4.25.2008

UMA PESSOA NORMAL

Sabe aquele cara, que trabalha junto de você?

Pode ser aquele caladão, sério, que apenas mastiga um “Bom dia”, na hora em que chega, e responde às perguntas que lhe fazem; aquele que parece pedir desculpas por existir.

Ou o barulhento, extrovertido, que tem sempre uma piada para contar; que brinca com toda a galera, que anima o ambiente. Ou ainda o meio-termo, aquele tão comum que nem dá na vista. De toda forma, um colega de trabalho; alguém que faz parte de seu mundo.

Aí, de repente, você vê o cara na TV, enquanto o repórter diz que ele surtou e mandou bala em todo mundo, durante a reunião do condomínio, ou na sessão de cinema; ou que deu 32 facadas na mulher. Ou que matou toda a família e se suicidou; ou, ainda, que pegou a filha de 6 anos e a atirou pela janela do sexto andar.

De repente, ele deixa de fazer parte do seu mundo. Passa para o lado dos criminosos, das aberrações, de pessoas que nem parecem reais. Depois de algumas semanas de comentários, a própria lembrança dele desaparece. Será como se nunca houvesse estado a seu lado, trabalhado ali. É assim que a sociedade se defende: apagando da memória as verdades que possam doer.

E a verdade é que ele esteve ali, sim; comentou com você o futebol, o dia chuvoso, o que havia feito no fim de semana, a briguinha com a mulher, o probleminha do filho na escola, o vizinho chato, a falta de dinheiro.

Talvez vocês até mesmo tenham almoçado no restaurante da esquina, tomado um chopp juntos, falado sobre a gostosa do escritório ao lado, ou sobre o novo carro do chefe. Ele era uma pessoa normal, como todas as outras. Como você. Como eu.

O que estamos fazendo de nós?


Desculpe por este texto, num fim de semana,
mas estava preso na garganta. E no coração.

Eu não sei colocar fundo musical no blog;
se possível, leia ouvindo “Admirável Gado Novo”, do Zé Ramalho.
É por aí.

4.16.2008

LEVAR, TODO MUNDO LEVA...


Leio, no UOL, que a verba de gabinete de cada deputado federal vai aumentar cerca de R$10.000,00 mensais. Como são 513 sanguessugas, perdão, deputados, iremos gastar mensalmente R$ 5.130.000,00 a mais do que já gastamos com as excrescências, perdão, excelências.

O anúncio foi feito pelo Arlindo Chinaglia, presidente da Câmara. Pelo menos, o nome faz justiça. Só me permitam ressaltar que essa graninha é por fora do salário que os deputados recebem; é só para pagar funcionários dos gabinetes, não concursados. Leia-se: parentes ou testas de ferro, na maioria.

Mas encontrei também outra notícia, informando que os 105 deputados federais que serão candidatos às eleições municipais deste ano gastaram R$ 938.000,00 de verba indenizatória, durante as férias parlamentares. A propósito, essa graninha é outra por fora; não faz parte do salário, nem da verba de gabinete que acabou de aumentar. Na prática, esse dinheiro foi o que pagamos, para que os ilustres fizessem propaganda eleitoral em seus municípios; fora da época legal e com o nosso dinheiro. Tá aqui o link, ó:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u370889.shtml. Confiram.


E, finalmente, tem mais esta aqui: gastamos R$ 20.000.000,00, pagando viagens de deputados, no ano passado. Viagens que não foram para Brasília, mas outras por fora que eles acharam necessárias, sabe-se lá pra onde. E mais R$ 16.700.000,00 pagando combustíveis para os carrinhos dos pobres deputados e, provavelmente, seus parentes, empregados, etc e tal. Podem ver o link
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u364569.shtml.

Cada vez mais, aumenta o que ele levam por fora. E a gente leva dentro.

4.04.2008

ALGO DIFERENTE

Ando sem idéias, confesso.

Um tempo de muito trabalho, de muitas preocupações. Sem cabeça, sem tempo, para ordenar pensamentos e emoções; para criar.

De repente, uma imagem. Como se as palavras já estivessem lá, dando voz aos meus sentimentos. Só escrever.

Um desabafo, talvez. Ou uma homenagem ao belo, aos pequenos milagres que encontramos todos os dias e, distraídos, muitas vezes deixamos de ver.

Talvez uma homenagem Àquele que nos concede, todos os dias, a vida e a beleza. E que, distraídos, muitas vezes deixamos de sentir em nossos corações...