12.28.2005

DE NOVO: FELIZ ANO NOVO!


É... atravessamos mais um ano.

Um ano como todos os outros; em que se alternaram as tristezas e as alegrias, em nossa vida.

Um ano de vitórias e derrotas. Marcado, no setor político, pelas denúncias de corrupção. A corrupção, aliás, também não é novidade; mas é importante que esteja sendo trazida a público. Assim, quem sabe, aprenderemos a separar o joio do trigo, escolhendo os candidatos não por vantagens ou simpatias pessoais, mas pelo que poderão fazer pela comunidade, da qual fazemos parte.

Sonhos se transformaram em desilusões... das quais, por sua vez, brotaram novos sonhos. Porque a verdade é que precisamos dos sonhos, para suportar a vida; e das desilusões, para que não nos deixemos levar pelos sonhos. Diz a lenda que Isaac Newton cochilava sob uma macieira, quando uma maçã caiu sobre ele e o fez atentar para a gravidade; talvez até tenha sido, mas é inegável que ele precisou acordar, para formular a lei da gravitação universal.

Na mídia, surgem os videntes fazendo toda sorte de previsões... todas elas, do tipo “em cima do muro”: prevendo coisas genéricas, que todos sabemos que acontecem todos os anos. Delas, as mais engraçadas são sobre os famosos, que sempre terão “momentos difíceis, mas também oportunidades”. Não é isso que acontece a todos nós, famosos ou não?

Mas deixemos isso; hoje, não estou a fim de “dar pau” em ninguém. Porque, entre todos os rituais de fim de ano, existe um que sempre renova a minha fé na humanidade. Talvez o mais simples: o ato de desejar “Feliz Ano Novo”, àqueles de quem gostamos.

Parece bobagem, não é? Mas o fato é que todos os anos são iguais, trazendo-nos tristezas e alegrias. E, apesar de sabermos disto, somos capazes de encher-nos de esperanças, desejando de todo o coração “Feliz Ano Novo” e, pelo menos naquele momento, acreditando que o simples fim de um ano possa resolver as nossas dificuldades; acreditando que o novo ano será realmente melhor!

É essa ingenuidade, essa capacidade irracional de ter esperança, que me faz acreditar novamente na humanidade. E quero, agora, ter o prazer de dela compartilhar, para desejar a todos vocês, meus amigos e leitores, Feliz Ano Novo! Espero que continuemos juntos, divulgando e debatendo aqui as nossas opiniões.

DESEJO QUE 2006 SEJA UM ANO MELHOR, PARA TODOS NÓS!!!

12.21.2005

ESPECIAL DE NATAL - DEZ REAIS



Hoje, vou fugir ao estilo deste blog; senti vontade de contar um "causo" real que aconteceu comigo, há cerca de dois anos. Tenho certeza que os meus incontáveis (não porque são muitos, mas porque não conto os amigos) leitores me perdoarão; embora seja um caso banal, o que aconteceu no final é impressionante. Gosto de pensar que não foi coincidência.
Esta é, também, uma forma de desejar Feliz Natal a vocês; de agradecer pela companhia e dizer que peço a Deus um Ano Novo melhor, para todos nós!
Época de Natal.

Estou só, na rua. A solidão é uma presença quase palpável; tão real, que me parece ouvir o eco dos seus passos, junto aos meus, nas pedras da calçada.

Aperto, no bolso das calças, a nota de dez reais. É o meu único tesouro: tudo que me restou do salário, depois de pagar as contas. Na casa humilde, longe deste bairro da chamada “classe média alta”, o frango e o vinho barato já estão comprados; são petiscos especiais, para a noite de Natal. Não sei porque, uma parte de mim ainda acredita nesta época como um tempo de magia.

Na rua, há casas bonitas e edifícios enormes; todos decorados com luzes coloridas, que piscam sem cessar. Até as árvores dos jardins estão cobertas de lâmpadas; como se as estrelas descessem à terra, brilhando sobre o sonho do amor entre os homens, que um Nazareno sonhou há dois mil anos.

De algum lugar, vem o som de “Noite Feliz”: música suave, palavras lindas de amor e paz. Por um momento, quase acredito neste sonho.

Passo diante de um edifício muito alto, que se destaca entre os outros. O seu jardim parece um canteiro de estrelas, e toda a fachada está coberta de luzes. Nas varandas, nas janelas, brilham milhares de lâmpadas; como se quisessem anunciar ao mundo que o amor ainda existe, que podemos ser irmãos.

Entretanto, no topo do prédio existe uma área escura. Percebo, confusamente, o desenho de uma enorme estrela, sobre um grande letreiro; mas as lâmpadas estão apagadas, enquanto todo o resto do edifício resplandece de luzes e cores.

Levo a mão ao bolso da camisa, pego um cigarro. Noto que o maço está quase vazio, preciso comprar outro: uma séria baixa, na minha fortuna de dez reais.

Acendo o cigarro. E vejo uma mulher magra, pequena e mal vestida, sentada no chão, junto à entrada da garagem do prédio, com uma criança no colo; uma pequena trouxa humana, descobrindo os rigores da miséria.

Um carro pára em frente à garagem: grande, bonito, reluzente. Enquanto o portão se abre, a mulher estende a mão, num pedido de esmola. Mas o vidro da janela nem desce; o carro entra na garagem e o portão se fecha.

Fico por ali. E, mal termino o meu cigarro, vejo que o porteiro do prédio se encaminha para a pedinte; chamado, certamente, pelo motorista recém-chegado. Ou por algum outro morador, a quem incomodou a imagem da pobreza.

É um mulato alto e forte, o uniforme cuidadosamente engomado, bigode e cabelos bem aparados. Percebo todos estes detalhes, quando atravesso a rua; ouço as suas palavras rudes, enxotando a mulher, mandando-a procurar um albergue ou uma ponte.

Ele se cala, quando chego junto aos dois. Abaixo-me, seguro a mulher pelo cotovelo e faço com que se levante. Conduzo-a para atravessar a rua, com o andar vacilante que denuncia a fome e o cansaço.

Paramos em frente ao prédio. Olho o seu rosto sujo, desfeito, triste, macilento; percebo a mágoa e a descrença em seus olhos. E, num impulso, tiro do bolso a nota de dez reais e lhe entrego.

A surpresa e a alegria surgem em seu olhar. Ela me entrega a criança, enquanto procura guardar a inesperada fortuna num bolso do vestido rasgado. Seguro o pequenino contra meu peito.

Olho para cima e vejo o topo do prédio, agora iluminado pela enorme estrela, completamente acesa, brilhando sobre o letreiro: “FELIZ NATAL” !

12.18.2005

IMPERADORES DE MERDA


Também chamados ASPONES (Assessores de Porra Nenhuma); o nome é tão conhecido, que até virou programa da rede Globo. Mas não deve ter durado muito; esses caras não servem pra porra nenhuma, mesmo! Nem na TV eles emplacam.

São puxa-sacos, que colam em alguém que acham importante: político, empresário, alguma pessoa de sucesso. Sempre que podem, têm dois ou três celulares; disparam telefonemas o tempo todo, fazendo caras e bocas para demonstrar, a quem estiver por perto, que estão falando com figurões; que têm intimidade com o poder.

São verdadeiros capachos de quem estiver por cima deles; para compensar, pisam impiedosamente naqueles que ocupam cargos inferiores. Pode-se dizer que vivem de quatro, disponibilizando a bunda para os superiores e o bilau para os subalternos.

Dizem que vão resolver tudo, e não resolvem nada. Vivem sempre “ocupados”, no maior sufoco, sem tempo pra nada... e não fazem coisa nenhuma. Falam tanto, se exibem tanto, que não lhes sobra tempo para fazer algo produtivo. Para usar o velho ditado, “são mais realistas que o rei”; muitas vezes, se julgam mais importantes do que a própria pessoa que servem.

No âmbito brasileiro, o melhor exemplo desses merdas seria o Zé Dirceu. Sisudo e inalcançável, enquanto ministro forte; ignorando telefonemas e pedidos de deputados, sem dar retorno a nenhum deles.Depois sorridente, humilde, babando ovos a granel, apertando mãos e dando tapinhas nas costas, na frustrada tentativa de evitar a cassação; engolindo os mesmos sapos que tantas vezes enfiou pelas gargantas dos outros.

Eu, que trabalho com políticos, conheço muitos espécimes dessa fauna. Mas não é apenas na política que encontramos os ASPONES. Um deles pode ser a secretária, que não passa a sua ligação para o patrão; o funcionário do banco, que se nega a chamar o gerente; ou até mesmo a empregada doméstica, que insiste em que a patroa “tá dormindo”... embora já sejam 4 da tarde.

O ASPONE é aquele que atende o celular no cinema; que diz que o cheque do seu pagamento ainda não está pronto; ou que o “doutor” está muito ocupado, quando na verdade o filho da puta está é vendo sites de mulher pelada na Internet.

Ele pode ser ministro, assessor de político, gerente de puteiro, vendedor de loja; enfim, pode estar em qualquer lugar. O único traço comum é a idiotice.

Na certa, você conhece alguém assim...

12.06.2005

LICOR OU PURGANTE?


Leio, na Internet, que Marta Suplicy e Mercadante já se declararam candidatos ao governo de São Paulo.
A sensação é de "dejá vu"; lembram-se de quando o PT ficou com tantos candidatos à Presidência da Câmara dos Deputados? Pois é: vai ser mais ou menos por aí... o PT não está com cacife para eleger um candidato de consenso; imagine-se com dois brigando pelo cargo. Na Câmara, deu o Severino Mensalinho; em São Paulo, a briga vai facilitar muito pro candidato do Serra.
Acho que o Mercadante até teria alguma chance: é respeitado como administrador competente e político sério. Já a Marta, bem a Marta... há muito tempo não está com essa bola toda.
Cada vez mais, acho que o pessoal do PT se embriagou com o poder... e que este licor tem efeito purgativo. Só assim se explicam as seguidas cagadas do antigo partido da estrelinha, onde hoje em dia todo mundo quer ser estrela...

12.02.2005

ENTRE A BENGALA E A VASSOURA


Pois é... o Zé Dirceu saiu do Congresso, debaixo de muitas bengaladas. As do senhor anônimo devem ter doído muito menos que as dos colegas, que aprovaram a sua cassação; injusta, aliás, pelo motivo alegado.

Não morro de amores pelo Zé Dirceu; acredito que ele tenha feito diversas coisas que justificariam uma cassação. Mas... por quebra de ética parlamentar?! O Dirceu não atuou como parlamentar, mas como ministro. Como poderia ter quebrado a dita cuja?!

Tenebrosa, aliás, essa questão da ética parlamentar. Na minha ignorância, acho que ela só tem dois mandamentos: o primeiro é não ser apanhado com o roubo na mão, e o segundo é não falar mal das outras excelências, nem tascar a mão na cara delas (em público, é claro!). Mas, como isto é assunto para outro comentário, voltemos ao bem-galado, oops, bengalado Dirceu.


Preciso admitir: o velho guerrilheiro mostrou que continua a ter coragem e a ser bom de briga. Encarou o processo e engoliu muitos sapos (inclusive o barbudo que engasgou o Brizola, lembram-se?); deu tapinhas nas costas de muitos deputados, que antes só queria ver pelas costas... enfim, fez o que pôde; lutou com as armas que possuía. Caiu, mas caiu de pé. Merece a nossa admiração; foi mais homem do que muitos dos salafrários que o cassaram.

Porque, repito, essa cassação não foi justa; nem ao menos legal. Foi uma cassação política, nada mais. Os nobres parlamentares sabem que o populacho, açulado pela mídia, quer sangue. E quando o povo, o eterno enrabado, resolve enrabar alguém, os políticos se apressam a botar o cu do colega na reta, para livrar o seu próprio.

O Dirceu foi o primeiro grande a cair. É verdade que antes dele foram o Delúbio, o Silvinho e o careca Valério; mas nenhum deles era político, apenas eminências pardas, desconhecidas do povão. Também, nenhum dos deputados que caíram era realmente significativo, íntimo do poder, como o Zé Dirceu: ele, sim, foi o boi de piranha ideal para o momento.

O Zé Dirceu não é nenhum santo; mas tem uma história de vida que ajudou a escrever a história do Brasil e merece o nosso respeito. Pelo que fez nos últimos anos, mereceria, talvez, a cassação e até a prisão; mas não pelo motivo alegado. Criticar um homem por seus erros, não significa negar os seus acertos; nem ignorar os seus direitos.
O Lula de hoje, que só fala em dar empregos na época de eleição, foi realmente um grande líder sindical e a sua luta beneficiou muitos operários. O problema é que ele não combina com ternos Armani e aviões; o verdadeiro Lula, o melhor Lula, era aquele de macacão e barba mal cuidada, que tomava (anonimamente) a sua cachacinha e brigava pelos direitos dos pobres.

O Dirceu, que resistiu à lei seca da ditadura, não soube resistir ao doce licor do sucesso. Embriagou-se de poder, como quase todos os integrantes do PT; mas deu o azar de beber demais e mijar em muitas excelências. Pagou por este pecado; foi transformado na estátua símbolo da corrupção, para que os pombos, perdão, os congressistas tivessem a chance de cagar em sua cabeça.

O Zé Dirceu levou as bengaladas, antes que pudesse alcançar a vassoura e escapar voando. Porque, ninguém se engane, estamos vivendo dias de caça às bruxas; a corrupção é tão generalizada, que qualquer político se torna suspeito. O Dirceu foi o primeiro bruxo mestre a ser abatido.

E ninguém me tira da cabeça que o próximo alvo é o Palocci
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