheiro vivo, orçamento secreto, etc. Pra mim, são farinha do mesmo saco.
Mas
o povo já elegeu. E, em toda a história republicana do Brasil, o eleito sempre
assumiu. Então, não entendo porque todo esse fuzuê agora. Porque todo esse
rebu, quebra-quebra e clima de guerra civil que se instalou no País.
Mas,
principalmente, não entendo porque querem jogar o abacaxi no colo das Forças
Armadas; que não têm nada a ver com isso. Quem começou
com essa de chamar o povo para a frente dos quartéis? E por que vejo, nas redes
sociais, gente dizendo que “o Exército nos abandonou”, “os generais são
covardes” e outras merdas assim?
Li, umas 20 vezes o tal do Artigo 142 da Constituição; e não encontrei nada que autorize as Forças Armadas a intervir em resultado de eleição. Tá certo que não sou advogado, mas inúmeros que consultei também não viram.
Tive
o privilégio de estudar quatro anos em Colégio Militar e outros dois na Escola
Preparatória de Cadetes, em Campinas, que forma os futuros oficiais do
Exército. E posso testemunhar que lá aprendi a amar o País e defendê-lo. E
aprendi, também, que questões internas devem ser resolvidas pelos órgãos
competentes.
Lembro
que, antes de Lula e Bolsonaro, ainda no tempo de Dilma, conversando com o
Cajá, meu amigo desde as fraldas e atualmente coronel reformado, perguntei a
ele se via possibilidade de intervenção militar, para arrumar o País.
Ele
me respondeu mais ou menos isto: “Nós já tentamos uma vez... e isso nos custou
muito; até hoje, uma parte do povo tem ranço do Exército. Vocês (civis) pediram
de volta; nós devolvemos. Agora, arrumem a merda; vocês que fizeram!”.
Anos
passaram... mas acho que ele estava e está certo. Afinal, foi o povo que votou
e escolheu, e parte da soberania é respeitar a vontade da maioria; que, aliás,
costuma ser silenciosa. A minoria é que faz zoada, segundo o ditado.
Sábio
Cajá! Estou inteiramente de acordo com ele. Que um e outro lado continuem vivendo
nesse clima de guerra, se querem: chamando-se de “comuna” e “rebanho”, “vermelho”
e “bolsominion”. Continuem a defender os seus ídolos, até à exaustão.
Afinal,
esse é um direito de cada um. Só acho que está na hora de pararem as “fake news”,
para que as pessoas possam voltar a confiar nas informações que recebem, sem precisar
verifica-las antes. É muito ruim viver assim!
E
acho, também, que é hora de deixar de encher o saco dos militares; alguns deles,
claro, gostam de Lula; e outros de Bolsonaro. É uma questão pessoal. Mas a Instituição,
como um todo, está acima de vontades e vaidades pessoais. Foi uma das coisas
que aprendi lá.
Convenhamos: o que é que as Forças Armadas têm a ver com isso?!