7.22.2006

MONTADO NA BALA


O título é de um filme que assisti recentemente; se não me engano, baseado em um livro do Stephen King.

Resolvi usá-lo, porque tem a ver com o post anterior. Eu já sabia que o assunto seria polêmico; só não esperava uma discordância tão veemente. Sinto-me, portanto, montado na bala.

Mas continuo a achar que cada um tem direito a ter (e expressar) a própria opinião; este me parece um dos mais elementares direitos humanos. Se as opiniões são discordantes, vamos debatê-las como sempre fazemos, educada e argumentativamente, sem adjetivar a tese alheia; este sempre foi o objetivo do blog. Da discussão nasce a luz, não apenas dos postes da COELBA.

Volto ao assunto anterior, para esclarecer alguns pontos. O primeiro, é que não advogo a pena de morte; não acho que seja a “solução final”. Essa expressão, aliás, foi cunhada por Hitler, para o cruel e absurdo genocídio dos judeus; marcou um dos maiores erros do terceiro reich. Nunca foi “solução” e muito menos “final”, como bem estão vendo palestinos e libaneses.

Sei, também, das deficiências do nosso judiciário. Assim, jamais me atreveria a sugerir a pena de morte para aplicação corriqueira em nosso país; correríamos o risco de ver executado o pobre que roubou uma galinha, enquanto Marcolas e Fernandinhos continuariam a usar celulares em suas celas superequipadas.

Há casos, entretanto, em que para mim esta pena se justifica. Foi um crime hediondo? A culpa está provada, sem qualquer sombra de dúvida? O que devemos fazer, então? Alimentar e vestir essa besta humana, à custa dos nossos impostos, até que saia da prisão e volte a matar novamente? Viver com medo de que possa fugir, em qualquer dia? É isto?

Li, não lembro onde, que a manutenção de um presidiário custa ao Estado mais de mil reais ao mês. É grana que dá para manter algumas crianças na escola... e assim impedir que surjam outros tantos criminosos. A relação custo/benefício me parece acima de qualquer comparação.

Acho que estamos enveredando por um caminho perigoso, em que apenas se advoga os direitos humanos dos criminosos. E a conseqüência é que a sociedade está abdicando dos seus direitos mais simples, como o de ir e vir, ou até o de viver sem medo. Isto ficou provado recentemente, em São Paulo.

Executar uma besta humana, um criminoso comprovadamente cruel e irrecuperável, não é um ato de vingança, mas de legítima defesa; defesa de todos nós, de nossos filhos. Quem seria a vítima de amanhã?


Argumenta o Paulinho que deveríamos, primeiro, usar as leis de que dispomos; claro, devemos usá-las. Mas, honestamente, não vejo porque não poderíamos complementá-las, se até agora se revelaram insuficientes para proteger a sociedade.

Diz-me o Serbon que a pena de morte não reduz a criminalidade; e o Serbon é um cara bem informado, merece todo crédito. Mesmo assim, tenho minhas dúvidas: nos países árabes, a criminalidade é bem menor, e a pena por lá é dura! Será que não tem nada a ver?

De toda forma, aqui apresento 3 motivos para a execução de um criminoso cruel, comprovado e irrecuperável: 1) garantia de segurança da comunidade; 2) economia mensal, que poderia ser revertida para evitar o surgimento de novos bandidos; 3) educação pelo medo, desestimulando outros de praticar crime semelhante.

Agora, eu gostaria que alguém me apontasse UM único motivo válido, para bancar a sobrevivência de uma fera com aparência humana. Mas, por favor, fala sério: eu disse motivo válido; não me venham falar vagamente em “direitos humanos”.

Porque, de tanto defender os deles, estamos ficando sem os nossos!

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Flávio entendo perfeitamente seu ponto de vista. Ao longo desses anos vimos a nossa Constituição ser desrespeitada e as Leis modificadas, no intuito de aliviar penas e evitar que marginais fiquem reclusos nas cadeias. Tais fatos têm aumentado demais a criminalidade. O crime organizado está cada vez mais, provando que detém o poder. A polícia sendo desafiada e afrontada, dentro dos quartéis. Os crimes hediondos cada vez mais desfazendo famílias. Onde vamos parar? Sei que é preciso alguma medida que contenha o avanço da violência.

8:58 AM  
Blogger Unknown said...

Flávio de certa forma eu também concordo com a opinião do Serbon de que a pena de morte talvez não diminuisse a criminalidade mas em contra partida acho que a sociedade poderia cortar o mal pela raiz, adotando ela em caso absurdos como muitos que existem por aí. E claro isso também deveria valer para Marcola e afins. Pra que ficar alimentando um mostro né?

10:19 AM  
Blogger Flávio said...

Anônimo, o quadro é esse. Estamos, praticamente, em guerra. Pior, estamos perdendo essa guerra... e para nós mesmos! :(

12:23 PM  
Blogger Flávio said...

Márcia, uma parte de mim também concorda com o Serbon. Mas acho que você captou perfeitamente o espírito da coisa. É isso aí! Pra que gastar alimentando uma fera, se podemos educar uma criança?

12:25 PM  
Anonymous Anônimo said...

um motivo:
para o assassino de um crime hediondo, a morte para ele é uma bênção.
morreu, acabou.
ele pagaria o crime se ficasse enjaulado, privado de tudo, até o fim da vida.

11:01 PM  
Blogger Flávio said...

Serbon, esse é um motivo inteligente; ou seria, se funcionasse. :) Mas, mano, aqui no Brasil ninguém pode ficar preso mais de 30 anos; isto, sem falar em liberdade condicional, regime semi-aberto, fugas, etc. e tal...

1:31 AM  
Anonymous Anônimo said...

Flávio, o paralelo feito com a vida de Hitler versus a vida de sete milhões de judeus me parece reducionista ao extremo. Não seriam mortos sete milhões de judeus se não houvesse a conivência do povo alemão, por motivos complexos prá caralho. Nem a morte de Hitler impediria esse genocídio.
Progons, pogrons, sei lá qual é o nome disso (sair todo mundo na rua matando e espancando judeus) era uma brincadeira que existia na Europa desde a Idade Média. Recomendo que vc. leia um lindo conto do Isaac Babel, acho que chamado "As aves de meu pombal". O buraco é mais embaixo.
Quanto à pena de morte, eu não quero saber se vão matar, prender ou espancar (sim, o castigo físico existe em algusn países, de forma disciplinada e eficiente - e é algo às vezes mais humanitário que a prisão e suas condições sub-humanas - com ou sem hífem, já não lembro mais). Quero é que bandido seja preso e punido. É uma questão de mudança legislativa, também, mas é primordialmente uma questão de eficácia adminstrativa. O problema é gerencial.
Mas para apimentar a discussão, lembro de uma notícia que li há algum tempo, sobre algo que podemos chamar de pena de morte preventiva: a legalização do aborto em vários estados dos EUA implicou drástica redução da criminalidade vinte anos após sua aprovação.

10:23 AM  
Blogger Flávio said...

K.Mello, excelentes as suas observações! Inclusive, reconheço que não se pode atribuir ao Hitler toral e exclusiva responsabilidade pelo genocídio judeu; recorri ao exagero, apenas para fazer notar que os direitos humanos devem sempre privilegiar a maioria, que sem eles ficaria indefesa, entende? :)
Vou procurar o conto que vc falou. E qt à redução da criminalidade com a legalização do aborto, tem lógica: nasceram menos filhos indesejados, que tudo teriam para tornar-se criminosos.
Concordamos, também, que algo precisa ser feito, para restaurar a ordem e a segurança públicas e PUNIR drasticamente os criminosos. Como está, não pode ficar! Abração.

3:39 PM  
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