7.27.2007

3054

Não gosto de escrever sobre certas coisas. Mas também não gostaria que passassem em branco. Por isto, demoro a abordar alguns assuntos.

Pelas notícias que tenho lido, são 200 mortos. E, pelas fotos que vi, pessoas como nós. Pais e mães de família, ou jovens e até mesmo crianças, que cresceriam para terem as próprias famílias.

Sim; eram cidadãos que trabalhavam, pagavam os seus impostos e obedeciam às leis, merecendo por isto mais respeito do governo. Mas, acima de tudo, eram gente; pessoas que amavam e eram amadas por outras pessoas.

Talvez possamos dividir a culpa, entre a incompetência do governo e a avidez dos empresários. Mas isto não nos leva a nada; até porque não conseguiremos mensurar a dor de cada pessoa que perdeu um ser amado.

Se pudéssemos medir a dor de cada um e multiplicá-la por todos eles, talvez tivéssemos uma medida da tragédia. É ela que estará em cada lágrima da criança que perdeu o pai; ou da mãe que jamais reverá o seu filho.

Há fatalidades, sim; e causam muita dor. Uma tsunami é uma fatalidade, um terremoto é uma fatalidade, uma erupção vulcânica é uma fatalidade. Mas dois acidentes aéreos, em tão pouco tempo, com 354 vítimas, não são fatalidades; são, no mínimo, provas de um descaso criminoso.

E ninguém pagará por isso. A não ser os órfãos, as viúvas, as mães, os pais e cada um daqueles que amavam uma pessoa que estivesse no vôo 3054. Estes pagarão, pelo resto de suas vidas, e com a mais pesada das moedas.

A moeda da dor...


UPGRADE: O amigo Ricardo_Rayol teve a gentileza de convidar-me para participar da blogagem coletiva de hoje, 02/08/2007, sobre a tragédia do vôo 3054. A orientação é simples: escolher a imagem mais chocante que eu tenha visto acerca do desastre e falar sobre ela. Entretanto, não posso escolher apenas uma, porque todas as imagens que vi neste_link são igualmente tristes e nada preciso falar sobre elas; tenho certeza de que vocês vão concordar comigo.
E espero não ver nada parecido, nunca mais!

7.21.2007

E AGORA, BAHIA?

Ele poderia ter sido um personagem de Jorge Amado. Ou, como foi, alguém que existiu na vida real.

Só não o imagino em outro lugar que não fosse a Bahia. Descendo as suas ladeiras, respirando o seu ar, curtindo o seu sol e o seu calor. Enriquecendo o seu folclore.

Só alguém tão baiano, poderia viver com tanta intensidade. Amar tanto, odiar tanto, enganar tanto. Lutar tanto, pela terra onde nasceu; e, ao mesmo tempo, em seu próprio benefício. Vestir branco na sexta-feira, abraçar padres e pais-de-santo; conviver com pobres e poderosos, amando e odiando a todos, ao sabor de seus interesses.

Ele foi o Vadinho, da Dona Flor, na sua amoralidade e luxúria; no seu desprezo infantil, por tudo que não fosse ele mesmo. E foi os coronéis do cacau, no seu apego ao poder. E foi também Pedro Arcanjo, na defesa da verdadeira Bahia.

Agora, ele se foi. E a Bahia se divide, entre prantear o seu maior filho, ou execrar o maior filho da puta que um dia pisou o seu solo. Entre os que choram por ele, as críticas são feitas à boca pequena; e, entre os que dizem odiá-lo, uma lágrima teimosa insiste em rolar às ocultas.

Ele se foi. E continua presente. Já não percorre as ruas da Bahia, mas jamais deixará a sua história; já não grita na tribuna, mas a sua voz continua a fazer-se ouvir, no vento que assovia entre os coqueiros.

Ele jamais foi um santo. Mas, talvez, hoje exista um novo orixá, a zelar pela Bahia...

7.13.2007

BURRO, ELE?!!!


Confesso a vocês: às vezes, me espanto com a nossa presunção. Sempre queremos emitir a palavra final em qualquer assunto, muitas vezes até sem considerar os fatos envolvidos.

Ontem, o Lula veio a Salvador; e estava eu conversando com amigos, quando, depois de várias piadas, inclusive aquela da acelga, um de nós saiu com a clássica frase: “Lula é burro!”, naquele tom didático e convincente, que busca encerrar qualquer discussão.

Fiquei pensando nisso, com os meus botões; não que eles fossem necessários ao pensamento, mas de nada adiantaria tirá-los. E continuo pensando hoje, cada vez discordando mais daquela opinião. Senão, vejamos os fatos.

O homem era torneiro mecânico e ascendeu ao cargo mais elevado do país. Tudo bem, que precisou tentar quatro vezes; mas conseguiu. E, quando pôde usar a máquina a seu favor, ganhou de novo; agora, o jogo está quase empatado: 3x2. E cuidado, amigos, porque ninguém sabe o que vem por aí!

Outra prova: sobreviveu a Marcos Valério, Duda Mendonça, Sílvio Pereira, Delúbio Soares, Gushiken, Genoíno e até mesmo ao Zé Dirceu, para só falar nos mais importantes. Todos caíram, e o homem ficou. A quadrilha, perdão, o partido mergulhou na lama, e o chefe continuou nadando; e apenas com a estratégia do “Eu não sabia”. Simples, sim, mas genial; convenhamos! E ainda vem conseguindo reerguer o partido!

Vocês querem mais? Aí vai: enquanto os que se dizem inteligentes enfrentam filas homéricas (ou dantescas) nos aeroportos, o Lula passeia num avião de 150 milhões, sem encarar fila nenhuma. Ele é que pode, verdadeiramente, relaxar e gozar; com a Marisa ou com outra, como fez o Renan. Duvido que algum lobbista o entregue.

Mais ainda? Vamos lá: armou o irmão Vavá e o filho Lulinha, numa boa. Os dois estão bem, cheios da grana e completamente impunes. A defesa que ele arranjou para o irmão, aliás, foi outra pérola: “Vavá é um lambari num cardume de pintados”; o povo comeu. Mais uma vez, simples e genial.

Conheceu o mundo e fez uma reforma de 18 milhões no palácio onde mora, sem gastar um centavo; já está no segundo mandato e a maioria aprova o governo dele, apesar da corrupção que come solta. Com 9 dedos, agarra muito mais do que todos nós, que temos 10.

Talvez o cara seja inculto, rude, semi-analfabeto. Mas burro? Nunca! Como diria o Serbon, burro é o Dunga.

Vamos admitir, gente: o Lula é muito, muito inteligente!

Burros somos nós...

7.10.2007

10 DE JULHO: UM FELIZ ANIVERSÁRIO!



Provavelmente, o Renan Calheiros vai escapar sem maiores problemas. Mais um sabor, para ser acrescentado à lista de pizzas do Congresso Nacional. Mas, afinal, por que não, se até o Vavá, irmão do Lula, foi inocentado também?
A seleção Sub 20 se classificou... e a do Dunga também; esta, aliás , com uma goleada de 6x1. E não vai adiantar nada, dizer que o time do Chile é uma merda; o clima, agora, é de oba-oba. E vamos torcer pelo Brasil, contra o Uruguai. Seja o que Deus quiser.
Em meio a estas notícias, eu completo 59 anos. Sem ter acertado na Mega-Sena, nem sido chamado para o Big Brother; muito menos, recebido a minha devolução do IR no primeiro lote, apesar de ter sido um dos primeiros a declarar. É aquela história: pobre nasceu pra se lascar... ou receber a Bolsa Família. Ou, quem sabe, os dois... afinal, dá no mesmo. O negócio é votar no Lula, fazer o que?
Tou no lucro. Tou vivo, meus filhos estão criados, tenho internet banda larga e um carrinho para rodar por aí; movido a gás, é claro, porque na gasolina ninguém aguenta. Minha mãe tem 85 anos e, graças a Deus, ainda me faz muito carinho.
Agradeço a Deus, todos os dias. Ainda sou capaz de amar, de pensar, de escrever; tenho os meus amigos e defendo as coisas em que acredito. E vejo que existe mais gente como eu.
Sou feliz. Vivo e aprendo a cada dia. Sorrio e choro, acredito e duvido; cresço, como pessoa, vivendo os meus sonhos e desilusões. É assim que a gente amadurece.
Feliz aniversário, para mim. E um grande abraço, com o meu obrigado, a todos vocês!


UPGRADE: Aniversário tem que ter presente; mesmo virtual. E o presente veio do amigo Oscar_Luiz: a indicação como Blog Activista, esse selo bonito aí do lado. Confesso que não sei se mereço; segundo meus filhos, depois de velho estou mais pra "resmungão" do que ativista; mas a verdade é que vou continuar resmungando, sim... em defesa do que acredito. Caro Oscar, muito obrigado... e permita-me dividir o selinho com todos os amigos daqui do blog. É justiça: afinal são vocês que fazem o Opiniaum!

7.07.2007

RETRATO DE UM PÁIS

Por mero acaso, acabo de ver o Brasil perder para os Estados Unidos, na Copa de futebol Sub 20; isto, é claro, sem falar no tremendo mico que estamos pagando na Copa América.

O que, aliás, não é uma grande novidade: o Dunga convocou jogadores como ele mesmo, limitados e sem criatividade. Na prática, o jogo é o seguinte: Robinho e mais 10; o resto, é pura conversa.

Agora, a nossa esperança de hegemonia mundial está no vôlei. Inverteram-se os papéis; foi-se o tempo em que esporte, no Brasil, era futebol na frente e vôlei atrás.

Também encontrei, no Kibe Loco, esta foto interessante: é um excelente negócio ser comida pelo senador, que depois vai pedir ao lobista uma boa grana para pagar a pensão e o aluguel. Perfeito retrato do Brasil atual: eles comem, o povo paga a conta.

Moral da história: estamos ferrados. Mas, como é preciso manter a esperança, desejo a todos uma feliz semana. Quem sabe, o Robinho não ganha do Chile outra vez?
Desculpem o azedume e o cacófato; que , aliás, foi proposital. Estou meio cansado, por ver que as coisas só mudam pra pior...

7.02.2007

BLOGS: AMIZADE E NÃO CONCORRÊNCIA


Recebi, do amigo Defensor, esse selinho, com a indicação do nosso Opiniaum como uma das sete maravilhas da blogosfera. O Defensor é um mestre das palavras, que consegue tornar até a tristeza bonita e atraente; assim, essa indicação é muito importante para mim.

O que nos leva a uma questão, que tenho visto nos últimos dias: os blogueiros concorrem entre si? Ninguém me perguntou nada; mas, como dizia minha avó, vou meter a minha colher torta no assunto e dizer o que acho.

Acredito que não concorremos; muito ao contrário, nos complementamos. Há blogs sobre todos os assuntos, para todos os gostos. Através dos blogs, nós informamos, divertimos, fazemos sonhar e até consolamos.

Somos uma espécie de mídia mundial, variada e interativa, composta de pessoas inteligentes e livres, escrevendo o que pensamos ou sentimos. Nós divulgamos nossas idéias; ou melhor, trocamos idéias.

Como pessoas inteligentes e livres, não “comemos pilha” de ninguém, ou seja: ninguém “faz a nossa cabeça”, ou subverte o que pensamos. Mas as novas idéias, que recebemos dos amigos, nos trazem novas perspectivas, ampliam os nossos horizontes, nos fazem crescer.

Neste sentido, interagimos para criar um mundo melhor; porque mudanças surgem de novas idéias. O sucesso das blogagens coletivas já mostra essa disposição de união, de ajuda, de trabalho conjunto, não de concorrência.

As premiações, como essa das “sete maravilhas”, são outra prova. São troféus, virtuais ou não, criados por blogueiros, espontaneamente, para homenagear outros blogueiros. Isso, me parece, é bem mais união que concorrência.

A verdade é que há (e muita!) vida inteligente na blogosfera. Aqui tenho conhecido pessoas sensíveis, cultas, inteligentes e que fazem das palavras as ferramentas para construir uma vida melhor.

Tenho dito, e não canso de repetir, que o Opiniaum tem uma freqüência privilegiada: os comentários que vocês fazem valorizam o nosso blog, e sempre aprendo algo com as suas postagens. Tenho crescido muito, com vocês.

Por isto, peço que todos dividam comigo este selinho e se considerem indicados: para mim, todos vocês são maravilhas que descobri na blogosfera. Sou grato a vocês.

Defensor, não se aborreça comigo, por ter fugido um pouco às regras do jogo. Agradeço de coração, por esta indicação que para mim já tem sabor de troféu: é bom saber que você tem de mim a mesma opinião que eu tenho de você.

Obrigado, amigo!


UPGRADE: Pessoal, como para confirmar as minhas palavras, mal coloquei no ar este post, recebi do amigo Ronald uma indicação para o Thinking Blogger (blogs que fazem pensar), este selinho aqui do lado. É ou não é amizade e não concorrência?
Esta é mais uma indicação que vale muito, para mim: o Ronald é outro dos amigos que me honram com a presença e escrevem muito bem, com coerência e discernimento. Para não repetir tudo que já escrevi, resta-me apenas reiterar que considero também este selo dividido com todos vocês, pedir desculpas ao Ronald pela não indicação de apenas 5, parabenizá-lo pela merecida indicação que recebeu e, aqui, sim, repetir para ele: é bom saber que você tem, de mim, a mesma opinião que eu tenho de você. Obrigado, amigo Ronald... de coração!