DE BABAS E CACETÕES
Aqui na Bahia, chamamos de “baba” aquele futebol informal, que é praticado na praia, na rua, no barro... enfim, em qualquer lugar onde a bola consiga rolar. Aquele futebol que, no sul, é chamado “pelada”.
Temos outras designações próprias: chute forte é chamado “cacete”, impedimento (quando existe) é denominado “banheira” e “lambança” substitui a tradicional denominação de “catimba”.
Mas não se preocupem as minhas amáveis leitoras, porque não pretendo organizar aqui um glossário de termos futebolísticos baianos; estas explicações foram necessárias, para que eu pudesse contar o causo que se segue. E que, embora pareça história da Márcia, do Marconi, do Cláudio, da Ciça ou do Serbon, é real, eu juro: aconteceu comigo!
Já faz algum tempo e ocorreu em Paramana, uma pequena localidade à beira- mar, pertinho de Salvador. Lá, o turismo era ainda incipiente e as principais (ou únicas) atrações, além da praia, eram o sorvete na pracinha e o “baba da tarde”.
Esse “baba da tarde” rolava sempre às 15 horas, numa determinada faixa da praia, demarcada por fitas, onde até eram fincadas balizas (ou traves) oficiais, com rede e tudo, numa atmosfera de Copa do Mundo.
Tinha juiz e bandeirinhas, e coletes de cores diferentes, para os jogadores, entre os quais turistas e moradores, numa festa de congraçamento; quem não jogava bebia cerveja, assistia, torcia e ria muito. De uma ou outra forma, reunia praticamente toda a cidade.
Recém-chegado, eu não arriscava me expor nos primeiros dias e ficava apenas sentado, tomando cerveja e jogando conversa fora, numa roda de novos amigos. E fiquei cismado com um veranista antigo, que parecia ser conhecido de todos.
Era uma verdadeira figura: baixinho, magro, meio careca, as pernas finas como consciência de político, feio como a situação nos aeroportos. Enfim, nada de atlético. Entretanto, todos o conheciam pelo apelido de “Fernando Cacetão”, e o tratavam com respeito, apesar da aparência raquítica.
E, para piorar a minha curiosidade, o infeliz parecia não jogar bola; ficava sentado com a gente, bebendo cerveja, falando besteira e comentando as jogadas alheias. Até que eu não agüentei mais e resolvi perguntar:
- Fernando, desculpe a minha curiosidade, mas você é assim, magrinho... até parece que nem joga bola. De onde saiu esse apelido?
- Ah! Foi na primeira vez que eu vim veranear aqui; tinha tomado umas duas e resolvi participar do baba, com a galera...
- Caramba! Então você chuta forte, mesmo?
- Que nada! O calção caiu...
Temos outras designações próprias: chute forte é chamado “cacete”, impedimento (quando existe) é denominado “banheira” e “lambança” substitui a tradicional denominação de “catimba”.
Mas não se preocupem as minhas amáveis leitoras, porque não pretendo organizar aqui um glossário de termos futebolísticos baianos; estas explicações foram necessárias, para que eu pudesse contar o causo que se segue. E que, embora pareça história da Márcia, do Marconi, do Cláudio, da Ciça ou do Serbon, é real, eu juro: aconteceu comigo!
Já faz algum tempo e ocorreu em Paramana, uma pequena localidade à beira- mar, pertinho de Salvador. Lá, o turismo era ainda incipiente e as principais (ou únicas) atrações, além da praia, eram o sorvete na pracinha e o “baba da tarde”.
Esse “baba da tarde” rolava sempre às 15 horas, numa determinada faixa da praia, demarcada por fitas, onde até eram fincadas balizas (ou traves) oficiais, com rede e tudo, numa atmosfera de Copa do Mundo.
Tinha juiz e bandeirinhas, e coletes de cores diferentes, para os jogadores, entre os quais turistas e moradores, numa festa de congraçamento; quem não jogava bebia cerveja, assistia, torcia e ria muito. De uma ou outra forma, reunia praticamente toda a cidade.
Recém-chegado, eu não arriscava me expor nos primeiros dias e ficava apenas sentado, tomando cerveja e jogando conversa fora, numa roda de novos amigos. E fiquei cismado com um veranista antigo, que parecia ser conhecido de todos.
Era uma verdadeira figura: baixinho, magro, meio careca, as pernas finas como consciência de político, feio como a situação nos aeroportos. Enfim, nada de atlético. Entretanto, todos o conheciam pelo apelido de “Fernando Cacetão”, e o tratavam com respeito, apesar da aparência raquítica.
E, para piorar a minha curiosidade, o infeliz parecia não jogar bola; ficava sentado com a gente, bebendo cerveja, falando besteira e comentando as jogadas alheias. Até que eu não agüentei mais e resolvi perguntar:
- Fernando, desculpe a minha curiosidade, mas você é assim, magrinho... até parece que nem joga bola. De onde saiu esse apelido?
- Ah! Foi na primeira vez que eu vim veranear aqui; tinha tomado umas duas e resolvi participar do baba, com a galera...
- Caramba! Então você chuta forte, mesmo?
- Que nada! O calção caiu...
2 Comments:
Ess me lembra a história do pezão, que calçava 38.
Douto K.Mello, grande prazer em revê-lo! A rima foi acidental, mas a alegria é grande. Volte sempre!
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