6.13.2008

O BRAGA E O BAZUCA

Esta história ocorreu há quase quarenta anos, quando o Braga, hoje gerente de banco, começava a trabalhar em uma agência do interior, numa cidade calma e pequenina. Tão pequenina, que nem puteiro tinha.

Hoje, quase todos os puteiros fecharam: não dá pra encarar a concorrência das amadoras, que fazem de graça e melhor, por puro amor ao esporte. Porém naquele tempo eram de grande utilidade à ordem pública, principalmente nas cidades do interior, onde foram responsáveis pela longevidade de grande número de respeitáveis e insossos casamentos.

Recém-chegado à cidade, ficou o Braga curioso com o apelido de “Bazuca” dado a um dos colegas, um rapaz franzino e baixinho, sem nada que justificasse um apelido de tamanha potência. Bazuca, vocês sabem, é um canhão portátil, capaz de detonar um tanque de guerra.

Logo descobriu que o apelido se devia a determinada parte da anatomia do rapaz, anormalmente avantajada em comprimento e calibre; assustadora, mesmo, segundo os mais enfáticos. Tanto que o cognome de “tripé”, inicialmente proposto, pareceu acanhado para tamanho prodígio da natureza.

Como em cidade pequena tudo se sabe, o Bazuca continuava virgem, aos 25 anos: nenhuma corajosa se aventurara a descobrir se o canhão era tão potente quanto ameaçador. Eram manuais, os seus eventuais disparos.

Uma noite, o Braga foi convidado por um colega a visitar o puteiro da cidade vizinha e resolveu levar o Bazuca; de pura sacanagem, acho eu, mas ele jura que pelo nobre motivo de introduzir o pobre rapaz nos mistérios da vida. Literalmente falando, eu diria.

Depois de uma sacolejante viagem de jipe e umas três cervejas, lá se foi o Bazuca, agarrado a uma mulata bunduda, para os quartos do andar de cima, enquanto o Braga e o outro continuaram bebendo, no salão quase vazio, ouvindo Waldick Soriano e azarando o mulherio.

De repente, uma porta bateu com força e a mulata desceu correndo as escadas, apavorada e seminua; atrás dela vinha o Bazuca, todo atrapalhado, tentando abotoar as calças, enquanto o canhão teimava em escapar.

Ao descer os últimos degraus, ele tropeçou e caiu; a Bazuca se esparramou pelo chão, os comentários cessaram e um “OH!” de assombro, medo e inveja se fez ouvir. No silêncio, todo mundo ouviu perfeitamente a pergunta do Braga:

- Caramba, Bazuca! Que foi que você fez?!

Ainda caído, o Bazuca respondeu:

- Nada, colega! Eu só tirei as calças e perguntei se atrás era o mesmo preço...