1.09.2007

A SINFONIA DA VIDA


Não dominamos o mar, mas aprendemos a respeitar as suas leis, para que possamos desfrutar das suas ondas.

Entretanto, costumamos pensar que podemos controlar a nossa vida; e este é o primeiro erro que cometemos. Porque a vida, como o mar, tem as suas próprias leis e as suas ondas imprevistas.

Mas não é este, afinal, o seu maior encanto? O deserto não seria de uma monotonia atroz, se o sopro do vento não modificasse a cada dia as suas dunas? E como seriam as nossas vidas, sem os imprevistos que o destino nos traz?

Muitas vezes nos entregamos à revolta, quando a vida modifica os nossos planos. E, assim fazendo, esquecemos que é nas dificuldades que mais aprendemos; se enfrentarmos a luta, a amarga preocupação de hoje trará o doce sabor da vitória de amanhã.

Em cada ser humano, existe a força de que necessita. E existem, também, as fraquezas que precisa vencer, para atingir a plenitude dessa força.

Dizem os pessimistas que a felicidade não existe; e, ao dizê-lo, esquecem de todos os momentos em que a receberam em seus corações.

E dizem os otimistas que a felicidade pode ser eterna. Esquecem que a felicidade é um estado de espírito, como a alegria e o amor; esperar que seja perene, seria como acreditar que o vento possa soprar sempre na mesma direção.

A verdade é que nenhum de nós sente as mesmas emoções, todos os dias. O nosso Eu maior é livre, como a Força que o criou. E, assim como aprendemos a direcionar o vento, para que mova os nossos moinhos, precisamos direcionar a nós mesmos, para que mais rapidamente possamos atingir o fim do caminho.

Direcionar o nosso Eu, não é restringir a sua liberdade: é, antes, conceder-lhe uma liberdade maior, integrando-o ao infinito do Universo. É da responsabilidade plena, que deriva a plena Liberdade, e ninguém pode atingi-la sem o Conhecimento; ou a liberdade de um seria a escravidão de outro.

Nenhum homem será realmente livre, enquanto aos seus ouvidos ressoarem os grilhões de outrem. Como nenhuma gota do mar será inteiramente pura, enquanto existir a água poluída ao seu redor.

Entretanto, é pela purificação de uma gota que se inicia a purificação do mar. E pelo brilho da primeira estrela que se anuncia o belo espetáculo das constelações, reluzindo no céu noturno. Como é o primeiro raio de sol que afasta o escuro da noite, e traz o esplendor de um novo dia.

Juntos, executamos a Sinfonia. E o Maestro não descansará, enquanto as notas não estiverem perfeitas. Entretanto, não é Ele quem afinará os nossos instrumentos; nem tomará de nossas mãos, para obrigar-nos a extrair os acordes corretos. Ou não seríamos músicos, mas escravos; cada músico precisa tocar por si mesmo, para que seja plena a melodia.

É por isto, que não podemos dominar o que chamamos de vida: cada um de nossos momentos, cada uma de nossas alegrias e dificuldades, não passa de um novo ensaio, para que possamos executar a Sinfonia do Universo.

A verdadeira Sinfonia da Vida.