2.07.2007

DO AMOR, DA LIBERDADE E DO MEDO


O rio sacrifica a liberdade de suas águas, ao percorrer resignado o seu leito. E, como o rio, precisamos estabelecer os nossos limites, para que possamos seguir o nosso curso.

Entretanto, a liberdade é necessária ao nosso Eu maior. E, assim como o rio muitas vezes transborda e leva a destruição às suas margens, também o espírito aprisionado busca as formas de exprimir a sua revolta.

Por isto, devemos ter cuidado ao escolher as nossas cadeias. E ter presente que não nos cabe o direito de escravizar a nenhum de nossos irmãos. Ou a sua revolta findará por esmagar-nos, ao romper os diques que lhes tentamos impor.

Por que dizemos "meu marido", "meu filho", "meu pai" e "meu amigo"? Acaso podemos possuir alguém, se a verdade é que livres fomos criados, para que pudéssemos aprender o que necessitamos?


Ninguém existe, que aprenda com a experiência alheia; cada homem é o seu próprio professor, e o seu único aluno. Se o homem sente apenas as suas próprias dores, é justo que apenas ele possa escolher o seu caminho.

E, ao escolhermos os nossos caminhos, devemos atentar para os limites que nos impomos. Porque, embora livres nos tenha feito o Pai, a verdade é que precisamos ligar-nos uns aos outros, para que juntos possamos prosseguir a nossa caminhada.

Algumas cadeias nos são leves; porque nós mesmos as escolhemos. São assim os laços do Amor que, ao estabelecer-se em nosso coração, constroem a ponte invisível que nos liga ao coração do Universo, onde está a nossa verdadeira essência.

Entretanto, costumamos desvirtuar os nossos sentimentos. Não raro, transformamos o amor em egoísmo; e nos descobrimos a sofrer, pelo medo de perder o ser amado.

É então, que o vemos como se de nossa propriedade fosse. Buscamos impor-lhe limites, obrigá-lo a seguir as nossas próprias convicções; e este é o caminho mais curto, para afastá-lo de nós. Porque a submissão gera a revolta, e aquele que se cala não está aceitando a alheia imposição, mas remoendo a sua própria amargura.

O Amor existe, e afortunados são aqueles que o recebem em seus corações. Ele não pede nem exige, apenas É. E desperta em nós a consciência do Ser, que nos conduz a um mundo melhor, onde a Vida reluz em todas as cores e o sopro do vento nos traz as mais lindas canções.


Não devemos, entretanto, escravizar-nos ao amor; ou tentar escravizar o ser amado. Pois o Amor, por emanar do Universo, traz em si o sopro da liberdade, e é apenas em liberdade que o podemos viver.

Muitas vezes, lamentamos o amor que se foi. E não percebemos que, se por ele choramos, o Amor ainda existe em nós; não foi o amor que perdemos, mas alguém a quem amamos. Como não foi o desamor que o levou, mas o nosso egoísmo que o afastou de nós.

Ninguém nos pode escravizar; apenas cada homem pode definir os limites que irá aceitar, em sua própria alma. E aquele que aceita os grilhões de outrem, escraviza apenas a sua vontade, pois não conseguirá escravizar o seu Eu maior, que um dia mostrará a sua verdadeira face.

Como os astros, gravitamos uns ao redor dos outros. E, como os astros, é necessário que haja um espaço entre nós, para que seja possível a convivência. Precisamos cuidar, para que possamos manter o nosso próprio espaço e não invadir o espaço que a outrem pertence.

Aquele que a outro se escraviza, findará por dele afastar-se, premido pela própria revolta. Como aquele que tenta dominar será, um dia, vítima da revolta que no outro despertou.

E isto não acontece apenas nos nossos relacionamentos, mas em toda a nossa vida. Assim, o melhor trabalhador não é aquele que ao trabalho se escraviza, mas o que o executa com amor e dedicação, sabendo que dele provém o seu sustento.


Este, entretanto, sabe que a vida não se resume ao trabalho. Mantém em si o espaço onde se abrigam os seus amores, o seu lazer e as demais necessidades do seu Eu maior, sabendo dividir o seu tempo e os seus cuidados. Assim, o trabalho lhe é mais leve e gratificante; por isto o executa melhor, e se destaca entre todos.

Por medo do desemprego, nos escravizamos ao trabalho; por medo da solidão, aceitamos as imposições daqueles a quem amamos. E não percebemos que, ao aceitar estes grilhões, semeamos, em nossos corações, a destruição do mesmo futuro que acreditamos preservar.

Do medo, são forjados os nossos grilhões. Mais livre é o encarcerado que defende as suas convicções, do que aquele que as sacrifica para caminhar entre os outros homens.

Ao aceitarmos o medo, não é a liberdade que sacrificamos; ela está em nós, e um dia a sua voz se fará ouvir mais alto em nossos corações, arrebentando todos os grilhões que nos tentaram impor.

Entretanto, a sua canção não nos chegará na brisa suave da alegria.

E sim, no amargo turbilhão do arrependimento.


(Por absoluta falta de tempo para escrever, e como não consigo ficar longe de vocês, estou postando textos de meu novo livro, ainda inédito. Mas logo eu volto!)

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

oi menino flávio!!
Concordo com tudo que li e acredito mesmo que esse seja o caminho, só não descobri ainda como transformar isso em prática , mas ja melhorei muito ta? um dia eu chego la..
Adorei saber que vc e conterraneo e sua vista no blog, só uma ressalvaa...
Eu sou carla e não claudia.. mas ta perdoado po essa .. reincidencia ..ja vou pensar antes rss
Brincadeira
beijos e um otimo dia
carla

6:23 AM  
Anonymous Anônimo said...

olá Flávio...Visitou o blog?? Eu gosto muito dele...
Tô passando p dizer q adorei e adoro o q escreves...Tenha um fim de semana maravilhoso.....
Beijos e volte sempre lá no meu, pois és bem vindo...

9:33 PM  
Blogger Flávio said...

Caramba, Carla! Desculpa por essa, viu? É que eu tenho uma prima chamada Cláudia e falei com ela pouco antes de visitar teu blog! Como os nomes são parecidos... meti o pé na jaca! :( Mas prometo que não se repete, viu? :) Bjs

10:57 PM  
Blogger Flávio said...

Kellyn, claro que visitei, sim. Eu tb gosto muito dele! :) Obrigado pela sua opiniaum, viu? :) Bjs e bom fds

10:58 PM  
Anonymous Anônimo said...

oiiii
cara adoro todos os seus textos!!! e leio eles co todo carinho, me indentifico mto com eles..
vc esta de parabens, esta fznd um livro!??! poxa ke legalll !!!
eu keroooo
essa foto do post é linda, foi vc ke tirou??? beijooossss
;*******

6:49 PM  
Blogger Flávio said...

Bruna, brigadão pela gentileza e pelo carinho, viu? Volte sempre, que a casa é nossa! Qt à foto, não fui eu... mas bem que queria ter sido! :) Bjs

6:30 PM  

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