UMA JOGADA DE MESTRE
Por que o
PT retirou o apoio a Eduardo Cunha, sabendo que assim ele aceitaria o pedido de
impeachment contra Dilma Rousseff?
Parece
ilógico, mas a razão é simples: para se livrar de uma chantagem que vinha causando
ao partido um prejuízo sem tamanho. Além de ter que lidar com a própria lama, exposta
pela PF, o PT vinha sendo salpicado pela lama de Cunha; e o Brasil estava
atolado nesse lodaçal.
Uma
jogada tão arriscada quanto brilhante e que deve ter sido bolada pelo maior
estrategista político do País: o eterno Presidente Lula; ou Brahma, ou Barba,
ou Nosso Mestre, codinomes com que assombra a Operação Lava Jato.
O
impeachment de Dilma era o refém que garantia a segurança de Eduardo Cunha,
obrigando o PT a defendê-lo, além de defender a si mesmo. A crise política paralisava
o governo e o País, agravando ainda mais a crise econômica e deixando o povo cada
vez mais revoltado contra o PT.
Quem joga
pôquer, sabe: quando a mesa é alta e a mão é péssima, melhor blefar do que
encarar a derrota iminente; foi o que Cunha fez. E o PT resolveu pagar pra ver,
até porque tem as cartas mais altas do jogo: maioria no Congresso, planos
sociais que (ainda) garantem apoio do povo e a figura (ainda) mítica de Lula,
que acabaria sendo também queimada no processo de desgaste.
E agora,
o que vai acontecer? Arrisco-me a dizer que nada, porque o PT deve ter-se
calçado bem, antes de iniciar a arriscada corrida; votos serão comprados na
surdina, campanhas de apoio a Dilma serão deflagradas por todo o País,
principalmente nas redes sociais, e o povo será mais uma vez ameaçado com o fim
das Bolsas (escola, família e o escambau), se “os inimigos” vencerem.
Aposto como
Cunha cai e o impeachment não rola. E, com o fim dessa ameaça, Dilma sairá “legitimada”,
fortalecida e com maior governabilidade, na certeza de que levará até o final o
seu mandato; atenua-se a crise política e isso deverá melhorar também o
panorama econômico. De bônus, o governo se vê livre de Cunha, um “aliado” sempre
perigoso.
Mas,
ainda que haja a (improvável) queda de Dilma, o que pode acontecer? Ou teremos
um (quase impossível) golpe de estado, com o apoio de MST, CUT, sindicatos e
similares, ou o PMDB assume, com apenas 2 anos de mandato, tempo insuficiente
para consertar as coisas, ainda mais com o PT na oposição.
Neste
caso, em 2018 teremos novas eleições, que com certeza marcarão a volta triunfal
de Lula, com o PT mais uma vez fortalecido, como “o partido que mudou a vida do
pobre e soube respeitar a legalidade e a vontade do povo”. O quadro será bem
diferente do de agora, em que Aécio bate Lula nas pesquisas.
Pessoalmente,
prefiro que Dilma não caia. Acho que ela é culpada apenas de burrice política e
administrativa, e entregar o governo ao vice que temos seria, no mínimo,
TEMERário.
Mas,
qualquer que seja o desfecho dessa história, não é uma jogada de mestre?!