O ODILON E O GETÚLIO
Como já disse a vocês, ganho a vida como marketeiro. E às vezes o trabalho (graças a Deus!) aumenta muito, tomando praticamente todo o meu tempo. Daí, fico sem poder postar ou, sequer, visitar os blogs dos amigos; aliás, uma de minhas atividades favoritas.
Mas sempre volto. E hoje, para comemorar mais um retorno, vou contar outro causo, como pediu o mano Serbon. Só que este não é de político; aconteceu quando eu trabalhava no Banco do Brasil, lá pelos idos (e bem idos!) de 1969.
Naquele tempo, o atendimento no banco era completamente diferente. Você chegava, entregava o documento e ficava em uma sala de espera, enquanto os funcionários faziam o processamento e passavam para o caixa; quando já havia uma quantidade razoável de documentos prontos no caixa, um funcionário ia à sala de espera e chamava os clientes que seriam atendidos naquela hora.
Em nossa agência, quem fazia esses chamados era o Odilon. Um contínuo, gente boa, mas muito “invocado”, como se diz aqui na Bahia. Mulato enorme e forte, usava um bigodão impressionante; não era dos mais inteligentes, mas lia bem e tinha a voz grossa, daquelas que parecem ecoar por todo canto. Por isto fora escolhido para fazer a chamada, trabalho que desempenhava com muito gosto, engrossando ainda mais a voz e falando o mais alto que podia. Ninguém ficava sem ouvir o Odilon, em toda a agência.
Machão e machista, o nosso herói fazia questão de apregoar isso aos quatro ventos, não admitindo qualquer brincadeira sobre a sua masculinidade; naquele tempo, aliás, essas brincadeiras não eram comuns, diga-se de passagem.
Uma segunda-feira, a agência estava lotada! Gente saindo pelo ladrão, a sala de espera apinhada, que não cabia mais ninguém, os clientes já reclamando. Eu acabara de colocar mais uma leva de documentos processados no caixa, quando o Getúlio, colega que fazia as listas para a leitura do Odilon, me chamou:
- Psiu! Vamos ver o Odilon ler essa lista!
- Tá doido, cara? Tou cheio de trabalho!
- Só um minuto. Pode acreditar que vale a pena. Vamos lá!
Fomos e ficamos por perto, fingindo beber água. Quando Odilon entrou na sala, fez-se um silêncio absoluto, cada cliente torcendo para ser chamado daquela vez. No silêncio, a voz do gigante era ainda mais impressionante:
- Antonio Souza da Cruz!
Lá se foi o Antonio para o caixa, com evidente expressão de alívio. Depois dele, outro cliente; e outro, e mais outro. Lá para o sexto nome, o Getúlio cochichou:
- É agora!
E a voz do Odilon trovejou:
- Jacinto Pinto Aquino Rego!
Ninguém apareceu. Surpreso, o Odilon olhou em volta. E repetiu a chamada, ainda mais alto:
- Jacinto Pinto Aquino Rego!
De repente, a ficha caiu. E a gargalhada, que começou não se sabe onde, tomou conta da sala, chamando a atenção de toda a agência. Como se dizia naquele tempo, era todo mundo rindo a bandeiras despregadas; só então, o Odilon percebeu. E olhou para trás, onde eu e Getúlio nos torcíamos de rir, encostados à parede. Do jeito que ele gritou, até parecia que continuava a chamada:
- Getúlio, filho da puta!
Acreditem: deu trabalho, pra segurar o Odilon.
57 Comments:
Flavio, vc é um maravilhooooso contador de histórias!! morri de rir!! Bjs!
Flávio, isso não se faz!!! Rssss. Vc era aprontão, é???
Bjos.
Flávio: queria ser uma "mosquinha" só para ter visto/ouvido isso! Já trabalhei em banco, imagino a situação.
beijos querido, ótimo post!
Flavio em primeiro lugar quero agradecer pela visita e dizer que vc é uma pessoa muito sencivel e que presta atenção nas postagens dos blogs para depois comentar,pois de todos os que me visitaram vc foi o unico a perceber o sentido de minha postagem.
Obrigada!
Mais falando sobre a sua... Que garoto sapeca foi vc em? Coitado do seu amigo.rsssss
Mais que é gostoso isso é né? rssss
mais só quando é com os outros pois quando é com a gente,da vontade de matar quem aprontou.
Beijos meu lindo e bom feriado pra vc
Vera, ainda sou até hoje! Mas nessa eu fui inocente, viu? A armação foi do Getúlio!... ;) Bjs
Tina, então vc tem uma boa idéia da gozação! Agora, tenta transportar pra mentalidade de 1969... e imagina aí! :) Bjs
Mary, na realidade, eu leio sim todos os posts que comento... não disse que é uma das minhas atividades favoritas? Por isto mesmo, só visito os blogs que me agradam! :) Qt ao lance do post... foi realmente gozadíssimo! :)Bjs, bom feriado!
Enoísa, se vc riu... o objetivo foi atingido! :) Bjs, tks.
São quase 4 da matina e eu aqui feito boba rindo..rs... só vc mesmo...rs...
Bom feriado, carinhossssss
hehhe imagino o grandão tentando esmurrar o espetinho rssso povo alvotoçado numa agência bancária em 1969 puta sacanagem hauhauhau
Eu acho suas historias perfeitas..parabens
Hahahahaha
Sensacional esse causo! Eu já vi sacanearem os moleques mais novos no emprego pedindo pra ele ir buscar carbono com dupla face e etc, mas assim no meio dos clientes foi a primeira vez, hahaha
(Gargalhadas) Morri de rir aqui, Flávio. Estas tuas histórias são muito boas. Abração.
hahahahahaahha...... adorei !!!!!!
abração
ahahahahahah, hilária!!!!
Flavinho, vc me fez lembrar meu pai, que também trabalhou no BB e era um contador de histórias pra ninguém botar defeito, além de curtir muito pegar os colegas com brincadeiras assim. Quando ele começava a contar uma história em casa, antes de saber o que viria, só pela expressão facial eu já estava chorando de rir.Muito bom! Hoje é o dia do riso, pelo menos do meu. Os amigos blogueiros estão cheios de humor e eu estou precisando disso como remédio. Mais uma vez, obrigada. Bjs.
Jess, 4 da matina... e vc ainda acordada, menina?! Mas, pelo menos, tava rindo!... ;) Bjs
Mago, pode apostar que foi mesmo! E engraçada pra caramba! :) Abração
Cilene, sabe o que é mais engraçado? Elas realmente aconteceram! :) Tks, bjs
Marconi, então eu tou vingado... esse é um efeito que o seu blog sempre provoca em mim! :) Abração
Márcia, qualquer dia desses, vou contar aqui um ou dois dos trotes que levei na EsPCEx e no BB... vcs não vão acreditar! :)
Cláudio, brigado. É bem no estilo do nosso JCF, né? Eu tb gosto! :) Abração
Ricardo, é realmente hilária. Acho que só quem não gostou foi o Odilon! :) Abraço grande
Rita, seu pai usava o "nome de guerra" de Contreiras, trabalhava na Ag. Centro Salvador, fazia muitas viagens de numerário e andava sempre com os bolsos cheios de balas (queimados), que distribuía com os colegas? Pq, se for o Contreiras que eu conheci... era realmente muito bom contador de histórias, além de excelente colega! :) No mais, espero que vc ria um bocado, viu? Vc merece! Bjs
Flávio, esse sobrenome vem da família do meu pai, mas ele não o possuía. Chamava-se Cristovão Souza de Carvalho, mas por amar o sobrenome Contreiras e este fazer parte da sua família, colocou-o nos filhos.Era um Contreiras de direito, mas não de fato.Tenho muitas poesias dele aqui comigo, que prometi à minha mãe batalhar pra editar um livro. Era um sonho dele e agora o da minha mãe. Falar dele me enche de saudades. Bjs.
Dei risada de vocês, meu marido também é do BB e tem histórias fantásticas desse tempo...Ótimo ambiente de trabalho vocês tinham e colegas "gente fina" rsss.
linda noite querido
beijossssssss
o mais engraçado é que essa é velha, mas nem assim o Odilon se tocou! por aí vc vê como era verdade o que a gente aprontava com o coitado do Max Araújo na faculdade. nossa sorte é que o Max não tem o tamanho do Odilon...
Rita, Cristovão Souza de Carvalho? Trabalhou em Amargosa (BA) e na ag. Centro?
Clarinha, dê um abraço aí no maridão. Todo o pessoal do BB daquele tempo continua a me ser muito querido... era um ambiente maravilhoso, sim; como uma família! :) Bjs
Serbon, mano, pelo que vcs contam, se o Max fosse igual ao Odilon... muito de vcs não se teriam formado; pelo menos, ilesos! :) E essa não era tão velha, naquela época... mas o Odilon era mesmo meio "casca grossa"! :) Abração
Nossa, morri de rir com o jacinto pinto aquino rego kkkkkk
É mas uma brincadeira dessas hoje em dia, pode custar o emprego de alguém. rs
bjs
hahahah
pobre do odilon...
isso não se faz uai!
kkkkkkkkkk Falta contar o triste fim do Getúlio!! Beijus
Nada como uma boa história bem contada. Dá um sopro de alegria no dia corrido da gente. Beijo.
Xará, me fez lembrar uma amiga que, um dia desses, tava vendo a perereca subindo pelas paredes! :) Bjs
Anne, não se faz... mas foi muito engraçado, viu? ;) Gostei do Love Memory... pena que não pude comentar por lá! Bjs
Fica tranquila, Luma: a gente conseguiu segurar o Odilon. ;) Bjs
Paulinho, qt mais que hj é uma quinta com gosto de segunda, né? :) Abração
huahuahua putz fiquei imaginando a cena, ele deve relamente ter soltado fogo pelas ventas! lembro-me da quantidade de nomes semelhantes e tão absurdos quanto esse q o prefessor de dt civil mostrava em um livro na sala de aula, antigamente até se corria o risco de haver mesmo um jacinto ... hauhauahua
Fla´vio, a gente empre perguntava pro Max: "que timeteu"? ele pensava, pensava e respondia:
"São Paulo!".
Ana Shirley, vi um livro desses. Havia dois irmãos, chamados "Oceano Altântico" e "Oceano Pacífico". Era esse? :) Bjs
Serbon, São Paulo?! Que cara "metido", né?! ;)
Flávio,não acredito! Vc conheceu meu pai? É isso mesmo. Moramos em Amargosa, minha infância foi toda lá. Quero saber qual foi o seu nível de convivência com meu pai. Envie-me um e-mail pra me contar essa história.Bjs.
Legal o sistema bancário naquela época, né?
Vai tentar fazer isso hj...rs...
Beijo e linda sexta pra tu*.*
Rita, trabalhei com seu pai em Amargosa e sempre tive a maior admiração por ele; conversavámos muito. Veja a história no e-mail que vc cita lá no La Loba. Bjs
Jess, nesse trabalho das antigas, a gente demorava muito e ganhava pouco... mas era divertido! :) Bjs, bela sexta
hahahahha Adoro seus causos, sempre me divirto lendo-os. Muito bom! Principalmente pra mim, que adoro uma história engraçada.. rsrsrs
bom finde!Bjs
Quer dizer então que conheceu o meu saudoso avô Cristovão?
que mundo fantástico!
Chris, e essa, realmente, foi gozadíssima... pelo menos, ao vivo! :) Bjs, lindo fds
Cristiano: conheci, sim. E acredite: é saudoso pra mim, tb! Abração
rindo muuuuito... na verdade, entendi só na terceira vez que ele falou a frase.... mas posso imaginar a cara do Odilon....hahahaha
Beijo, querido.
Clara, acredite: é muito menos arriscado imaginar, do que ter visto! :) Bjs
ótima história. Lá em C Frio tem um Jacinto Pinto, coitado... bj laura
Precisamos agradecer ao Odilon e Getúlio pela participação especial nessa rede de coincidências! Enviei outro e-mail pra vc, mas depois disso minha mãe já me ligou, muito impressionada com tudo isso, e disse ter lembrado de vc, pois tinha um Flávio mais velho e um Flávio bem mais novo, do qual meu pai falava muito. A vida é bela, não? Bjs e ótimo sábado.
Laura, é verdade? Só espero que o sobrenome do Jacinto Pinto não seja o mesmo... ;) Tks pelas remessas, bjs
Rita, acho que eu deveria ser o Flávio mais novo, naquelas alturas... o Cristovão tinha alguns aninhos a mais que eu. Mas diga à mamãe que não se impressione; a vida é bela, sim! Sempre. Bjs :)
Vai tomar no cu bando de filhos da puta.
hahhsuahushauhuahuahuha
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