9.21.2007

O QUE EU APRENDI?

Recebi, do Mário, a incumbência de escrever sobre “o que eu não sabia antes e agora sei”.

O difícil é selecionar... e se torna mais difícil, à medida que envelhecemos. Do alto dos meus 59 anos, posso dizer que a vida já me ensinou muitas coisas. E uma delas é que aprendemos melhor as lições mais duras; são aquelas que jamais esquecemos.

Outra: nada é eterno. Bom ou ruim, tudo passa; todos os momentos se tornarão passado, e só ficará o que aprendermos com eles. Por isto, nunca devemos desesperar; ou acreditar que a felicidade de um instante possa durar para sempre. O desespero nos faz ver as coisas piores do que são e a esperança nos ilude; ambos nos impedem de enxergar o melhor caminho a seguir.

Até em decorrência disto, nunca devemos julgar alguém; não conhecemos as suas motivações e não podemos dizer o que faríamos, se os papéis se invertessem. Não poucas vezes, as situações que mais criticamos virão bater à nossa porta. Acreditem.


É interessante cultivar a humildade. Ela não evitará que você caia, se esse for o seu destino; mas haverá menos pessoas dispostas a pisar em você, como vingança pela sua passada arrogância. E também é bom praticar a paciência: a nossa pressa não consegue alterar o ritmo do tempo, e a intolerância não atrai qualquer simpatia para nós.

É preciso ouvir as pessoas e procurar entender o que dizem. Muitas vezes, é preciso saber ceder; até porque ninguém pode estar sempre certo. Se você impõe as suas idéias e opiniões não obtém o respeito, mas o medo. Ou pior ainda: o cansaço. Os outros deixarão de discutir, não porque você tenha razão, mas porque não adianta. Ou seja: deixarão também de ouvi-lo, limitando-se a fazer o que você quer. E você estará só.

Outra coisa importante: sonhos vêm e vão. São como flores: no início um botão, que aos poucos se abre e um dia morrerá. Mas cada um que tomba sobre o solo fertiliza a terra, para que um novo botão possa nascer. E por isto eles se renovam sempre.

Aprendi muitas coisas, sim; mas isto não quer dizer que as aplique, ou que conheça o significado da vida. Continuo errando e aprendendo em cada dia e ainda não terei aprendido tudo, no dia em que me for.

Esta talvez seja a maior lição: nossos desejos e necessidades mudam sempre e nos fazem ver o mundo de uma forma diferente. Riso e lágrima se alternam e nos cabe apenas decidir a qual deles concederemos mais tempo e maior importância; não podemos evitá-los, porque a verdade é que não somos donos de nós mesmos.

O tempo é o senhor das nossas vidas.

Eis outra coisa que aprendi: pegar bois pelos chifres não oferece o menor perigo... desde que sejam de massa, é claro! :)

9.16.2007

SOLUÇÃO PARA O BRASIL

Ainda sob o impacto da absolvição do Renan, acho uma excelente idéia...

9.12.2007

RETRATO DE UM POVO

Chego do trabalho e a minha "secretária do lar" pergunta, toda animada:
- Seu Fravo, o sinhô viu a pancadaria lá no Senado? Foi gozada!
Ela se divertira com o show de baixaria protagonizado por deputados e seguranças. Nem sabia que o fudião, perdão, o Renan Calheiros tinha sido absolvido; que o Senado ratificara o direito que tem um Senador de sustentar a amante com dinheiro de propina e mentir para o povo, sem perder o mandato.
Ela não sabia disso; nem sabe. Na próxima eleição, eles vão votar nos mesmos senadores e deputados; ela e os 4 filhos. E esses calhordas vão ser eleitos de novo; continuarão a dirigir este imenso picadeiro, no qual os palhaços somos nós.
Eu havia cantado essa pedra; é só conferir, dois posts antes. Mas estou revoltado.
Voto secreto é o cacete! E em nossas costas, o pior é isto...


Desculpem; hoje, estou realmente revoltado. E obrigado à Laura, que em boa hora me enviou esta foto.
UPGRADE, EM 14/09/2007: Concordando com o DO e o Júnior, deixo aqui um link importante. Visite e conheça a nossa VERGONHA_NACIONAL!

9.11.2007

UMA PERGUNTA INCÔMODA


Por alguns dias, quase não cheguei perto do computador... a não ser no trabalho. Estava realmente cansado, confesso.

Hoje, voltando a postar, o primeiro passo é atender à Olhos_de_Mel , que na semana passada me repassou uma tarefa: abrir o primeiro livro que encontrasse, na página 161, e copiar a quinta frase completa da página.

No cumprimento da tarefa, uma surpresa: descobri que os meus livros de cabeceira não chegam à página 161. Se alguém duvida, pode verificar: “O Profeta”, de Gibran Khalil Gibran, “Ilusões” (Richard Bach) e “O Pequeno Príncipe” (Saint-Exupéry). São pequenos grandes livros.

Assim, fui adiante; e, seguindo as instruções, encontrei em “Lendas do Céu e da Terra”, de Malba Tahan (também um dos meus autores prediletos), o seguinte diálogo entre dois pássaros:

“- Por que as criaturas humanas se afligem tanto, se aborrecem e ficam exaltadas e receosas?”

“- É porque não têm asas- respondeu o outro, enquanto mergulhava a cabeça numa das suas, para fugir à neblina.”.

Estas são as frases que completam a missão; precisei copiar ambas, porque nenhuma delas, sozinha, faria sentido; às vezes acontece isto, com frases ou pessoas.

Nada a acrescentar, sobre as frases. Apenas uma pergunta incômoda, que me ronda desde a leitura: será que os passarinhos não estariam certos? Será que assim nos tornamos, à medida que perdemos as asas da Imaginação e da Fé?

Esta é a pergunta que repasso para vocês: SERÁ?

9.03.2007

VOTO SECRETO, SÓ PARA O ELEITOR!


Nesta quarta-feira, enfim, teremos a votação sobre o Renan Calheiros. Uma das maiores dificuldades, pelo que li, foi resolver se a votação seria ou não secreta; se fosse, tenho certeza de que ele seria absolvido. Para azar dele, não vai ser.
Isto traz de volta a questão do voto secreto, para os integrantes do Poder Legislativo. Mais uma vez.
Sou contra. Acho que o voto secreto dos parlamentares contraria a própria essência da democracia: “o poder do povo, para o povo e pelo povo”.
Ao votar, o parlamentar está votando em nome das pessoas que o elegeram; cada voto de um Vereador, de um Deputado, ou de um Senador, representa, na verdade, o voto de todas as pessoas que o escolheram para o cargo que ocupa. E ele tem a obrigação de fazer valer a opinião dessas pessoas.
A lógica é simples: quando você vota em alguém, está dando a esse alguém poderes para representar você no governo, para defender as suas opiniões e os seus interesses; está dando, a esse alguém, uma procuração para falar em seu nome. Quando a pessoa que você elegeu vota, é como se você estivesse votando.
Ora, se você não sabe como esta pessoa votou, como pode saber que ela expressou a sua vontade? Como pode saber se o voto que ela deu foi o mesmo que você daria, se estivesse decidindo sobre a questão? Como pode saber se ela merece ser reeleita, para continuar a representar você no governo?
Você, simplesmente, não sabe. E por isto, na próxima eleição, vai votar “no escuro”; vai dar o seu voto, conceder uma procuração, a uma pessoa que talvez esteja contrariando o que você pensa, decidindo contra as suas opiniões.
Por que muitos parlamentares defendem o voto secreto? Talvez, justamente para que possam votar contra a vontade do povo, contra os interesses daqueles que os elegeram, sem serem cobrados por essa atitude. OK, é uma resposta incômoda, mas que outro motivo pode existir?
Uma das grandes causas dos problemas brasileiros é a impunidade. E o voto secreto concede aos parlamentares uma espécie de impunidade eleitoral: a certeza de não serem cobrados por suas decisões, de não assumirem a responsabilidade pelos votos que apresentam, pelas decisões que tomam em nome de seus eleitores.
O eleitor tem direito ao voto secreto. Porque, quando vota, está expressando a sua opinião pessoal; escolhendo a pessoa na qual confia, que acha mais indicada para defender a sua opinião. Dá, ao candidato que escolhe, uma procuração para representar a sua vontade no governo.
Parlamentares não têm direito ao voto secreto. E não têm, porque não estão ali para dar a sua própria opinião, mas sim a opinião daqueles que os elegeram; para cumprir a vontade do povo, das pessoas que confiaram neles e lhes deram a procuração do mandato. Caso contrário, a democracia deixa de existir, e se transforma numa oligarquia, onde poucas pessoas decidem os destinos do país.
Vamos acabar com o voto secreto. Assim, combateremos a impunidade eleitoral e teremos uma política mais limpa. E estaremos dando um passo importante, para termos a verdadeira democracia!
Se é que isto ainda pode existir, em nosso país...

Pessoal, eu já publiquei este texto em abril/2006, falando sobre os mensaleiros. Estou republicando, porque poucos de vocês o leram e ele continua muito atual. Para ilustrar as nossas excelências, ainda não achei ninguém melhor que os simpáticos Metralhas, do Disney...
UPGRADE, EM 06/09/2007 - Como previsto, na Comissão de Ética o Renan dançou. Agora a questão vai a Plenário, onde o voto será secreto. Não duvido que ele seja absolvido, o que confirmaria inteiramente este post. Vamos aguardar, né?