4.22.2007

JOGANDO SUJO


Tá, eu sei que até parece história da Márcia. Não assisti, mas o Ivan, que me contou, jura que o lance aconteceu realmente com a Érica, cunhada dele. Vocês decidem se aconteceu ou não.

Por volta das sete e meia da manhã, a Érica estava em uma parada de ônibus, daquelas que parecem uma casinha, com telhadinho e tudo. Ia juntando gente: já eram umas 12 pessoas no ponto. Bem vestidas e com cara de sono; afinal, estavam indo para o trabalho..

Foi quando chegou o tipo. Magro, muito mal vestido, com cara de drogado, fedorento. Carregando uma sacola de supermercado, daquelas plásticas, que parecem certo tipo de vestes femininas: nem tão grossas que impeçam a visão, nem tão finas que permitam a completa apreciação do recheio.

O fulano resolveu parar exatamente perto da Érica; que logo sentiu o fedor subir. O conhecido e inconfundível cheiro de merda; não daquelas que os políticos fazem todos os dias, mas do produto orgânico, na verdadeira e original acepção da palavra.

Vai daí, o cara enfiou a mão na sacola e tirou um saco menor, de plástico transparente. E – terror dos terrores! – realmente cheio de merda; daquela pastosa, de consistência indefinível. E bradou, girando o saquinho:

- Passem os vales-transporte! Ou eu vou jogar merda em todo mundo!

Bem, a Érica não é trouxa: não esperou para ver o resultado e, como se diz aqui na Bahia, saiu picada, correndo pela rua afora.

Chegou no trabalho atrasada; suada, ainda meio ressabiada. E contou o caso aos colegas, no escritório. Foi quando o velho Eustáquio, o contínuo, sentenciou, com aquela voz cansada:

- Pobre, até quando resolve roubar, faz assalto de merda!...